Da REDAÇÃO — Matéria elaborada com informações do G1
O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou a investigadores da Polícia Federal (PF) que utilizou um ferro de solda para violar sua tornozeleira eletrônica. O equipamento, instalado por ordem judicial como medida cautelar, disparou um alarme à 0h07 deste sábado (22). A equipe de segurança foi acionada e, pouco mais de uma hora depois, o aparelho foi trocado.
Segundo a PF, o próprio Bolsonaro confessou o uso do material de soldagem. A violação é tratada como grave. Investigadores consideram que não se trata de um erro técnico ou falha involuntária, mas de uma tentativa deliberada de burlar o monitoramento eletrônico.
A Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape-DF) elabora um relatório com detalhes do ocorrido. A PF, por sua vez, apura as motivações do ex-presidente, e fontes ligadas ao caso afirmam estar “perplexas” com a conduta.
Vigília e risco de tumulto
Em paralelo, a convocação de uma vigília feita pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, aumentou a tensão. O chamado, divulgado pelas redes sociais, previa a presença de apoiadores na frente da casa de Bolsonaro, no Jardim Botânico, em Brasília.
A Polícia Federal considerou a mobilização como um risco real à ordem pública e ao cumprimento das medidas judiciais. Para os investigadores, a vigília poderia servir de distração ou cobertura para uma tentativa de fuga, além de colocar em risco a segurança de moradores, agentes e do próprio ex-presidente.
Esses fatores foram decisivos para que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretasse a prisão preventiva de Bolsonaro, ainda na madrugada.
PF cumpre ordem de prisão
Com parecer favorável da Procuradoria-Geral da República, Moraes determinou que a prisão ocorresse com discrição, sem algemas e sem exposição pública. Por volta das 6h de sábado, a PF cumpriu a ordem judicial e levou o ex-presidente para a Superintendência da Polícia Federal, na Asa Sul de Brasília.
A medida encerra uma sequência de restrições que vinha se intensificando desde a condenação de Bolsonaro no processo da tentativa de golpe de Estado. Ele já havia sido impedido de usar redes sociais, de manter contato com aliados investigados e estava em prisão domiciliar, usando tornozeleira eletrônica.
Processo entra na fase final
Bolsonaro foi condenado a mais de 27 anos de prisão por sua participação em uma trama golpista para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. O processo já está em fase de recursos e pode ter o trânsito em julgado declarado nos próximos dias.
Segundo o STF, a tentativa de romper a tornozeleira, aliada à convocação da vigília, é interpretada como uma estratégia de fuga semelhante à adotada por outros condenados e investigados no mesmo caso.
Ilustração da capa: Bolsonaro usa ferro de soldar para violar tornozeleira – Caricatura gerada por IA ChatGPT sobre foto de Divulgação/Assessoria de Jair Bolsonaro
Bolsonaro usa ferro de soldar para violar tornozeleira




