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2025 já é 2026

2025 já é 2026

Artigo por RED
02/01/2025 18:00 • Atualizado em 02/01/2025 13:47
2025 já é 2026

Por MARCO PIVA*

Então, cabe a Lula dar um cavalo de pau e mostrar que seu projeto não é apenas um revival de boas práticas públicas.

Os movimentos do mercado e as manobras do Congresso no último mês do ano mostraram que a campanha eleitoral de 2026 já começou. E o candidato a ser derrotado é Lula. A dúvida é quem vai disputar contra ele no campo do centro, centro-direita, direita e extrema-direita. Coloco assim porque não resta dúvida que o presidente é um estorvo para o andamento do projeto privatista que vê no Estado o seu maior obstáculo. Não é por outro motivo que tem se observado um intenso ataque às estatais, vocalizado principalmente pelos jornais que restaram do que outrora se auto reivindicava “grande imprensa”. A manipulação em torno do desempenho das empresas públicas é simplesmente vergonhoso. Talvez, mais do que isso: é desonesto na medida que usa métricas falsas de avaliação. Tais críticos não passariam na prova de matemática básica.

O ataque contra as estatais se insere nos movimentos citados no primeiro parágrafo (mercado e legislativo). Fazem parte de um combo anti-Lula. Por mais que o governo possa alardear que fez muito ao resgatar políticas públicas fundamentais para a população mais pobre, a percepção captada nas pesquisas de opinião é que pouco se fez em dois anos.

Daí que o cenário que se apresenta em 2025 se assemelha à preparação de um campo de batalha para uma guerra anunciada. E essa guerra tem nome: a eleição de 2026, embora ainda falte o nome do general que comandará  operação.

Lula não tem alternativa. Terá que suportar as dificuldades naturais da idade e do jogo político que atualmente não lhe favorece. A base de apoio é minoritária e incipiente, deixando o Congresso livre para alimentar a ideia de um impeachment, embora a tese sirva mais como ameaça do que um passo viável.

Muitos se perguntam como pode o governo não sair do seu um terço de apoio se a economia vai bem, com baixo índice de desemprego, PIB robusto e renda em boa performance, o que favorece o consumo? A resposta é simples e complexa.

Lula tem boa popularidade, mas o governo, não. O governo liderado por Lula não colabora com Lula. Mesmo o Ministério da Saúde, que deveria ser um natural contraponto à tragédia que foi a administração anterior, apresenta dificuldades básicas como a gestão do estoque de vacinas e a regularização na oferta de exames.

Então, cabe a Lula dar um cavalo de pau e mostrar que seu projeto não é apenas um revival de boas práticas públicas. Ele deve ir além e apresentar um projeto de desenvolvimento que seja compreensível para o conjunto da população. Somente com expressivo apoio popular, o presidente poderá escapar da armadilha que o mercado financeiro e a maioria do Congresso impõe a cada dia, com medidas que sufocam o investimento produtivo e alimentam a ideia de um governo sem rumo e fraco.

Lula é o maior dos líderes políticos brasileiros vivos. Sua história de vida é a força de sua popularidade. Seus governos I e II mudaram a face e a cor do país. Nunca o Brasil havia obtido reconhecimento internacional à altura de uma superpotência mesmo sem sê-la.

Só que agora a história é outra e muito mais complicada. Não se trata de um problema de comunicação como alguns insistem em dizer visando, quem sabe, uma oportunidade de trabalho. A dificuldade é política, arte na qual Lula se especializou com PhD. Porém, o melhor aluno da classe parece cansado e sem muito humor para enfrentar a prova de fogo. Tirar 10 em 2026 não será fácil.

 

 

*Marco Piva é jornalista e editor-chefe dos canais de Youtube China Global News e O Planeta Azul.

Foto de capa: Ricardo Stuckert

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