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Opinião

Memórias podem trair

Memórias podem trair

Artigo por RED
08/05/2023 05:25 • Atualizado em 09/05/2023 18:49
Memórias podem trair

De ADELI SELL*

Acho que o maior problema reside nas denominações de ruas…

Em Porto Alegre, a Estrada (não é avenida como se costuma falar) João Antônio da Silveira não é homenagem ao general farroupilha. É uma homenagem a um homem comum do povo, morador da Restinga, como confirma dados disponíveis no Arquivo Moysés Vellinho.

Em pelo menos dois livros fala-se da Rua Dona Amélia como a esposa de D. Pedro I. Segunda esposa, na verdade. Não há nenhum elemento fático que eu tenho encontrado a provar tal tese, a não ser a repetição à exaustão desta tese dos livros.

É certo que a capital dos gaúchos foi generosa ao lembrar-se da primeira esposa de D. Pedro I, Dona Leopoldina, ao chamar o Viaduto da João Pessoa por cima da Primeira Perimetral de Viaduto Imperatriz Leopoldina, e um Bairro
de Jardim Leopoldina, além da Rua Dona Leopoldina no Bairro São João.

No Bairro Santa Tereza há 15 nomes de ruas com “Dona”. Apenas quatro são nominadas por lei municipal. Dona Gabriela e Dona Ondina eram filhas do Dr. Silveiro, uma das principais vias do Bairro. Dona Sofia seria a esposa de Dionísio, dono de terras, sesmeiro da região. Dona Helena seria uma líder comunitária, como há outras que são mulheres do povo.

Por que razão aquela seria para homenagear uma das esposas de D. Pedro I que não teve qualquer papel em nossa História, muito diverso do que foi com dona Leopoldina?

Dom Pedro I é nome de rua, no Bairro Santana, bem como do Viaduto na confluência da Avenida Borges de Medeiros, Avenida Padre Cacique e Rua José de Alencar.

Já a Rua Dona Amélia é uma via sem saída, com entrada pela Rua Otávio Dutra… Tem proximidade com o nome do Viaduto, D. Pedro I, talvez este seja um motivo para alguém se lembrar de homenagear o rei e por consequência sua consorte. Pode ser…

Não afirmo nada categoricamente, por isso minhas incursões de pesquisas continuam, muitas vezes expondo as dúvidas, pois sempre poderá haver algum documento em mãos de alguém ou uma informação perdida.

Ter medo de ser traído pela repetição não ofende, não é? Nem duvidar, certo? Perguntar e pedir ajuda creio ser um ato de mérito.


*Escritor, professor e bacharel em Direito.

Imagem de reprodução do Google Maps.

As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.

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