Da REDAÇÃO
Nesta segunda-feira, 29/09/2025, uma proposta de paz para Gaza apresentada pelos Estados Unidos — e parcialmente aceita pelo Hamas — provocou reações e manifestações de líderes e personalidades ao redor do mundo. A iniciativa, centrada em trégua, troca de prisioneiros/reféns e criação de uma administração técnica para Gaza, virou foco de pressões, críticas e esperanças em diplomacias nacionais e organismos internacionais.
O que propõe o plano e como foi aceito
O plano de paz — formulado em 20 pontos — prevê, entre outras medidas:
- cessar-fogo imediato
- troca de prisioneiros/reféns entre Israel e Hamas
- que o Hamas se retire da governança de Gaza
- instalação de uma administração técnica palestina
- possibilidade de transição futura conforme consenso nacional palestino
O Hamas indicou aceitação parcial: concordou com boa parte dos pontos principais, inclusive a troca de prisioneiros/reféns e a administração técnica de Gaza, mas condicionou o restante a consultas com outras facções palestinas e ao respeito aos direitos nacionais palestinos.
Repercussões no cenário internacional
Estados Unidos e Israel
O presidente Donald Trump saudou a resposta do Hamas como um “sinal de esperança” e apelou para que Israel suspenda bombardeios para viabilizar o processo de negociação. Já o lado israelense, representado principalmente pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, nega que tenha aceitado conceder um Estado palestino como parte do plano, afirmando que questões centrais como segurança e desarmamento de Hamas ainda são inegociáveis.
Países árabes e atores regionais
O Egito fez coro para que o Hamas aceite o plano e abandone suas funções militares. O Qatar, por sua vez, declarou que já iniciou coordenações com os EUA e o Egito para avançar as negociações com base na resposta do Hamas. A Turquia e outros países árabes demonstraram apoio à proposta como possível caminho para pôr fim ao conflito.
Organismos religiosos e de direitos humanos
O papa manifestou esperança de que o Hamas acate integralmente o plano de paz, destacando os “elementos muito interessantes” da proposta. Organizações internacionais, como a Anistia Internacional, vêm alertando que qualquer acordo deve respeitar os direitos civis, humanitários e o direito internacional — e não servir para legitimar violações. (embora ainda sem repercussão pública massiva específica para este plano)
Posição do governo brasileiro
O governo brasileiro manifestou apoio à proposta por meio de nota oficial divulgada nesta sexta-feira (4). O Itamaraty afirmou que “acompanha com atenção” o plano proposto pelos Estados Unidos e reconhece o esforço dos mediadores internacionais para pôr fim ao conflito. A nota destaca que, se aceito e implementado, o plano deve levar à cessação imediata e permanente dos ataques israelenses, à libertação dos reféns, à entrada irrestrita de ajuda humanitária e à reconstrução de Gaza sob supervisão palestina.
O Ministério das Relações Exteriores também defendeu a retirada total das forças israelenses de Gaza e reafirmou que a paz só será possível com a criação de um Estado palestino independente, dentro das fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como capital. O chanceler Mauro Vieira, em audiência na Câmara dos Deputados, declarou que o Brasil “aplaudirá publicamente” o plano, por estar alinhado às posições históricas do país sobre a questão palestina.
Dias antes, o Itamaraty já havia condenado ações militares israelenses contra uma flotilha de ajuda humanitária com brasileiros a bordo, ressaltando o compromisso do Brasil com o respeito ao direito internacional e à proteção de civis.
Desafios e tensões persistentes
Mesmo com sinais positivos, vários pontos seguem sendo obstáculos:
- Desarmamento de Hamas: essa exigência é promessa de resistência por parte de sua ala militar.
- Consulta palestina mais ampla: o Hamas insiste que decisões definitivas dependem de consenso nacional palestino.
- Segurança de Israel: o Estado israelense quer garantias concretas antes de cessar operações militares.
- Pressão diplomática: países regionais e internacionais exercem intensa pressão para que todas as partes aceitem o plano ou ao menos avancem nas negociações.
- Ceticismo público: analistas observam que acordos já quebrados no passado tornam difícil confiar num compromisso de paz duradouro.
O que está em jogo
A iniciativa representa uma das oportunidades mais claras, nos últimos dois anos, de vislumbrar um cessar-fogo real em Gaza. Se vingar, poderá aliviar um dos maiores desastres humanitários atuais, reabrir espaço para reconstrução e fortalecer instituições palestinas moderadas. Mas seu sucesso depende de acordos minuciosos entre as partes — e da coragem de líderes dispostos a tomar decisões impopulares para garantir a paz.
Foto da capa: Vista da destruição em Rafah, sul da Faixa de Gaza, janeiro de 2025. © 2025 UNRWA Foto de Ashraf Amra – Relatório de Situação da UNRWA n.º 156 sobre a Crise Humanitária na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental –
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Gaza, Hamás, Israel, plano de paz, Donald Trump, Oriente Médio, diplomacia, direitos humanos, Brasil, Itamaraty





Uma resposta
Governos como de Israel e Rússia não são nada confiáveis. É assim são porque seus povos os apoiam, uns por opção, outros por omissão. Enquanto tiverem condições materiais de promoção de invasões (sempre haverá um motivo) continuarão a promover guerra e matança.