Por NORA PRADO*
O fim do ano está chegando e gostaria de desejar a nós da classe média privilegiada, que embora possa passar por apertos econômicos não passa fome, não morre de frio, tem onde morar e consegue pagar todos os boletos, um Feliz Natal.
Um Natal com serenidade e paz, embora a gente saiba que palestinos, sudaneses e ucranianos já não saibam mais o que isso significa. Esses povos passam por privações inimagináveis há anos, perdem seus entes queridos todos os dias sem saber se chegarão vivos ao dia seguinte. Eles não têm mais casa, rua, bairro nem cidade para chamar de sua. Pois há tempos seguem covardemente perseguidos, humilhados e assassinados, cruelmente, em seu próprio país.
Desejo que a gente não se anestesie frente as essas barbaridades diárias, no mundo e em nosso próprio Brasil, nas periferias e favelas das cidades, onde sabemos que a lei está fora da ordem e que a pele preta e pobre é sempre a mais barata. Que a gente não se embruteça nem perca de vista o nosso papel de denunciar o racismo, o machismo, o feminicídio, e principalmente as falcatruas do Congresso Nacional. Afinal, nós da bolha brasileira, também vamos as ruas lutar por nossos direitos civis e liberdades fundamentais. Que a gente siga firme e coeso diante da nossa frágil democracia, defendendo-a dos criminosos e golpistas oportunistas. Que estejamos sempre disponíveis e prontos para sair as ruas e gritar pelas causas justas, pela nossa dignidade e soberania, frequentemente, ameaçada.
Desejo um Natal reflexivo, sem deixar de ser alegre, simples sem deixar de emanar exuberância, potente de solidariedade e aconchego, de espaço para a família e os amigos, para todos os nossos amores.
Que a corrente de fraternidade seja sempre maior e mais forte que os conflitos inerentes, que o nosso senso de justiça seja mais pleno frente as injustiças e que tenhamos sabedoria para nos equilibrarmos em tempos tão difíceis.
Que possamos cultivar a beleza e a graça de existir e sermos felizes com o essencial. Que valorizemos mais os encontros presenciais e as amizades. Que a gente reconheça as qualidades dos nossos colegas, companheiros, filhos, amigos, parentes e desconhecidos.
Que tenhamos mais empatia e solidariedade para vivermos melhor em comunidade. Que a gente celebra a vida e tenha na arte a possibilidade de sonhar e se alimentar de esperança para o presente e o futuro.
Desejo aos meus amigos e amigas muita luz e lucidez, saúde e energia, dias azuis de ventura e todo amor que houver nesta vida!
Aproveitem o momento presente intensamente! Feliz Natal!
*Nora Prado é atriz e poeta.
Foto de capa: Reprodução




