Por SILVANA CONTI*
As mulheres da América Latina e Caribe vivem um momento marcado por fortes tensões geopolíticas, entre a decadência da hegemonia imperialista dos Estados Unidos e a ascensão de uma ordem mundial multipolar.
O imperialismo estadunidense atinge diretamente nossos territórios através de sanções, bloqueios, militarização, endividamento e ingerências externas, mecanismos que aprofundam desigualdades e recaem sobretudo sobre mulheres negras, indígenas, periféricas e trabalhadoras.
Nesse cenário, Cuba ocupa lugar central.
Há mais de seis décadas submetida a um bloqueio econômico, comercial e financeiro ilegal e cruel, imposto pelos EUA, a ilha resiste com soberania, garantindo direitos essenciais como saúde, educação e políticas sociais que impactam diretamente a vida das mulheres.
Ainda assim, o fortalecimento recente do bloqueio agrava a escassez de insumos, pressiona a economia e atinge de forma rigorosa o cotidiano de famílias, e principalmente as mulheres que estão na linha de frente na politica do cuidado, na criação dos filhos e filhas, com precárias condições de trabalho.
A resistência do povo cubano — e das mulheres cubanas em particular — tornou-se símbolo continental de dignidade e autodeterminação.
A multipolaridade abre novas possibilidades para a região.
O Brasil, sob o governo Lula, tem desempenhado papel estratégico ao retomar uma política externa soberana, voltada ao fortalecimento da integração latino-caribenha, à reinserção ativa em blocos como CELAC, UNASUL e BRICS, e à defesa do direito internacional, da paz e da autodeterminação dos povos.
O Brasil também tem atuado na denúncia dos bloqueios e sanções unilaterais, na defesa de Cuba nos fóruns multilaterais e na construção de alternativas econômicas que reduzam a dependência histórica da região.
Nesse contexto, nos mulheres seguimos na linha de frente da luta por democracia profunda, justiça social e soberania regional.
Defendemos uma multipolaridade que não seja apenas uma rearrumação de forças, mas um caminho para projetos nacionais emancipatórios, com integração solidária e desenvolvimento, justiça social, com o entrelaçamento das lutas de classe, raça, gênero e diversidade sexual.
Em um mundo em disputa, a unidade internacionalista das mulheres é decisiva para derrotar o imperialismo, enfrentar a extrema direita e afirmar um horizonte de soberania, paz e dignidade para a América Latina e Caribe — com Cuba respeitada e o Brasil comprometido com a democracia, soberania nacional e participação popular.
*Silvana Conti é professora aposentada da RME, Diretora de Formação do SIMPA, Membra do CC – Partido Comunista do Brasil, Direção Nacional da UBM na coordenação LBT, Mestra em Políticas Sociais e Doutoranda da Educação/UERGS.
Foto de capa: Silvana Conti




