Por ANGELO CAVALCANTE*
Não é por acaso que Thomas Hobbes é dos grandes pensadores contratualistas e mais… O senhor Hobbes, engenhoso, atento e disciplinado, lança as bases e os fundamentos para isso e que hodiernamente tratamos por “Estado”.
Em Hobbes, na ausência de Estado, há ininterrupta e fluida “guerra de todos contra todos”. E nessa guerra infinita e que, claro, precisa cessar é que está, se acha a pedra angular e fundamental para o soerguimento do Estado tal qual conhecemos.
Nem uma coisa e nem outra… Com Estado ou sem Estado… A guerra ou as guerras correm soltas e em todos os cantos e quadrantes do planeta.
Aliás, ao fim da Segunda Guerra Mundial, se dizia ingenuamente “Nunca Mais” para os horrores e bestialidades cometidas pelo nazifascismo onde as pessoas eram moídas, espremidas e feitas, convertidas em cinzas nos campos de extermínio do Reich alemão.
Por sinal, os campos de concentração, espaços militarizados, reservados e restritos, saíram, ultrapassaram glebas fechadas e cercadas de uma Europa de morte e tomaram, ganharam o mundo.
Auschwitz é uma onipresença!
Está nos morros do Rio, em Gaza, nas praias européias onde, não raro, amanhecem cadáveres infantis boiando sobre as águas gélidas do Mar do Norte.
Auschwitz está no Sudão do Sul, em Bogotá, no Mar das Caraíbas, no litoral venezuelano e no juízo das polícias militares do Brasil e sempre sedentos por espancar o rosto de professor, esculachar ambulantes, dar “pipoco” em cabeça de preto ou socar os olhos da juventude negra das margens suburbanas do Brasil porque, imaginem, estão “pitando” uma “ponta” de maconha.
Auschwitz está no mundo da Universidade onde o ódio do racismo, da misoginia ou da xenofobia se traveste de “rigor científico” para, em sutis e quase imperceptíveis doses homeopáticas serem inoculados em um estudantado manso, passivo, que detesta o movimento estudantil e confinado, aprisionado na hipnose pós-moderna da fraude dos “memes” nossos de cada dia.
Auschwitz é o mundo!
Está aqui, na minha família, no meu vizinho e na incerteza de que se poderei ou não, levar meu filho para o parquinho público.
A Universidade Estadual de Goiás já é parte territorial desse largo movimento reacionário e que afunda (mais ainda!) essa infame formação social e que equivocadamente tratamos por “sociedade”.
Denuncio publicamente o avanço da extrema direita de juízo e noção neonazista nos restritos da UEG.
Tenho visto professores, de novo, sob a sacrrossanta aura da “ciência”, partindo ferozes, irados contra negros, gays e outros “minoritários” e que, por óbvio, “pervertem a pureza ética, racial e moral da civilização do Brasil”.
Repara… Se isso não for o hard core da mesma lógica que garantiu a ascensão do nazismo em ilustrosa e muito educada Alemanha… Desaprendi tudo!
Tempos difíceis estão por vir!
*Angelo Cavalcante é economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Itumbiara.
E-mail : angelo.cavalcante@ueg.br
Foto de capa: IA




