Câmara aprova isenção de IR até R$ 5 mil e cria imposto mínimo para alta renda

translate

Brasília - 01/10/2025 -Sessão da Câmara dos Deputados para votar o isenção do IR. Foto: Lula Marques/ Agência Brasil.

Medida, promessa de campanha de Lula, teve aprovação unânime e agora segue para o Senado

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (1º), por unanimidade, o projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) para quem recebe até R$ 5.000 mensais. A proposta ainda precisa ser analisada pelo Senado antes de entrar em vigor, o que está previsto para 2026.

A medida, considerada uma das principais promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi celebrada pelo Palácio do Planalto como uma vitória política e como símbolo da tentativa de reforçar a agenda de combate à desigualdade social em ano eleitoral.

Desoneração da base e compensação pela alta renda

Além da isenção para quem ganha até R$ 5 mil, o projeto prevê um desconto progressivo no imposto para trabalhadores com salários de até R$ 7.350. Acima desse valor, a tributação continua sob as regras atuais.

Segundo o relator, deputado Arthur Lira (PP-AL), a desoneração pode alcançar até 16 milhões de contribuintes, com custo estimado de R$ 31,2 bilhões em 2026.

Para compensar a renúncia fiscal, o governo incluiu a criação de um imposto mínimo sobre alta renda, também aprovado pelo plenário. Ele estabelece uma alíquota progressiva de até 10% para contribuintes com rendimentos anuais acima de R$ 600 mil, chegando ao teto para quem ganha acima de R$ 1,2 milhão.

Atualmente, cerca de 141 mil pessoas nessa faixa pagam em média apenas 2,5% de sua renda em tributos, menos que categorias como professores (9,6%) ou policiais (9,8%).

Apoio inédito e articulação política

O projeto recebeu 493 votos favoráveis e nenhum contrário, um resultado classificado como histórico pela presidência da Câmara. Todos os partidos orientaram voto a favor, inclusive oposição e centrão.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), comemorou o consenso:

“A aprovação da isenção do IR é um marco de justiça fiscal, mas também de união. Mostramos que, quando o tema é o bem-estar das famílias brasileiras, não há divisões.”

Lira, relator do texto, destacou que a unanimidade surpreendeu até a cúpula da Casa.

O presidente Lula agradeceu publicamente a Motta e Lira e chamou o resultado de “vitória em favor da justiça tributária e do combate à desigualdade no Brasil”. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o país começou a enfrentar “sua principal chaga: a desigualdade inaceitável”.

Negociações e mudanças no texto

Para garantir apoio, Lira fez alterações no projeto:

  • Repasse a estados e municípios que tenham perda de arrecadação;
  • Dividendos isentos até 31 de dezembro de 2025 permanecerão livres de tributação até 2028;
  • Recursos destinados ao Prouni poderão ser contabilizados como imposto pago por empresas;
  • Cartórios ficam livres de tributação sobre repasses obrigatórios ao Judiciário.

O relator também rejeitou a maior parte das emendas, muitas delas por falta de compensação fiscal. Para acelerar a tramitação, articulou manobras regimentais que evitaram mudanças de última hora — como a tentativa do Novo e do PSB de vincular a tabela do IR à inflação.

Como contrapartida, incluiu no texto a obrigação de o governo enviar, em até um ano, um projeto de lei sobre política de atualização da tabela.

Contexto político e desgaste do Congresso

A aprovação ocorre em um momento de desgaste do Legislativo com a opinião pública, após a repercussão negativa de temas como a PEC da Blindagem e a anistia a condenados por atos golpistas.

A votação do IR foi vista como uma forma de reconstruir a imagem do Congresso diante da sociedade, além de mostrar alinhamento com uma pauta de impacto direto na vida da população.

Deputados da base aliada e até mesmo da oposição reconheceram que, apesar das resistências ao imposto mínimo, seria politicamente inviável se opor à ampliação da isenção, tema popular e aguardado pela população.

Próximos passos

O texto agora segue para o Senado Federal, onde o governo espera repetir o apoio massivo obtido na Câmara. Se aprovado sem alterações, Lula poderá sancionar a lei ainda em 2025, garantindo sua aplicação a partir de 2026.

Entenda as mudanças

  • Isenção total: para rendas até R$ 5.000 por mês.
  • Desconto progressivo: para rendas de R$ 5.000,01 a R$ 7.350, diminuindo conforme a renda aumenta.
  • Sem alteração: rendas acima de R$ 7.350 seguem com a tributação atual.
  • Imposto mínimo: cobrança progressiva para quem ganha acima de R$ 600 mil por ano, chegando a 10% para rendas acima de R$ 1,2 milhão.

Imagem destacada: Lula Marques/Agência Brasil

Receba as novidades no seu email

* indica obrigatório

Intuit Mailchimp

Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia..

Gostou do texto? Tem críticas, correções ou complementações a fazer? Quer elogiar?

Deixe aqui o seu comentário.

Os comentários não representam a opinião da RED. A responsabilidade é do comentador.

Uma resposta

  1. O picareta do Lira engavetou, o povo foi pra Rua, o Nenan Calheiros aprovou a isenção primeiro, no senado, aí o safado tentei abocanhar com 7.350,00 reais. Mas o senado vai embargar os 7.350,09. Picareta sega.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress

Gostou do Conteúdo?

Considere apoiar o trabalho da RED para que possamos continuar produzindo

Toda ajuda é bem vinda! Faça uma contribuição única ou doe um valor mensalmente

Informação, Análise e Diálogo no Campo Democrático

Faça Parte do Nosso Grupo de Whatsapp

Fique por dentro das notícias e do debate democrático