Opinião
Elmar Bones comenta vitória de Leite no RS: “As façanhas de Eduardo”
Elmar Bones comenta vitória de Leite no RS: “As façanhas de Eduardo”
“Eduardo Leite chegou a essa vitória por caminhos travessos”, escreve o jornalista Elmar Bones em análise sobre a eleição no Rio Grande do Sul para o Jornal Já.
Confira o artigo:
“O governador Eduardo Leite sofreu muitas críticas ao adotar para seu governo o lema “Novas Façanhas”, inspirado num verso do Hino Farroupilha, que é o hino oficial do Estado: “Sirvam nossas façanhas/ de modelo à toda Terra”.
Ele venceu. Difícil mensurar o tamanho da façanha de Eduardo Leite neste 30 de outubro de 2022, ao quebrar um tabu político e um tabu social no Rio Grande do Sul: o homossexual declarado se reelege governador, num Estado machista que não dá segunda chance a seus governantes há quatro décadas.
E não foi uma vitória qualquer. Foi quase um milhão de votos de vantagem, numa eleição em que a diferença na disputa nacional, entre Lula e Bolsonaro, foi pouco mais de dois milhões de votos
Eduardo Leite chegou a essa vitória por caminhos travessos. Já na primeira campanha disse que não seria candidato à reeleição.
Apresentou-se ao PSDB, seu partido, como candidato a candidato à Presidência da República. Perdeu a convenção, não aceitou a derrota.
Renunciou ao governo gaúcho para se dedicar inteiramente ao projeto presidencial e foi buscar abrigo para sua ambição em outras legendas.
Não deu certo, mas em função desse objetivo, Leite construiu uma aliança com o deputado Gabriel Souza, do PMDB, que seria candidato a governador, com seu apoio, se o projeto da candidatura presidencial desse certo.
Deu errado, mas Eduardo Leite voltou sobre seus passos e conseguiu a façanha de manter a aliança com Gabriel Souza, numa chapa em que ele Eduardo estaria na cabeça, com o aliado na vice. O arranjo dividiu o PSDB e o PMDB do Rio Grande do Sul, mas prosperou.
Na hora do voto, ele quase perdeu a vaga do segundo turno para Edegar Pretto, do PT. Ganhou por pouco mais de dois mil votos e, aí, mais uma façanha: ganhou com os votos de Porto Alegre, onde fez seis mil votos a mais do que Pretto.
Na disputa com Onyx Lorenzoni, no segundo turno, encontrou a condição ideal: candidato a derrotar o bolsonarismo, sem rechaçar Bolsonaro*, tornou-se opção obrigatória para seus principais adversários. O resultado aí está.
O sonho presidencial está de pé como nunca, mas ainda depende de uma façanha, talvez a maior de todas: desatar os nós em que o Rio Grande do Sul está amarrado – dívida impagável, serviço público em colapso, investimentos congelados, a economia patinando, e os partidos que o apoiam em crise. Haja façanha!”
Artigo publicado originalmente aqui.
Toque novamente para sair.