Por RUDOLFO LAGO*, do Correio da Manhã
Ciro Gomes filiou-se na quarta-feira ao PSDB, partido do qual já fez parte e por onde, inclusive, elegeu-se governador do Ceará em 1990. No discurso, Ciro voltou dizendo que sua missão é trabalhar para tirar o PT do domínio do estado (hoje governado pelo petista Elmano de Freitas). Nesse sentido, o rumo provável é Ciro disputar o governo no ano que vem. Mas há pessoas próximas a ele sugerindo e ventilando uma outra possibilidade: Ciro sair para o Senado. O cálculo dos que estão lhe sugerindo isso é o pós-2026. Há uma avaliação de que depois das eleições presidenciais do ano que vem, o jogo político-eleitoral, hoje dominado pela polarização entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente Jair Bolsonaro vai zerar.
Lula
No cenário de hoje, conforme as pesquisas, Lula vence as eleições contra qualquer adversário. Claro que o jogo sempre pode mudar. Mas diante de um quadro no qual ele já é candidato e a oposição bate cabeça para definir o adversário, tal situação pode se consolidar.
Bolsonaro
No outro campo da polarização, é quase que totalmente improvável que Jair Bolsonaro consiga reverter sua inelegibilidade, mesmo com o recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesse sentido estando nas mãos de Luiz Fux, que vai mudar para a Segunda Turma.
Eleição sem Lula ou Bolsonaro em 2030

Cid e Ciro Gomes hoje estão politicamente rompidos | Foto: Reprodução/Redes Sociais
Se Lula vencer as eleições no ano que vem, iniciará o novo mandato com 81 anos. Será a sua última disputa eleitoral. O individualismo de Lula nunca permitiu a construção de sucessores dentro do PT. Bolsonaro também é indivualista, basta ver a dificuldade que há na oposição para a construção já agora de uma alternativa a ele. E Bolsonaro ainda vem mostrando problemas de saúde que não devem ser desconsiderados. Uma eleição sem Lula e sem Bolsonaro em 2030 é um quadro totalmente imprevisível, que pode levar ao início da construção de um novo cenário. É isso o que vem sendo dito a Ciro Gomes por quem lhe sugere o Senado.
Governo
O governo estadual exigiria de Ciro Gomes a necessidade de administrar os problemas do Ceará. Uma situação que pode tirá-lo de um foco mais oposicionista. Governos estaduais muitas vezes se vêem obrigados a acertos e arranjos com o governo federal.
Senado
O Senado, ao contrário, na visão de quem defende a hipótese, daria a Ciro Gomes um palanque mais livre para reverberar uma situação de oposição a um eventual próximo governo Lula. Unido a uma provável maioria conservadora de senadores em 2027.
Um Gomes
Então, não haveria um Gomes disputando o governo? Aqueles que defendem essa solução falam em um: o senador Cid Gomes (PSB). Cid nega essa possibilidade. Até porque hoje ele é um aliado do governo federal e de Elmano de Freitas no Ceará.
Clã
Os dois irmãos Gomes estão rompidos desde a última eleição no Ceará. No momento, nada ainda indica uma reconciliação. Mas há quem avalie que, ao final, o clã Gomes, porque sempre agiu unido, irá se recompor. Especialmente num novo cenário após 2026.
*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congreso e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade.
Publicado originalmente no Correio da Manhã.
Foto de capa: Eleição depois de 2026 deve ser sem Lula e Bolsonaro | Reprodução/vídeo




