Opinião
A grandeza de Sérgio Faraco
A grandeza de Sérgio Faraco
De ADELI SELL*
Não é por se tratar de um veterano, de um autor com várias publicações, é porque em qualquer tempo de sua trajetória, o texto é sempre um primor estético, de conteúdo, onde se desvenda a alma de nosso povo.
Em seu Viva o Alegrete! Histórias da fronteira temos a captura cinematográfica do alegretense que sabe provocar o outro, sendo este de Uruguaiana nem se fala. Lançado em 2001 pela L&PM, o autor nos brinda com uma Memória da alma do Alegrete e suas figuras. Nada falta, tudo está ali, em especial o que se escondia, o que se esqueceu, o que seria esquecido, uma busca de Memória ímpar.
São causos contados de forma traquejada, com doses de humor, ironia, numa busca do que se passa na alma daquele de quem se fala.
Dançar tango em Porto Alegre é uma sacada editorial, pois quem vai adquirir um exemplar que já vem de 1998 pode pensar que são “relatos” da capital, mas não. É um verdadeiro livro fronteiriço. Tem o Hotel Majestic que, é claro, se passa parte na Rua da Praia; este Dançar é o caminho da banda Oeste em direção à capital, com a possibilidade de um “tango” na capital. Na época era possível, por isso também tem aquelas marcas que só o Sérgio Faraco sabe emplacar nas lembranças do passado. Hoje seria talvez um “Blues em Porto alegre” como quer o poema do Pedro Gonzaga.
Neste Dançar temos trechos, pequenas frases, como coisas que não falam tudo, deixam subentendidos, sugerem. Nele tem a morte, tem casos tristes e até macabros, mas tem o amor que se expressa em negaceios e atos furtivos, mas que parecem eternos pela profundidade com que os amantes se tocam.
Aqui não é uma resenha, é uma espécie de “reclame” para que leiam o maior autor vivo de nossa Literatura.
*Escritor, professor e bacharel em Direito.
Imagem: reprodução da capa do livro de Faraco.
As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.
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