Bananinha se Embaralhou

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Por EDELBERTO BEHS*

– E agora, Eduardo, o que vamos dizer para o nosso pessoal no Brasil?

– Dizer o quê, sobre o quê, Paulo?

– Ora, o Trump excluiu a sobretaxa de 40% sobre 249 produtos brasileiros!

– Temos que pensar em alternativas. Uma delas seria ficar em silêncio.

– Não, isso nunca. Vamos pensar.

– E se dissermos que Trump enlouqueceu?

– Daí vão alegar que seguimos um líder maluco. Essa não dá.

– E se lembrarmos que os americanos começaram a reclamar do preço do cafezinho, que não dava mais pra comprar frutas, e ficaram sem o churrasco do final-de-semana?

– Fica ruim. Vão argumentar que Trump cedeu aos apelos de consumidores.

– Vamos dizer, então, que o Trump quis conquistar e agradar o Congresso por causa do caso Epstein?

– Ah, é misturar as coisas. Nem todo o mundo no Brasil está sabendo do caso. Com esse argumento vamos ampliá-lo.

– Vamos dizer, então, que meu pai pediu para o Trump tirar a sobretaxa porque estava prejudicando a economia do Brasil?

– Jamais, teu pai não pediria isso. Ele quer se livrar da Papuda. Até a Damares veio em seu socorro dizendo que ele não aguentaria a prisão.

– E se dissermos que o Lula é uma cobra que enfeitiçou o Trump?

– Nunca, nunca, nunca. Não vamos dar esse prazer ao comunista.

– E se a gente contar que foi o secretário de Estado Marco Rubio que se adiantou e fez toda essa patacoada?

– O quê? Queres rebaixar o nosso líder, tanto que qualquer subalterno toma decisões que passam por cima dele? Acha que isso pega bem? Depois, nem é verdade.

– Verdade por verdade… Agora vens com esse argumento? E quando dissemos que o Brasil é uma ditadura do Judiciário e que o governo é comunista?

– Ora, a verdade sempre tem suas épocas. O próprio Pilatos perguntou a Cristo “o que é a verdade?”

– Não vamos colocar a Teologia e pastores nisso aí. Já bastou meu pai dizer que “a verdade vos libertará”, que foi, então, a mentira da época. Vamos pensar em mais alternativas. Poderíamos dizer que o Trump está precisando de dinheiro, que quer fazer a economia andar para poder arcar com as despesas que os Estados Unidos estão gerando no mar do Caribe com essa história de caçar narcoterroristas?

– É forçar a barra. O aumento das vendas de produtos brasileiros nos Estados Unidos não vai acelerar a economia a tal magnitude.

– E se mentirmos que o Lula puxa um fuminho? Será que o Trump não engole essa e retoma os 40%?

– Bom, no caso, o Lula teria que ser o capo da turminha do complexo do Alemão, para o Trump dar início à caçada dos narcoterroristas. Aliás, o teu irmão já sugeriu que o Trump jogasse umas bombinhas na Baia da Guanabara.

– Bah, quanto estrago nós já sugerimos para o Brasil cair de cartaz e nossos seguidores acreditam na gente. Por isso temos que achar uma justificativa que seja pelo menos razoável. Penso que a gente poderia dizer que nós não pedimos 40%, só 10%, mas o Trump ouviu mal.

– Vais querer acusar o tio de surdinho?

– Nós temos que reconhecer que o único culpado por essa reviravolta é o Trump, mas não podemos admitir isso publicamente.

– Com certeza. Ele poderia nos enquadrar como estrangeiros ilegais morando nos Estados Unidos e nos mandaria de volta pro Brasil. E daí, o que será? Tu já tens tuas próprias complicações no STF e na Câmara tem gente que quer a tua cassação.

– Tenho mais alternativas que tu. Posso fritar hamburguer aqui nos Estados Unidos, pedir um emprego pro Milei na Argentina ou me mudar para Utqiaguik.

– Minha nossa. O que é isso, onde fica isso?

– É uma localidade no Alasca que só vai ver o sol de novo em 22 de janeiro de 2026. Um bom lugar para ficar recluso. Lá ninguém vai me encontrar, nem mesmo o Xandão.


*Edelberto Behs é Jornalista, Coordenador do Curso de Jornalismo da Unisinos durante o período de 2003 a 2020. Foi editor assistente de Geral no Diário do Sul, de Porto Alegre, assessor de imprensa da IECLB, assessor de imprensa do Consulado Geral da República Federal da Alemanha, em Porto Alegre, e editor do serviço em português da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC).

Foto de capa: Saul Loeb/AFP

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