Da REDAÇÃO*
Reuniões reservadas entre autoridades americanas e brasileiras foram determinantes para viabilizar o encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, durante a Assembleia Geral da ONU. A informação foi publicada pelo jornal Estadão, que detalhou os bastidores da articulação diplomática.
Bastidores do encontro na ONU
De acordo com o Estadão, a aproximação não ocorreu de forma espontânea. Houve tratativas discretas em níveis diplomáticos para garantir que Lula e Trump se cruzassem e abrissem espaço para diálogo. Essa estratégia ganha relevância em meio ao clima de atrito nas relações bilaterais.
Na manhã da terça-feira em que o encontro aconteceu, um diplomata antecipou ao Estadão que os dois líderes dividiriam a mesma sala reservada a chefes de Estado e que não havia qualquer medida para evitar o contato. Pelo contrário: o ambiente foi preparado para que o cruzamento ocorresse.
Trump chegou antes e acompanhou o discurso de Lula pela TV da sala, sendo fotografado pela equipe da ONU enquanto o presidente brasileiro falava em defesa da soberania nacional. Lula, por sua vez, manteve o trajeto que o levava à mesma sala para buscar suas anotações, quando poderia ter seguido direto ao plenário. Nenhum dos dois demonstrou intenção de evitar o encontro.
O contato direto aconteceu nos corredores da Assembleia Geral. Lula deixava o plenário após seu discurso quando Trump entrava. O breve encontro foi descrito pelos dois como surpreendentemente positivo.
Clima de tensão e “química” inesperada
Apesar de meses de atritos envolvendo tarifas, sanções e restrições comerciais, Trump declarou à Reuters que pretende se reunir com Lula já na próxima semana e destacou uma “excelente química” entre os dois.
Lula, em entrevista coletiva, afirmou ter ficado surpreso com a cordialidade do encontro. “Foi muito amigável, muito agradável”, disse.
Autoridades envolvidas
Segundo o Estadão, reuniões secretas reuniram, de um lado, Jamieson Greer, Representante Comercial dos Estados Unidos, e de outro, o vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin. Esses encontros ajudaram a pavimentar o caminho para a aproximação entre os dois presidentes.
Motivações e riscos da aproximação
A preparação para o encontro sugere que ambos os países buscam reduzir tensões, especialmente no campo econômico. Os Estados Unidos são um dos principais parceiros comerciais do Brasil, e a instabilidade pode impactar investimentos e tarifas de exportação.
Entretanto, os riscos não são pequenos. O primeiro é a própria instabilidade política e diplomática de Trump, conhecido por decisões abruptas e por reverter acordos de forma inesperada. O segundo é a possibilidade de que o Brasil se veja diante de uma “armadilha” semelhante às situações já registradas com outros líderes, como o ucraniano Volodymyr Zelensky e o presidente da África do Sul, em que encontros acabaram gerando pressões ou embaraços diplomáticos inesperados.
O que observar nos próximos dias
- Se a reunião bilateral será confirmada oficialmente.
- Quais pautas econômicas e comerciais estarão na mesa.
- Como aliados de Lula e opositores políticos reagirão à aproximação com o presidente dos Estados Unidos.
*Fonte: Estadão
Ilustração da capa: Lula e Trump se abraçando no corredor da ONU – Imagem gerada por IA CharGPT.
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