JORNAL DO MUNDO SURREAL – Edição nº 5

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Jornal Surreal 5

Tema: O telefonema histórico (ou histérico?) entre Lula e Trump, 06/10/2025

(Quando o surreal não é exceção, é o expediente diário.)


1. O telefonema que parou o Wi-Fi da Casa Branca 🐂🐂🐂🐂🐂🐂

Na segunda-feira, Lula e Trump finalmente se falaram por telefone. Foram 30 minutos de “cordialidade diplomática”, o que, na tradução simultânea da política, quer dizer “cada um tentou vender o seu peixe sem admitir que o outro ainda existe”.
Trump começou com um “Hello my friend”, e Lula respondeu com um “Ô Trump, tá me ouvindo aí, companheiro?”. O tradutor simultâneo teve uma taquicardia leve, mas sobreviveu.
Segundo relatos, a conversa terminou com ambos prometendo “manter contato”. Se isso significar o mesmo que em namoro, prepare-se: nunca mais se falam, mas um curte o post do outro de vez em quando. Não vai dar bom.


2. Lula pede o fim da tarifa de 50% e convida Trump pra tomar tacacá 🐂🐂🐂🐂🐂🐂

Durante o papo, Lula pediu o fim da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, lembrando que “o Brasil é parceiro, não penitência alfandegária”.
Trump ouviu, prometeu “revisar com atenção” — a mesma frase que ele usa quando alguém sugere leitura de contrato antes de assinar.
No embalo, Lula convidou o americano para o Encontro Climático de Belém, garantindo que seria uma “experiência calorosa, mas sem queimadas”. Trump respondeu que “vai pensar” — ou seja, nunca.


3. Lula depois do telefonema: “Foi civilizado, mas o moço é meio estabanado” 🐂🐂🐂🐂🐂🐂

Mais tarde, Lula descreveu Trump como “um sujeito civilizado, mas com o tato de um touro em loja de cristal”.
Disse que “a conversa foi boa”, o que, em política, é o mesmo que dizer que o jantar estava frio mas ninguém quis reclamar.
No Planalto, o otimismo era moderado: ninguém entendeu nada, mas ao menos Trump não ameaçou invadir Brasília. Pequenas vitórias.


4. Trump após o papo: “Lula é ótimo, mas o Brasil precisa de mais Trump” 🐂🐂🐂🐂🐂🐂🐂

Trump, fiel ao seu roteiro messiânico, elogiou Lula — e, no mesmo fôlego, sugeriu que o Brasil “precisa de mais Trump”.
Foi a forma diplomática de dizer “você é ótimo, mas só seria perfeito se fosse eu”.
Disse ainda que virá ao Brasil “em breve”, desde que o cardápio tenha churrasco e “zero tofu”.
Se vier, preparem o protocolo e os memes: o homem que quis construir um muro agora quer atravessar a Amazônia.


5. Marco Rubio e Eduardo Bolsonaro: os figurantes que queriam ser protagonistas 🐂🐂🐂🐂🐂🐂🐂

Trump escalou Marco Rubio para ser o interlocutor com o Brasil, o que é quase como mandar o estagiário resolver um caso de Estado.
Rubio, que adora posar de linha dura, terá de traduzir o trumpês para um português compreensível — e torcer para que Eduardo Bolsonaro não tente ajudar.
Eduardo, aliás, ficou tão empolgado com a nomeação de Rubio que parece achar que o senador americano agora é o novo “irmão de armas da família”.
É o bolsonarismo diplomático: todo mundo fala inglês de WhatsApp e entende política como se fosse reality show.


6. Quem matou Odete Roitman? Spoiler: foi o tédio 🐂🐂🐂🐂🐂

A notícia falsa que circulou nesta terça dizendo que Odete Roitman havia morrido novamente provocou uma comoção instantânea nas redes. Teve gente jurando que lembrava da cena, teve outro grupo discutindo se ela já não estava morta desde 1989, e um terceiro, mais prático, perguntou se a Globo vai cobrar o pay-per-view do velório.
O fato é que, no Brasil atual, a ficção e a realidade competem cabeça a cabeça — e às vezes, a ficção ainda parece mais crível.
No fim, Odete segue viva apenas na memória coletiva e nos memes — o que, convenhamos, é mais do que se pode dizer de parte da classe política.


7. As bets do Congresso: jogando roleta com o Orçamento 🐂🐂🐂🐂🐂🐂

Enquanto o país tenta pagar as contas, o Congresso discute se deve ou não tributar as bets — aquelas plataformas de apostas que faturam bilhões e devolvem migalhas ao erário.
O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) retirou o aumento da taxação do relatório, gerando um mal-estar digno de mesa de pôquer.
Parte da Câmara quer retomar o imposto; o Senado ameaça veto; e o governo, que já contou com esse dinheiro, agora conta os minutos até o prazo da MP expirar.
O ponto é simples: quem aposta não é o apostador, é o país. E sem arrecadação, o jogo termina com o SUS bancando a conta.


8. Tarcísio e a Coca-Cola: quando o governador confunde gestão com refrigério 🐂🐂🐂🐂🐂🐂🐂🐂🐂

Questionado sobre a crise de contaminação por metanol em bebidas falsificadas, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, declarou que “só vai se preocupar quando começarem a falsificar Coca-Cola”.
É o tipo de frase que dá vontade de pedir uma fiscalização — mas na fala do governador, não nas fábricas.
Se ele só toma Coca, parabéns ao estômago (ou não); mas quem governa precisa cuidar também de quem toma cachaça, cerveja, suco ou água.
A função não é escolher bebida, é garantir que nenhuma mate o contribuinte. Tarcísio lembrou o “pai” dele, um tal de Jair, que durante a pandemia zombou dos mortos dizendo que não era coveiro…
O povo não quer um enólogo de refrigerante; quer um governador que lembre que saúde pública não se resolve com gás e gelo.


9. Ronaldo Caiado e o réquiem político: o príncipe que virou coadjuvante 🐂🐂🐂🐂🐂🐂

A trajetória de Ronaldo Caiado parece roteiro de ópera rural: começou como o fazendeiro altivo, terminou como figurante do próprio mito.
O artigo da RED, “Um Réquiem para Ronaldo Caiado”, descreve o governador como um personagem que tentou ser o “Bolsonaro educado”, mas acabou sendo o “Bolsonaro esquecido”.
Tentou se reaproximar do ex-presidente, mas o bolsonarismo o trata como quem esqueceu o nome do garçom do restaurante que frequenta.
Hoje, Caiado vive o drama de quem teve tudo para ser protagonista, mas escolheu o papel de suplente.


10. A chapa Tarcísio e Michele: o casamento arranjado do bolsonarismo 🐂🐂🐂🐂🐂🐂🐂🐂

Corre o boato de que Jair Bolsonaro anda dizendo a aliados que apoiará uma chapa Tarcísio & Michele em 2026.
É o bolsonarismo em sua essência: mistura de nostalgia, nepotismo e fé em PowerPoint.
Michele sonha com o púlpito, Tarcísio tem o carisma de uma planilha de Excel e Bolsonaro tenta comandar tudo da varanda, gritando “me ouçam, ainda sou o chefe!”.
Bolsonaro, claro, se vê como o maestro — mas a orquestra já está tocando outra música.


11. Eduardo Bolsonaro e a síndrome do herdeiro órfão 🐂🐂🐂🐂🐂🐂🐂🐂

Enquanto Trump faz carinho político em Lula, Eduardo Bolsonaro insiste que será candidato à Presidência.
É como o filho do dono que insiste em tocar a empresa, mas não entende o que é um balanço.
Com o pai inelegível e o bolsonarismo fragmentado, Dudu tenta manter viva a chama — só que o isqueiro é daqueles que falham no vento.
Se fosse filme, chamaria “O Herdeiro do Nada”. Produção caseira, roteiro confuso e elenco de WhatsApp.


12. Malafaia e a caminhada “modesta”: o ato que já nasceu pedindo desculpas 🐂🐂🐂🐂🐂🐂🐂

Silas Malafaia convocou hoje, em Brasília, uma “caminhada modesta” em apoio a Bolsonaro.
Antes mesmo de começar, avisou que não pretendia competir com as manifestações da esquerda.
Foi o primeiro evento político do país que começou com um pedido público de desculpas pela baixa adesão.
Chamou de “ato de fé”, mas o clima era mais de “retiro espiritual para o ego ferido”.
Afinal, o Espírito Santo pode soprar, mas não enche praça.


13. A direita light e o candidato imaginário 🐂🐂🐂🐂🐂🐂🐂🐂🐂

A direita “civilizada” continua em busca de um nome que não assuste o centrão nem pareça fã-clube de Bolsonaro.
Querem alguém “moderado, moderno, de centro e que agrade todo mundo” — basicamente, um unicórnio com diploma da FGV.
Toda semana surge um novo salvador da democracia liberal que morre na mesma pesquisa em que nasceu.
Enquanto isso, Lula vai acumulando quilômetros e adversários de PowerPoint.
A direita light continua à procura de um candidato pra chamar de seu — e o Brasil, de um centro que exista fora dos memes.


O SURREALÔMETRO DO DIA

IndicadorGrau de SurrealismoDiagnóstico Político-Irônico
Diplomacia Lula–Trump6,5/10Dois líderes trocando elogios desconfiados e promessas que não sobrevivem à tradução.
Declaração de Tarcísio9,2/10Quando o governador acha que o Estado é uma lata de refrigerante e a saúde pública, um brinde promocional.
Chapa Tarcísio & Michele8,4/10Um projeto que mistura fé, marqueteiros e a falta de noção em partes iguais.
Caminhada de Malafaia7,3/10O primeiro ato político da história que já nasce modesto e acaba constrangido.
Direita light em busca de candidato9,7/10Tentativa de fabricar um líder com planilha e filtro de Instagram.
Boato de apoio de Bolsonaro à chapa7,8/10O patriarca tenta comandar o baile enquanto a orquestra toca “Despacito”.
Eduardo Bolsonaro candidato8,1/10Quando o herdeiro confunde sucessão política com sorteio de sobrenome.
Ronaldo Caiado, o réquiem6,9/10Um político em decomposição pública que ainda acredita no milagre da reencarnação eleitoral.
As bets e a tributação5,8/10Um debate fiscal legítimo, mas que virou novela de apostas legislativas.
Odete Roitman ressuscitada5,2/10Um surto coletivo que lembra que, no Brasil, até fake news tem remake.

Índice Geral de Surrealismo Nacional: 7,4/10 — nível “Brasil: país em eterno ensaio geral do absurdo”.


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Uma resposta

  1. Crônicas (ou crises?) descritas com ironia e inteligência. A planilha é um resumo muito claro da conjuntura. A nota do surrealômetro parece refletir a bizarrice e inusitado de cada fato (ou seriam flatos?). Cada evento, mesmo que tenha ocorrido em minutos ou horas, pode ter reflexo em anos ou décadas.

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