O Imperialismo e a misoginia são Armas de Guerra!

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Por SILVANA CONTI*

NÓS QUEREMOS TODAS VIVAS!

Vivemos em um mundo marcado pela guerra, pela instabilidade e pela intensificação das disputas geopolíticas.

O imperialismo estadunidense atravessa um processo histórico de declínio, expresso na perda relativa de sua hegemonia econômica, política e militar, diante da transição de uma ordem unipolar para uma configuração multipolar, na qual se destaca, de forma central, a ascensão da China, ao lado de outros polos regionais e de alianças estratégicas no Sul Global.

Esse deslocamento da correlação de forças internacionais não ocorre de forma pacífica.
Pelo contrário: o imperialismo, ao ver reduzida sua capacidade de dominação, responde com guerras, sanções econômicas, bloqueios, intervenções indiretas, guerras híbridas e ofensivas ideológicas.

Essas estratégias aprofundam a instabilidade global e penalizam duramente os trabalhadores e trabalhadoras, especialmente nos países periféricos e dependentes.

Ao mesmo tempo, o capitalismo atravessa uma crise estrutural que não se limita a ciclos econômicos conjunturais. Trata-se de uma crise múltipla e articulada — econômica, ambiental, energética, alimentar, social e civilizatória — que revela os limites históricos do modo de produção capitalista.

A financeirização da economia, a superexploração do trabalho, a mercantilização da vida e da natureza e a destruição sistemática dos direitos sociais aprofundam desigualdades, precarizam as condições de existência e produzem um cenário permanente de instabilidade e violência.

Nesse contexto, a América Latina e o Caribe ocupam um lugar estratégico na disputa geopolítica global.

Historicamente tratados como quintal do imperialismo, nossos países seguem sendo alvo de intervenções políticas, golpes parlamentares e jurídicos, bloqueios econômicos, endividamento externo, saque dos bens comuns e ofensivas contra projetos soberanos e populares.

A defesa da soberania nacional e da autodeterminação dos povos é condição fundamental para qualquer projeto democrático e de justiça social na região.

No Brasil, essas dinâmicas se expressam de forma concreta na ofensiva neoliberal contra o Estado, os serviços públicos e os direitos da classe trabalhadora.

Essa ofensiva é sustentada por um Congresso Nacional majoritariamente conservador e ultraliberal, que atua para desmontar direitos históricos, subordinar o país aos interesses do capital financeiro e das corporações transnacionais e bloquear avanços democráticos e populares.

A defesa da democracia não se limita à preservação formal das instituições.

Democracia real implica soberania popular, participação social, direitos garantidos, políticas públicas fortes e capacidade do Estado de enfrentar os interesses do mercado.

Defender a democracia hoje é enfrentar o poder do capital financeiro, o lobby das grandes empresas e a captura do Estado por forças antipopulares.

Na educação, essa ofensiva se manifesta no desmonte da escola pública, na mercantilização do ensino, na plataformização da educação, na precarização do trabalho docente e no ataque à gestão democrática das escolas.

As big techs cumprem papel central nesse processo, atuando como novos aparelhos privados de hegemonia, ao controlar dados, fluxos de informação, currículos, processos educativos e a própria produção de subjetividades, subordinando a educação e a própria democracia aos interesses do mercado.

Para o movimento de mulheres, esse contexto se expressa de forma brutal no aumento dos feminicídios e da violência de gênero.

No Brasil, em 2024, foram registrados 1.492 feminicídios, o maior número desde a tipificação do crime, com uma média de quase quatro mulheres assassinadas por dia. Essa violência atinge de maneira ainda mais cruel mulheres negras, pobres, periféricas, lésbicas, bissexuais e mulheres trans, revelando o caráter estrutural, racista, patriarcal e LGBTfóbico do sistema.

Diante desse cenário, a unidade popular se coloca como tarefa histórica e saída política indispensável.

A articulação entre movimentos de mulheres, movimento sindical, movimento estudantil, movimentos populares, população negra, indígenas e LGBTQIA+ é fundamental para enfrentar o Congresso conservador e ultraliberal, barrar retrocessos, defender a democracia e afirmar um projeto soberano de país.

Essa unidade popular deve também se expressar na disputa política e eleitoral de 2026, como parte de uma estratégia mais ampla de enfrentamento ao neoliberalismo, ao neofascismo e ao imperialismo.

A luta institucional, articulada à mobilização social permanente, é fundamental para derrotar forças conservadoras e ultraliberais, ampliar a representação popular e fortalecer um projeto democrático, soberano e comprometido com os direitos do povo.

É tempo de organizar, ocupar as ruas e as redes, mobilizar e disputar consciências.

Convocamos todas as mulheres, trabalhadoras e trabalhadores, juventudes, movimentos sociais, organizações populares e forças democráticas a construir a unidade popular necessária para enfrentar o conservadorismo, o ultraliberalismo e o autoritarismo. A disputa eleitoral de 2026 deve ser assumida como parte dessa luta coletiva, articulando ruas, territórios, sindicatos, escolas e espaços institucionais, para derrotar o projeto fascista e neoliberal e afirmar um Brasil democrático, soberano, justo e popular.

Somente com unidade, luta e participação popular garantiremos democracia real, soberania nacional e o direito de permanecermos TODAS VIVAS!


*Silvana Conti é professora aposentada da RME, Diretora de Formação do SIMPA, Membra do CC – Partido Comunista do Brasil, Direção Nacional da UBM na coordenação LBT, Mestra em Políticas Sociais e Doutoranda da Educação/UERGS.

Foto de capa:  Rosane Lima

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