O Labirinto da Direita

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Por ANGELO CAVALCANTE*

O cenário político para a disputa presidencial de 2026 vai lenta, sutil e suavemente se compondo, se erguendo, se conformando.

Entender sua dinâmica é compreender o próprio desenvolvimento, estruturação e desfecho do muito importante pleito vindouro.

Comecemos analisando o panorama esquerda/direita e que se aponta para o próximo ano.

No que respeita ao espectro da direita, as incertezas são, de fato, as únicas e imensas certezas.

É que há um balaio, um conjunto, uma plêiade de personas dispostas às pelejas da disputa presidencial e que, pelo menos, nos surpreende.

São opções espantosas e curiosas e que vão do circense padre Kelmon, passando por governadores disso e que classifico como “agro-eixo” como Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG), Ronaldo Caiado (GO), Ratinho Junior (PR) e Eduardo Leite (RS) até ao insosso governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro e que, após ter ordenado o massacre de 121 pessoas das favelanias do Alemão e da Penha, se espantem, já desponta como possibilidade para o governo da União.

Ainda nessa quadra é importante não olvidar, não esquecer dos filhos “zeros” de Jair Bolsonaro e mesmo da senhora Michelle Bolsonaro e que, não por menos, tem circulado o país em concorridas convenções do PL, um mix, uma indecifrável mistura de política, com neopentecostalismo e muito obscurantismo para, em primeiro, atacar as esquerdas do Brasil, o PT e em seguida, é claro, Lula da Silva.

Nessa alta onda da direita, nomes impensáveis como, por exemplo, o do histriônico pastor Silas Malafaia também é ventilado.

De toda sorte, diferentemente do que se possa imaginar, todo esse largo plantel reacionário e ao bom dispor dos liberais patrícios se afirma bem mais como fraqueza, debilidade e fracionamento do que como efetiva potência, força e horizonte possível.

Em alguns casos da política, vale a dica do “poetinha” Vinícius de Moraes segundo o qual, “o menos vale mais”.

Pois bem…

…Esse expressivo quantitativo de direitistas e pleiteantes ao governo da República é, sobretudo, e já referenciado, uma resposta política e objetiva do agronegócio mais politizado do mundo ao movimento de desconstrução de Bolsonaro.

Em seguida e da mesma maneira, é tática e estratégica forma de manter aceso e atual o movimento de extrema direita e que tantas peripécias e reinações realizou no país nos últimos anos, afinal, na política brasileira sempre – SEMPRE – há um importante serviço sujo a ser feito, seja uma tentativa de golpe de Estado, o assassinato de um juíz ou o massacre de indígenas, pobres ou de gente de periferia.

Já sabemos, tudo isso dá muito… Muito voto!

Fato é que a definição de um nome direitoso, efetivamente competitivo e em reais condições de disputar a presidência da República com o veterano Lula da Silva (PT) vai se mostrando uma possibilidade cada vez mais distante, longínqua e remota.

É que o tempo político é por demais escasso, melindroso e o invento de um nome de abrangência nacional com alguma viabilidade eleitoral não se dá, não ocorre por passe de mágicas, não surge por “download” ou pelos engenhos digitais de IA.

Nesse contexto, já sabemos, há um pulsante sentimento nacional e que busca, que propugna por alguma estabilidade institucional, por harmonia e paz social, afinal, nenhum de nós suporta mais estar submetido ao estupor e aos descalabros de uma extrema direita assumida e reconhecidamente disposta a incendiar o país dia após dia.

É nessa complexa e labiríntica conjuntura que Lula da Silva, buscando reeleição e em muito elevado pragmatismo político, tem dialogado intensamente com segmentos e que o PT historicamente havia esquecido ou ignorado como, por exemplo, a imensa parcela de brasileiros e já convertida aos ritos e preceitos do mundo evangélico e; da mesma forma, aos policiais e agentes de segurança pública.

Essas vinculações são essenciais para a própria atualização do estoque de votos e que o PT havia perdido nos meios populares, sobretudo, por intermédio do inteligente estratagema de desmobilização do neoprotestantismo.

Pois sim…

A síntese é: a direita (ainda) não tem um nome nacional e efetivamente viável e; a esquerda, sempre obesa de tanto materialismo dialético tem que saber e aprender a dialogar com os novos atores políticos e inscritos, sobretudo, nos meios evangélicos, na segurança pública e no cotidiano de uma juventude “internetizada” e que “dá de ombros” para a política.

De todo modo, Lula segue como favorito em qualquer medição, pesquisa ou levantamento.


*Angelo Cavalcante é economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Itumbiara.

E-mail : angelo.cavalcante@ueg.br

Foto de capa: Reprodução

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