Há suspeitas de negociações irregulares na condução dos processos

O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) afastou do cargo nesta terça-feira, 28, o juiz Marcelo Bretas, responsável pela Operação Lava Jato no Rio de Janeiro.

Em sessão sigilosa, o colegiado decidiu por unanimidade instaurar um PAD (processo administrativo disciplinar) contra o magistrado. Bretas ficará afastado até a conclusão das investigações por supostas irregularidades na condução dos processos. Desta forma, os processos da Lava Jato fluminense  que estão na 7ª Vara Federal Criminal serão conduzidos pela juíza-substituta da vara, Caroline Vieira, até a conclusão do processo.

A decisão foi tomada após a análise de três reclamações feitas contra Bretas: duas de delações premiadas de advogados que relataram supostas negociações irregulares do magistrado na condução dos processos, e uma terceira referente a queixa do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), de suposta atuação política na eleição de 2018 em favor do ex-juiz Wilson Witzel, vitorioso daquela disputa e afastado dois anos depois do governo do estado.

Por hora, não foram analisados os casos que Bretas julgou, apenas a conduta dele como juiz criminal.

Bretas se tornou responsável pela Lava Jato fluminense na primeira instância em 2015, atuando em processos como da Eletrobras e do esquema de corrupção do ex-governador Sérgio Cabral. Porém, desde 2021  sua atuação vem sendo questionada em tribunais superiores, que retiraram de suas mãos diversos processos pelo entendimento de que não há conexão suficiente para mantê-los sob responsabilidade do magistrado.

Ele também ficou conhecido pela sua superexposição ao lado de políticos, como junto ao então governador Witzel em jatinho, festas e no Maracanã, e inauguração de obra pública ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro e do então prefeito Marcelo Crivella (Republicanos). Bretas, inclusive, já exibiu sua relação próxima com Witzel o acompanhando de jatinho à posse de Jair Bolsonaro e frequentando o camarote do governo estadual no Maracanã.

Com informações da Folha de São Paulo

Foto do juiz Marcelo Bretas segurando a mão do governador do Rio, Wilson Witzel, durante carona em voo da FAB para Brasília, em 2019 – Reprodução Instagram