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Queda dos muros da impunidade: um novo capítulo na história de Marielle Franco

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Queda dos muros da impunidade: um novo capítulo na história de Marielle Franco
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De ALEXANDRE CRUZ* No último domingo, o Brasil testemunhou um dos desfechos mais marcantes na investigação do brutal assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes. As sombras que pairavam sobre este caso foram, enfim, iluminadas pela polícia federal, revelando uma trama complexa e sombria que ecoa os mais profundos vícios da política, da polícia e das milícias no Rio de Janeiro. O desenrolar das investigações nos conduz a uma conclusão inquietante: a execução de Marielle Franco não foi apenas um crime hediondo, mas um ato político calculado, uma retaliação cruel por sua coragem em enfrentar os poderes estabelecidos. A motivação para o crime, segundo as investigações, foi a atuação de Marielle na defesa dos direitos humanos e seu voto contra o projeto de lei de regularização fundiária, que beneficiava grileiros e milicianos. A prisão dos mandantes deste crime não apenas traz um senso de justiça para Mariele Franco e sua família, mas também abre as portas para um novo capítulo na política brasileira. A relação entre os autores intelectuais com o então presidente Bolsonaro, incluindo a concessão de passaportes diplomáticos, coloca em xeque a lisura daquele governo. O delegado responsável pela investigação inicial do caso, Rivaldo Barbosa, um dos arquitetos do assassinato, foi indicado pelo general Braga Neto, vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro em 2018. Essa revelação reforça as suspeitas de conivência entre o governo  Bolsonaro e as milícias. Este desfecho não apenas agita o tabuleiro político, mas também eleva a visibilidade do PSOL, especialmente com Guilherme Boulos candidato à prefeitura de São Paulo. A militância negra encontra renovada energia, enquanto figuras como o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil), mais o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Domingos Brazão e o delegado da polícia civil, Rivaldo Barbosa, deverão enfrentar pedidos de cassação e expulsão. Além disso, a prisão dos responsáveis deixa claro que a extrema direita opera em todas as esferas da sociedade, incluindo a política e até mesmo as instituições de segurança. A resposta decisiva das autoridades reflete positivamente no governo Lula, que desde o início se comprometeu a solucionar o caso. A resolução do caso fortalece a imagem do governo e demonstra seu compromisso com a justiça e o combate à impunidade. No entanto, este não é apenas um momento de celebração pela justiça alcançada. Este é um chamado para uma investigação mais profunda, uma análise das ramificações obscuras e dos apoios corruptos que sustentaram este crime hediondo. O jornalismo investigativo tem um papel fundamental a desempenhar neste processo, revelando as conexões promíscuas que estavam por trás desta operação nefasta. À medida que o Brasil se depara com este novo capítulo na saga de Marielle Franco, é imperativo que permaneçamos vigilantes. A prisão dos líderes é um passo crucial, mas não é o fim da jornada por justiça e transparência. Devemos permanecer unidos na busca pela verdade e pela reforma de nossas instituições, para que tragédias como esta nunca mais se repitam em nossa sociedade. A resolução do caso Marielle é um passo crucial para o fortalecimento das instituições democráticas e para a pacificação do país. *Jornalista. Imagem em Pixabay. Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaositered@gmail.com . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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Quem é o jovem eleitor?

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Quem é o jovem eleitor?
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De ELIS RADMANN* O conceito de jovem eleitor está associado à galera de 16 e 17 anos, que tem o direito de votar mas, como o voto é facultativo para essa faixa etária, podem escolher se fazem ou não o título eleitoral. O jovem eleitor precisa ser duplamente motivado. Primeiro a fazer o seu título eleitoral e depois a ir votar no dia da eleição. Nas eleições gerais de 2022, 2,1 milhões de jovens eleitores estavam com o título na mão, mas apenas 1,7 milhão compareceram às urnas, representando um aproveitamento de 80%. Em termos de representação, as mulheres também foram a maioria dentre o jovem eleitor. Durante a pandemia, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) liberou a emissão do título de forma on-line, por meio do autoatendimento do eleitor através do Título Net, o que motivou muitos jovens eleitores a se cadastrarem, influenciados pelos movimentos de suas bolhas nos grupos de WhatsApp. O jovem eleitor é “nativo digital”, ele nasceu e cresceu no meio da tecnologia e pertence à geração Z. Essa galera não se preocupa tanto com protocolos e valores sociais e morais, é desprendida de carimbos, e irá aderir ao processo eleitoral se avaliar que faz sentido votar em algum candidato que defenda alguma causa, algum tema que lhe chame a atenção. O jovem eleitor, assim como os demais eleitores, não se interessa muito por política, pelo menos não pela maneira como o sistema político funciona. Seu interesse é nichado, se interessa por pautas, por temas que façam parte de suas bolhas. Podem aderir a uma causa, assim como facilmente podem ativar a cultura do cancelamento, cancelando ou detratando um político ou um partido. Só se preocupam com temas que façam sentido para sua vida. Trata-se de uma geração com essência mais individualista e com aceitação de outras individualidades, onde cada um pode ser único. O desinteresse por política é cultural, até porque estes jovens são reflexos da cultura política vigente. Eles aprenderam dentro de casa e na escola que “político é tudo igual”, que “todo político é ladrão” e por aí vai.  A diferença desta geração para as outras é que ela está empoderada. Se alguém cita o nome de um candidato, ela pergunta para IA (inteligência artificial) ou dá um Google e, rapidinho, tem um juízo de valor sobre o candidato. Em muitas entrevistas realizadas pelo IPO – Instituto Pesquisas de Opinião, é comum essa gurizada “dar um Google” durante a entrevista para formar a sua opinião e responder a pesquisa. Os candidatos estão tentando se conectar com o jovem eleitor, mas “saída, não é chegada!” Para dialogar com esse público, o candidato terá que ter o comportamento e o desempenho de influencer. Deve ter capacidade de narrativa e ser bom de foto e vídeo. Mas não adianta tentar ser um “líder charme” para este jovem eleitor. Como um bom influencer, o candidato terá que mostrar que tem um conteúdo sequencial, que sua “história” faz sentido com uma causa ou pauta, demonstrando que o que está postado no feed tem conexão com a realidade. *Cientista social e política. Fundadora do IPO – Instituto Pesquisas de Opinião. Conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Imagem em Pixabay. Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaositered@gmail.com . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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