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Os primeiros da fila do trabalho, os últimos na fila da comida

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Os primeiros da fila do trabalho, os últimos na fila da comida
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De LEONARDO MELGAREJO* Há alguns anos recebi alta em grupo de terapia orientado por psicóloga adepta da Análise Transacional. Basicamente, ela me fez ver que eu repetia processos comportamentais em relações sociais que se assemelhavam a jogos infantis. Oscilando de forma inconsciente entre as posições de vítima, salvador ou perseguidor, eu marchava de relacionamento a relacionamento, num padrão repetitivo em termos de conteúdo, independente da época, do ambiente ou das situações. Triangulações, onde eu acabava me anulando para cumprir as regras de enredos pré-existentes, onde os papéis acabavam me nublando a consciência, impedindo a autocrítica, orientando ações e alimentando um sentimento de irresponsabilidade efetiva, em troca de compensações emocionais literalmente vergonhosas. Em poucas palavras: alienação autoestimulada. No mais simples dos casos, ali estava a satisfação de me pensar “ajudando” alguém, enquanto na verdade só contribuía para ampliar a inconsciência e a dependência de outras pessoas envolvidas no mesmo jogo. Como na piada do masoquista que dizia “me bate” para um sádico que respondia “bato não”, pode parecer que a simples consciência de estar metido em um jogo de estrutura repetitiva, deveria bastar para desmontar o drama. Mas não é assim. Pelo menos não foi assim comigo. Sem o apoio, sem as perguntas orientadoras, sem o acompanhamento de uma leitura externa, responsável e independente, eu não estaria aqui, agora, me atrevendo a escrever este texto. O fato é que ajudado a enxergar relação entre os vícios que oferecem facilidades ilusórias e os erros que impedem o crescimento, aprendi muito. Ganhei em autonomia. De cara, aprendi que precisamos reconhecer quando precisamos de ajuda, e aceitar ajuda, para que ela tenha serventia quando se fizer disponível. Também aprendi que depois daquele primeiro momento, no qual todo empurrãozinho faz enorme diferença, quando já se sabe que não é possível avançar sozinho, fica mais fácil escolher com quem queremos seguir adiante, e em que rumo. Por isso, mesmo ciente de que a simplificação daquele primeiro parágrafo não dá conta da complexidade das relações que vivenciamos, a imagem me serve para afirmar que muitas vezes precisamos de um olhar “de fora”, para nos percebermos enredados em armadilhas e nos desvencilharmos de papéis e roteiros que nos apequenam. Com orientação adequada, aquela “visão externa” pode inclusive vir de nós mesmos. Ou de algum texto, de alguma palavra ou, principalmente, de atitudes que identificamos como corretas e que nos cobram respeito, atenção e emulação. No fundo, o importante é o método. E ele passa pela autocrítica, que exige maturidade para aceitação de críticas e que envolve atenção a perguntas honestas (venham de onde vierem, em palavras, olhares ou gestos) daquele tipo que as crianças costumam fazer (O quê? Por quê?), gradativamente complementadas por temas de gente adulta, de gente comprometida/preocupada com o que faz, ou deixa de fazer, e com o “para onde” isso nos conduz, a todos. E convenhamos, basta olhar em volta para enxergar que o descaso coletivo a este tipo de indagações está acabando com o paraíso na terra. Resulta disso que somos milhões trabalhando de orelha murcha e rabo entre as pernas, para sustentar os excessos de poucos, que em desperdícios irresponsáveis, estão destruindo as bases do metabolismo vital de Gaia, nossa casa comum. Repetindo:  milhões sofrendo calados, de diferentes formas e sob amplas precariedades, para manutenção do prazer e delícias de alguns, até que chegue o fim de tudo, para todos. Por quê? Ao buscar respostas percebemos que aqueles beneficiados pela generalização da miséria estão sendo protegidos por justificativas enganosas, que aceitamos porque nelas fomos treinados a acreditar. Cumprindo roteiros, deixamos de ver que estamos enredados por artimanhas que obscurecem nossa leitura de realidade, que envolvem a captura da democracia por interesses “do mercado” e que articulam bandos de criminosos que tanto nos seduzem com agrados como nos ameaçam com o uso impune da violência e outras simbologias paralisantes. Mas sendo isso óbvio, aqui me interessa mais comentar o fato que tudo isso tem a ver com aceitarmos a imposição de papéis/categorias que se ajustam àquelas justificativas e que aí estão para garantir proteção aos interesses que nos abafam. Estamos evitando perceber que elas, as categorizações, operam na forma de enunciados que apontam como “defeitos” as diferenças que nos fazem únicos, retirando dali argumentos que nos ‘‘desqualificam” e com isso fortalecendo a manutenção de uma realidade que nos oprime. Me refiro a enunciados que nos diminuem, que nos separam, que nos dividem em grupos de seres desvalorizados em permanente luta fratricida, por migalhas de um reconhecimento que já perdemos de vista: esquecemos que na luta de classes, sendo trabalhadores, somos iguais. Afinal, estamos juntos no barco da história porque somos aqueles com pouca voz, com pouca grana, com pouca vez. Aceitando os rótulos que nos separam pela cor da pele, pelo gênero, pela opção sexual, pelo peso, pela altura, pelas crenças, pelo acesso a sapatos e bolsas, pelo que podemos comprar para comer ou pelos espaços que frequentamos, validamos as hierarquias que nos desmontam como classe e que assim nos mantém alijados de tudo que podemos ser. Desta forma, até mesmo causas identitárias e outras formas de reconhecimento efetivamente importantes se erguem como muros que nos dividem e que impedem o enfrentamento da verdade original: somos todos/as vítimas de um sistema que nos separa em castas para inviabilizar alianças que permitam mudar a correlação de forças que nos esfarela, aos milhões, geração pós geração. E é com esta visão que passo a recomendar um texto que, pessoalmente, está me servindo tão bem, para abrir os olhos e a mente, quanto aqueles esclarecimentos de que tratei no primeiro parágrafo. Na Conferência Dilemas da Humanidade (África do Sul, 14 a 18 de outubro de 2023), João Pedro Stédile destaca em Os Desafios das Forças Populares, a necessidade de revigorarmos trabalhos de base aplicados à emancipação da classe trabalhadora. Isso porque, se não o fizermos, qualquer solução eleitoral resultará enganosa, entronando governantes incapazes de realizar mudanças significativas naquilo que mais interessa. Para tanto, além de mudanças de atitude individual e de formas de organização social, se fará necessário articular ações de massa com elementos de arte e cultura que operem ao nível das motivações espirituais e afetivas. Para que isso tenha sucesso, se faz indispensável o envolvimento unificado de mulheres e dos jovens, o que exige abertura de espaços para aqueles/as que carregam a ousadia destes tempos. Converge com isso a necessidade de socialização de conhecimentos com foco na luta ideológica, tendo em conta que é na solidariedade que se alimenta a principal força histórica dos povos. Neste sentido, elementos de formação devem incluir debates sobre a questão da Palestina, da crise ambiental, de todas as formas de discriminação e racismo, da defesa dos bens coletivos e outras tantas necessidades urgentes e aglutinadoras, como elementos fundantes da grande causa comum: a luta contra o sistema que se perpetua com nossa alienação e acomodação naqueles papéis onde nos encolhemos, cooptados, usufruindo do que nos parece ser o que de melhor poderemos ter numa vida sem futuro. Ao concluir, Stédile referiu a importância dos pequenos gestos e a força pedagógica contida no exemplo daqueles e aquelas que se colocam como primeiros na fila do trabalho e últimos na fila da comida. De fato, na luta de classes que conduz as relações humanas, alguns despertam mais cedo para os compromissos que definem quem somos e quão comprometidos poderemos vir a ser, para ajudar na construção de coisas efetivamente grandes, capazes de contribuir para ampliação dos caminhos que levam à emancipação humana. *Engenheiro Agrônomo, mestre em Economia Rural e doutor em Engenharia de Produção. Foi representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário na CTNBio  e presidente da AGAPAN. Faz parte da coordenação do Fórum Gaúcho de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e é colaborador da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida, do Movimento Ciência Cidadã e da UCSNAL. Imagem em Pixabay. Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para [email protected] . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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A insistência pelo austericídio

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A insistência pelo austericídio
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De PAULO KLIASS* Ao que tudo parece indicar, os responsáveis pela área econômica do governo Lula 3.0 continuam habitando espaços muito distantes do país chamado Brasil. Mais do que isso, seu comportamento é típico de gente que passou décadas em alguma ilha perdida no oceano, sem ter conseguido manter contato com as novidades incorporadas pelo avanço civilizatório ocorrido durante o isolamento. A se levar em conta as declarações que têm sido veiculadas por ocupantes de cargos de segundo escalão dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento, as próximas decisões do governo para a política fiscal são bastante preocupantes. Os primeiros passos rumo ao abismo começaram a ser dados ainda antes da posse do novo governo. Logo que ficou confirmada derrota de Bolsonaro no pleito de outubro do ano passado, o futuro Ministro da Fazenda começou a articular a chamada PEC da Transição. Com o argumento razoável de que a nova equipe precisaria de um orçamento compatível com os programas apresentados à sociedade na campanha eleitoral, Haddad preparou a alteração que foi promulgada sob a forma da Emenda Constitucional nº 126. No entanto, o documento não promoveu a necessária simples revogação do teto de gastos. Pelo texto aprovado, o teto só deixaria de ter validade no momento em que o Congresso Nacional aprovasse uma lei complementar estabelecendo um novo arcabouço fiscal. Assim, esse foi o gatilho para a aprovação da LC nº200/23, que manteve as características essenciais da austeridade fiscal, porém apresentando uma roupagem um pouco mais flexível do que a rigidez absoluta dos 20 anos de congelamento de despesas previsto nas regras do teto de gastos. Com o intuito de recolher sugestões para a elaboração do projeto de substituição do instrumento da austeridade máxima, o principal responsável pela política econômica conversou apenas com o bolsonarista ocupando a presidência do Banco Central (BC) e com alguns dirigentes de instituições financeiras privadas. O resultado foi um dispositivo que manteve o espírito ortodoxo da austeridade fiscal, com mecanismos que apontam para necessidade de redução do Estado e para a transferência de políticas públicas para o setor privado. Haddad e a inexplicável saga da austeridade. Para completar o quadro da tragédia anunciada, Haddad decidiu que o governo deveria se comprometer com uma meta de equilíbrio fiscal primário para o ano que vem. Considerando que o resultado das contas governamentais para 2023 deve encerrar o ano com um déficit primário superior a R$ 200 bilhões, há um enorme risco em se promover esse verdadeiro cavalo de pau na política fiscal na virada para 2024. O Ministro da Fazenda convenceu o Presidente da República a respeito de tal estratégia. Assim, o Projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2024 encaminhado ao Congresso Nacional pelo Executivo conta com um artigo que pode representar uma grave armadilha para o governo durante a execução orçamentária ao longo do próximo ano. O dispositivo revela o incompreensível desejo de manter a austeridade absoluta em um exercício fiscal que aponta para necessidade de elevação de despesas públicas e dos investimentos do Estado. (...) “Art. 2º A elaboração e a aprovação do Projeto de Lei Orçamentária de 2024 e a execução da respectiva Lei deverão ser compatíveis com a meta de resultado primário de R$ 0,00 (zero real) para os Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social, conforme demonstrado no Anexo de Metas Fiscais constante do Anexo IV a esta Lei.” (...) [GN] Ao apontar para o desejo de inviabilizar a realização de gastos fundamentais para atender às demandas tão características de um ano em que serão realizadas eleições em cada um dos 5.571 municípios do País, o Ministro da Fazenda apenas procrastina as dificuldades políticas para obter algum grau de flexibilização na execução do orçamento federal em 2024. Na verdade, existe uma espécie de consenso entre os principais agentes políticos e econômicos quanto ao irrealismo da meta. A insistência de Haddad com a tese se aproxima de uma obstinação pela condução austericida da política econômica. Afinal, não existe nenhum argumento no campo da racionalidade para justificar a perseguição de tal objetivo. Riscos elevados para saúde e educação. O problema é que a manutenção de tal dispositivo na LDO não resolve apenas os problemas da consciência e do bom mocismo do chefe da economia. A contenção das despesas públicas implícita na meta de “zerar o déficit” certamente vai criar outras dificuldades para Lula cumprir com suas promessas de campanha. Ao invés de conseguir instrumentos para realizar o sonho de “fazer 40 anos em 4”, o Presidente é bem capaz de se ver em meio a um pesadelo de retirar as garantias constitucionais dos pisos para as despesas de saúde e de educação. Afinal, esse era o desejo não realizado de figuras ultraconservadoras como Henrique Meirelles e Paulo Guedes, que passaram pelo comando da economia depois do golpe contra Dilma Rousseff. Caso Lula mude de opinião ainda a tempo de apresentar uma emenda ao Projeto da LDO antes da votação da matéria agora em dezembro, o cenário para 2024 pode ficar um pouco menos tenso. Para tanto, bastaria reconhecer a necessidade de um déficit primário de 1% do PIB, por exemplo. O governo não estaria cometendo nenhuma “irresponsabilidade” com esta simples declaração de intenções, ao contrário do que afirmam os “especialistas” a mando do financismo, que tentam enganar a opinião pública a esse respeito. Apresentar déficit primário não é nenhuma heresia. Aliás, essa é a realidade das contas públicas atualmente na grande maioria dos países ditos desenvolvidos. No entanto, o que se vê na grande imprensa são declarações de integrantes da área econômica apontando para a necessidade de o atual governo encaminhar medidas visando a reduzir a obrigatoriedade de cumprimento dos mínimos que a Constituição estabelece os gastos com educação e saúde. Uma loucura! Tanto o ocupante da Secretaria do Tesouro Nacional (vinculada ao Ministério da Fazenda) quanto o titular da Secretaria do Orçamento Federal (da estrutura do Ministério do Planejamento) já se manifestaram diversas vezes a esse respeito. A cartada mais recente foi uma consulta formal encaminhada pelo governo ao Tribunal de Contas da União (TCU) solicitando autorização para que as regras dos mínimos de 15% e 18% sejam aplicadas  à saúde e à educação, respectivamente, apenas a partir de 2024. A última palavra é de Lula. Tendo em vista a elevada sensibilidade suscitada pelo tema, nem Fernando Haddad nem Simone Tebet ousaram se manifestar publicamente sobre a retirada de tais pisos. No entanto, o silêncio dos ministros não significa que as áreas de cada uma das pastas estejam aguardando alguma orientação superior para agir. Na verdade, a tecnocracia parece estar trabalhando com o cenário em que os mencionados pisos serão efetivamente quebrados e as despesas das áreas tão essenciais para as políticas públicas serão ainda mais reduzidas em 2024. Lula já foi advertido dos riscos políticos e econômicos envolvidos na continuidade de tal estratégia austericida. No entanto, até o presente o Presidente da República tem oferecido sinais públicos contraditórios a esse respeito. Em uma ocasião, durante um café da manhã com jornalistas, ele afirmou que o governo “dificilmente” conseguiria atingir a meta de déficit fiscal equilibrado no ano que vem. No entanto, dias depois, em reunião com Ministros, ele descartou apresentar uma emenda para definir o resultado fiscal primário como deficitário em 2024. O tabuleiro está montado e as posições das peças estão definidas. Cabe a Lula estabelecer a vontade do governo e evitar que o seu governo inicie o ano com uma perigosa aventura pela trilha da austeridade extremada e desnecessária. *Doutor em economia e membro da carreira de Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental do governo federal. Imagem em Pixabay. Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para [email protected] . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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Sinfonia sinistra dos assuntos externos de Kissinger

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Sinfonia sinistra dos assuntos externos de Kissinger
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De ALEXANDRE CRUZ* Henry Kissinger, um nome sinônimo de diplomacia e relações internacionais, deixou uma marca indelével no cenário mundial. Celebrado por alguns como um estrategista habilidoso e agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 1973, o legado de Kissinger é, no entanto, um tecido entrelaçado com fios de controvérsia e crítica. Um dos capítulos mais polêmicos na carreira de Kissinger foi seu envolvimento no golpe de 1973 no Chile, que depôs o governo democraticamente eleito de Salvador Allende. Críticos argumentam que Kissinger desempenhou um papel crucial na orquestração desse tumulto político, deixando uma mancha duradoura em seu registro diplomático. As implicações de suas ações ainda são sentidas no Chile hoje, à medida que as feridas desse período tumultuado continuam a moldar o cenário político da Nação. Ainda mais alarmantes são as alegações em torno do aconselhamento de Kissinger à ditadura argentina em 1976. Relatos sugerem que ele recomendou uma abordagem implacável, encorajando o regime a realizar execuções em massa como meio de consolidar o poder. O apoio de Kissinger a regimes autoritários na América Latina se estendeu ao Brasil, onde ele abertamente acolheu a ditadura militar que governou o país de 1964 a 1985.  O nome de Henri Kissinger está profundamente ligado a um dos períodos mais sombrios da história latino-americana: a Operação Condor. Este episódio, muitas vezes esquecido nos relatos sobre a carreira de Kissinger, adiciona uma camada adicional de preocupação ao legado do ex-secretário de Estado dos Estados Unidos. A Operação Condor foi uma aliança clandestina entre as ditaduras militares de vários países da América Latina, incluindo Argentina, Brasil, Chile, Uruguai, Paraguai e outros, que buscavam coordenar esforços para reprimir opositores políticos. Esta sinistra colaboração, que se desenrolou durante as décadas de 1970 e 1980, resultou em perseguições, torturas e execuções de milhares de pessoas. Kissinger é frequentemente apontado como um dos arquitetos intelectuais por trás da Operação Condor, fornecendo apoio e incentivo às ditaduras participantes. Seu suposto papel nesse esquema sinistro adiciona uma dimensão adicional à sua já controversa trajetória política. Ao analisar os documentos desclassificados e depoimentos de testemunhas, alguns argumentam que Henry Kissinger desempenhou um papel ativo na promoção da cooperação entre os regimes autoritários. Seja por meio de reuniões secretas ou comunicações discretas, ele é acusado de incentivar uma sinergia brutal entre os países participantes da Operação Condor. O resultado desse conluio foi uma escalada significativa na repressão política, marcada pelo sequestro e assassinato de opositores políticos em diferentes nações sul-americanas. Essa operação clandestina deixou um legado de trauma e dor, cujas cicatrizes ainda são visíveis nas sociedades afetadas. Incluir a Operação Condor na análise crítica de Kissinger revela uma faceta ainda mais sombria de sua influência na política externa. Enquanto ele é elogiado por sua habilidade diplomática, não podemos ignorar as consequências devastadoras de suas estratégias geopolíticas. Este capítulo sinistro não apenas aprofunda as críticas sobre a ética de Kissinger, mas também destaca a importância de questionar a impunidade de figuras que, sob o véu da diplomacia, podem ter desempenhado papéis cruciais em eventos que afetaram negativamente a vida de tantos. A Operação Condor permanece como uma lembrança sombria de que, por trás de fachadas elegantes e prêmios nobres, podem residir segredos obscuros que merecem escrutínio minucioso. Críticos argumentam que a abordagem realista de Kissinger, embora pragmática, muitas vezes priorizava ganhos a curto prazo em detrimento da estabilidade de longo prazo e considerações éticas. O aparente desrespeito pelo custo humano de suas recomendações levanta questões sobre a verdadeira natureza de seu comprometimento com a harmonia global. Em conclusão, o legado de Henry Kissinger é de contradição e controvérsia. Enquanto alguns admiram sua sagacidade estratégica, outros não conseguem ignorar as consequências de seus conselhos e ações. A elegante fachada de finesse diplomática, coroada por um Prêmio Nobel da Paz, obscurece uma realidade mais sombria que exige escrutínio e reflexão. Ao desmembrarmos as camadas da carreira de Kissinger, devemos confrontar as verdades desconfortáveis que desafiam a essência dos ideais que ele supostamente defendeu. *Jornalista. Imagem em Pixabay. Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para [email protected] . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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