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A Enchente e a Falência do Modelo Neoliberal em Porto Alegre

A Enchente e a Falência do Modelo Neoliberal em Porto Alegre

Artigo por RED
25/07/2024 19:22 • Atualizado em 25/07/2024 19:27
A Enchente e a Falência do Modelo Neoliberal em Porto Alegre

Por ILTON FREITAS*

Vamos direto ao ponto. O bloco neoliberal e bolsonarista liderado pelo prefeito Melo do MDB, no início do ano reunia certas condições para emplacar a reeleição para o governo municipal. A prefeitura era bem avaliada pelos setores médios e se vendia como a pedra de toque da modernidade com os empreendimentos no quarto distrito, abrangendo os bairros Floresta e São Geraldo. Com sua agenda neoliberal de estado mínimo e de demonização do setor público desinvestiram conscientemente na manutenção da cidade, privilegiaram as grandes empreiteiras e grupos econômicos às expensas do meio ambiente, privatizaram empresas públicas importantes como a CARRIS de transporte urbano, e se preparavam para vender o DMAE, a autarquia responsável pelo abastecimento, saneamento e drenagem de água.  No auge do delírio neoliberal e nos marcos do projeto de privatização do Cais do Porto, o prefeito Melo e seu comparsa ideológico o governador Leite (PSDB) defenderam a destruição do muro da Avenida Mauá em troca de um sistema mais “eficiente” de contenção de uma eventual inundação.

Porto Alegre (RS), 3/05/2024 – CHUVAS – ENCHENTES – Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Pois bem, tudo seguia mais ou menos em acordo com os planos privatistas de Melo e cia. No entanto, não que tenham sido pegos de surpresa, o governo municipal teve que manejar as enchentes de maio e seu séquito de destruição que se abateu sobre pelo menos a terça parte da cidade.  De certo modo a enchente do rio/lago Guaíba estilhaçou o modelo neoliberal que governa a cidade desde 2005 (houve um certo interregno com o prefeito Fortunati entre 2013 e 2016, na época do PDT). As cheias do Guaíba demonstraram que um modelo radicado na especulação imobiliária desenfreada, no desinvestimento estatal, no extermínio das funções públicas do estado (caso do DEP) e do negacionismo climático não possuem nem presente, mas muito menos o futuro.

Por seu turno na memória coletiva de uma cidade de um milhão e quatrocentos mil habitantes, difícil será isentar de responsabilidades o prefeito e sua trupe de neoliberais e bolsonaristas pela destruição parcial e as consequências habitacionais e econômicas de pelo menos a terça parte do município. Estou falando dos efeitos funestos da enchente nos bairros Menino Deus, Praia de Belas, o Centro Histórico, dos bairros São Geraldo, Humaitá, Sarandi, mais o extremo sul, Guarujá, etc. Não se exagera quando se afirma que a eleição em Porto Alegre será monotemática, ou seja, a enchente e o fracasso administrativo da prefeitura. Fracasso mais do que evidenciado na incompetência em manter e de fazer funcionar um sistema bem desenhado de prevenção de enchentes com o muro da avenida Mauá, os diques de contenção e os equipamentos de drenagem como as casas de bombas, condutos, etc. Esse misto de incompetência e descalabro administrativo foi carimbado na testa do prefeito e dos paspalhos diretores do DMAE e secretários. Portanto, em consideração as características dos pleitos municipais que priorizam as questões paroquiais, a enchente, suas trágicas consequências e o fracasso administrativo de Melo ocupará o centro do debate político/eleitoral.

A tarefa da oposição de esquerda (PT/PSOL/PCdoB e aliados) liderada pela pré-candidata, a deputada federal Maria do Rosário (PT), consistirá em demonstrar a estreita vinculação da falência administrativa da prefeitura por ocasião da enchente, com o modelo neoliberal de desinvestimento estatal, absurda negligencia na manutenção dos equipamentos públicos, ausência de prevenção e com o negacionismo climático. Além de denunciar a incompetência intencional do prefeito Melo, a oposição popular deverá demonstrar aos eleitores porto-alegrenses as ações de reconstrução e de auxílio do governo do presidente Lula, sobretudo para aquelas pessoas que perderam tragicamente seus bens e que se viram afetadas material e moralmente com a inundação dos bairros, residências e demais dissabores ocasionados pela enchente. No fundamental é preciso demonstrar que o desastre ambiental se ampliou monstruosamente em nosso município, por conta de um modelo neoliberal/bolsonarista que faliu e contribuiu para a inaudita destruição de bairros populares e de classe média. E, no sentido inverso, ao fim e ao cabo foi o estado através das ações e programas do presidente Lula, é que está na vanguarda da reconstrução do município e no auxílio indispensável aos cidadãos direta e indiretamente vitimados pela catástrofe climática.

*Ilton Freitas, doutor em Ciência Política/UFRGS

Foto da capa: Juliano Verardi – Enchente em Porto Alegre/RS, Bairro Praia de Belas, Orla do Guaíba e Bairro Menino Deus – julianoverardi.com

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