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Bolsonaro admite fracasso na tentativa de reverter derrota: “Ninguém quer uma aventura”
Bolsonaro admite fracasso na tentativa de reverter derrota: “Ninguém quer uma aventura”
Em seu penúltimo dia de mandato, Jair Bolsonaro (PL) fez seu último pronunciamento como presidente da República na manhã desta sexta-feira (30). Em live transmitida pelo seus canais nas redes sociais, Bolsonaro quebrou o silêncio de dois meses que impôs a si mesmo após ser derrotado em segundo turno pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. Ele embarca nesta tarde para os Estados Unidos e não transmitirá a faixa presidencial ao seu sucessor, quebrando o protocolo.
Pela primeira vez, Bolsonaro condenou as tentativas de atentado em Brasília articuladas por um grupo de apoiadores. “Nada justifica, aqui em Brasília, essa tentativa de ato terrorista na região do aeroporto. O elemento que foi pego, graças a Deus, que não coaduna com nenhuma situação”, acrescentou. Ele negou, no entanto, ter qualquer relação com o episódio. “Hoje, se uma pessoa faz algo reprovado pela sociedade ou que não está de acordo com as leis, é bolsonarista”, reclamou.
Ele contou que tentou, nos últimos dois meses, uma saída para reverter o resultado das urnas, mas sem sucesso. “Como foi difícil ficar dois meses calado, trabalhando para buscar alternativas. Qualquer coisa que eu falasse seria um escândalo na imprensa. Eu quieto sou atacado. Acredito em vocês, acredito no Brasil. Perde-se batalhas, mas não vamos perder guerras”, declarou.
O presidente deu a entender que não encontrou respaldo para uma aventura golpista. “Busquei, dentro das quatro linhas, das leis, saída para isso aí. Se a gente podia questionar alguma coisa… Tudo dentro das quatro linhas. Eu não saí, ao longo do mandato, das quatro linhas. Ninguém quer uma aventura. Agora, muitas vezes, dentro das quatro linhas você tem que ter apoios. Em nenhum momento fui procurado para fazer nada de errado, violentando seja o que for. Fiz minha parte, estou fazendo até hoje, dentro das quatro linhas. Agora, certas medidas têm que ter apoio do parlamento, do Supremo, de outros órgãos, de outras instituições”.
Ele também se preveniu de críticas de apoiadores que cobravam dele que utilizasse as Forças Armadas para impedir a posse de Lula. “Se você está chateado, se coloque no meu lugar. Eu dei o melhor de mim, com sacrifício de quem estava ao meu lado, em especial a minha esposa, minha filha, minha enteada. Vocês também sofreram, sofrem agora. Alguns devem estar me criticando, ‘deveria ter feito isso, aquilo’. Eu não posso fazer algo que não seja bem feito e, assim, os efeitos colaterais sejam danosos demais. Não é questão de um país. Tudo que um país faz reflete nos outros”, declarou.
Em quase uma hora de pronunciamento, Jair Bolsonaro fez um balanço de seu governo e elencou pontos que considerou como ações positivas, como a política armamentista, que, de acordo com o presidente, “é uma segurança para a pessoa”. E sem apresentar dados oficiais, Bolsonaro afirmou que os decretos que facilitam o acesso às armas “diminuíram a violência no Brasil”. O presidente também citou a desoneração da folha para 17 categorias como uma conquista da política econômica de seu governo. “Quanto mais diminuímos os impostos ou desoneramos, nós arrecadamos mais”.
Ao falar sobre a gestão de Lula, que terá início a partir do dia 1º de janeiro de 2023, Bolsonaro usou tom de crítica. “É um governo que já começa capenga”, afirmou. Ele voltou a atacar a Justiça Eleitoral, afirmando que foi prejudicado pela parcialidade durante o período de campanha. “Foi uma campanha imparcial? Logicamente não foi imparcial”, declarou, mais uma vez sem apresentar provas.
O presidente justificou sua ausência nos atos antidemocráticos em frente aos quartéis, os quais chamou de pacíficos. Ele afirmou que os protestos ocorreram de forma orgânica e se eximiu de qualquer responsabilidade pelo chamamento das manifestações que pedem golpe militar. Segundo Bolsonaro, as pessoas ali estão em busca de liberdade e democracia.
Para finalizar, com lágrimas nos olhos, Bolsonaro disse que o momento é de tristeza e de reflexão e pediu inteligência por parte de seus apoiadores: “Não tem tudo ou nada”, afirmou. “Não vai se acabar tudo no dia primeiro de janeiro”, emendou. Ele encerrou o pronunciamento evocando o principal lema de seu governo: “Deus, pátria, família e liberdade são coisas que ficam para sempre”.
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Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
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