A Arte Culinária de Sichuan Sob a Ótica de um Mestre

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Por JORGE BARCELLOS*

Mestre de pratos de Sichuan Tang Bai Long [Jo Jae Yoon]: “Ya Fei Xiu [Seung You], você fez algo altamente reprovável. Roubou um ingrediente alheio e escondeu isso de mim. Com sua trapaça, insulou nossa grande nação e esta competição. Como cozinheiro, não posso perdoá-la.”

Rei Yi Heon [Lee Chae-min]: “Os cozinheiros que o senhor trouxe são realmente talentosos. No entanto, por mais talento que um cozinheiro tenha, ele precisa, antes, aprender o básico da decência humana.”

Bom apetit, vossa majestade, S01E08.

Bom apetit, vossa majestade é um k-drama transmitido pela Netflix que acompanha a história de Yeon Ji-yeong, uma chef moderna que viaja de volta no tempo para a dinastia Joseon durante um eclipse solar. Sim, é um dorama, ok? Chegando à corte real do Rei Yi Heon, ela acaba nomeada como chef do palácio após cativá-lo com sua culinária que combina técnicas modernas com ingredientes tradicionais.

Estou assistindo com grande entusiasmo. As coisas começaram a ficar interessantes a partir do episódio 6. Quando o enviado Ming exige um concurso de culinária, Ji-young aceita o desafio de representar Joseon — e ganhar o que Yi Heon lhe prometeu. Mas é no episódio 8, “Boeuf Bourguignon com Vinho de Arroz”, que foi ao ar no último dia 14, que veio uma notável lição para os dias atuais. Quando Yeon Ji-yeong chega à competição e começa a cozinhar, descobre que seus ingredientes essenciais estão faltando. Ela foi vitima de uma trapaça de Ya Fei Xiu, mas o que surpreende é a reação de seu chefe, o mestre de pratos de Sichuan Tang Bai Long e do Rei Yi Heon. Quando todos pensávamos que ele iria ser o bandido da vez, e o Rei, estabelecer uma punição, nos surpreendemos com o exemplo de ética e virtude que encarnam nas falas que abrem este ensaio.

Precisamos voltar a ética

Ouço o diálogo, vejo a cena e não consigo imaginar melhor inspiração para analisar três acontecimentos dos últimos dias: o cancelamento do escritor Eduardo Bueno, a aprovação da PEC da Blindagem e do regime de urgência do PL da Anistia na Câmara dos Deputados. Eduardo Bueno é a nossa Ya Fei Chui, como são também os deputados federais que aprovaram a PEC da Anistia e o regime de urgência do PL da Anistia.  Como ela, Eduardo Bueno fez a sua “trapaça”: procurou fazer uma crítica política ácida disfarçada pelo seu humor como deputados aprovaram projeto e regime de urgência que trapaceiam com o modelo republicano.  Se Eduardo Bueno, sofreu uma onda de críticas nas redes sociais após publicar um vídeo em que fazia uma ironia de mau gosto com o ativista conservador americano Charlie Kirk, assassinado durante uma palestra, pior ainda é a situação dos deputados federais que aprovaram duas medidas que, na prática, não apenas criam dois tipos de cidadãos no país, com deputados de um lado sendo  somente julgados por seus pares e todos os demais, de outro, que se submetem à justiça, também tentam premiar os autores de uma tentativa de golpe de estado. Pelo menos Eduardo Bueno publicou uma retratação nas redes sociais, o que significa que reconheceu o erro ao tripudiar a morte de Kirk, mantendo as críticas de esquerda ao cenário político americano da mesma forma que criticamos o gesto dos deputados envolvidos nos projetos citados. Eduardo Bueno afirmou que foi alvo de um “movimento orquestrado por parlamentares da extrema direita”, que teriam usado suas declarações como “cortina de fumaça” para desviar o foco da condenação de militares envolvidos em atos golpistas. Foi pior: não apenas tirou a atenção do PL da Anistia, como tirou também o foco da aprovação da PEC da Blindagem propriamente dita.

O erro de Eduardo Bueno terminou por aproximá-lo daqueles que tenta criticar, exatamente os que aprovaram na calada da noite a PEC. Diz uma reportagem do site Terra” (disponível em https://abre.ai/nzHx) em relação ao seu caso: “Após o episódio, empresas e parceiros comerciais se afastaram do escritor. O podcast apresentado por ele foi suspenso, e eventos que contariam com sua presença foram cancelados”. Quanto a PEC da Blindagem e o PL da Anistia, há passeatas marcadas para o próximo domingo (escrevo numa sexta-feira) mas não sabemos se produzirão efeitos sobre as decisões dos deputados e senadores. Os primeiros tem poder para barrar o PL da Anistia, e os segundos, a PEC da Blindagem – isso se nada mais surpreendente acontecer no final de semana. Há deputados de valor que rejeitaram ambas medidas, assim como Eduardo Bueno, um escritor talentoso, se arrependeu do que disse, mas como diz o Rei Ya Heon sobre Ya Fei Xui, todos estes também precisam aprender o básico da decência humana. Como a auxiliar do cozinheiro-chefe de Sichuan, minha opinião é que eles fizeram algo reprovável: não é possível pisar sobre os mortos, blindar políticos criminosos e nem anistiar os envolvidos em uma tentativa de golpe de estado.

Mas é preciso distinguir o erro de Eduardo Bueno do erro dos deputados que aprovaram a PEC da Blindagem e a urgência da PEC da Anistia nos termos do mestre dos pratos de Sichuan. Se todos merecem o tratamento que o mesmo deu a Ya Fei Xiu, há uma diferença para o caso de Eduardo Bueno. Um dos aspectos que me chama a atenção é que, ao menos Eduardo Bueno reconhece seus erros. Ele mesmo diz (disponível em https://abre.ai/nB0n ) que “A edição original de A Viagem do Descobrimento, por exemplo, teve 23 erros, depois corrigidos; e 21 deles foram de conversão de pesos e medidas; de léguas para quilômetros, de quintais para quilos, etc. Acontece que fiz todos os cálculos de cabeça e, gênio da matemática como sempre fui, errei todos…”. Frente à avassaladora crítica que seu depoimento sobre Kirk recebeu, ele também reconheceu seu erro. Se retratou.  A palavra “retratação” origina-se do termo latino retractatio, que significa “ação de retirar o que foi dito” ou “retirar o que se disse antes”. Tanto num caso como noutro, ele fez exatamente o que lhe cabia fazer: apontado o erro, o reconheceu, assumiu a culpa, pediu desculpas e fez as correções adequadas. Sei que isso é difícil porque eu também erro em meus textos, me passo aqui e ali. Quando apontados, humildemente os reconheço e corrijo. É assim que devem ser as coisas na vida. É o contrário dos ilustres deputados de direita que votaram pela aprovação de projetos e regime de urgência que entendo pavorosos. A grande maioria não se arrepende do que fizeram, ao contrário, estão em articulações para que os projetos também passem no Senado.  Ya Fei Xiu ouve a reprimenda de Tang Bai Long e se arrepende e pede desculpas, exatamente como faz Eduardo Bueno; mas a maioria dos deputados federais estão longe de qualquer arrependimento, qualquer pedido de desculpas, ao contrário, estão exultantes pelas conquistas.

Eu sou de esquerda, mas como muitos de direita, entendo que Eduardo Bueno errou em seu depoimento sobre o líder de extrema-direita assassinado. Mas eu queria agregar ao seu caso outra consequência de seu erro: não como a extrema direita faz, que quer crucificá-lo, cancelá-lo, pelo fato de que ultrajou uma memória de um ser humano, que é claro que isso importa, e é verdade. Minha perspectiva é a do príncipe e a do chefe de cozinha: seu erro ecoa também para a esquerda, que não pode silenciar em criticá-lo por seu gesto, da mesma forma não pode deixar de prestar solidariedade quando a crítica se faz em excesso porque Eduardo Bueno faz parte dela com sua busca pelo fim da luta de classes e da exploração econômica do capital. Até onde eu sei, eu posso estar errado, mas Eduardo Bueno é de esquerda, já foi filiado ao PT, e há vídeos circulando nas redes sociais com seu apoio às causas democráticas, como o combate à privatização de instituições públicas. Como esquerda, como diz o mestre de pratos de Sichuan, eu não posso perdoá-lo por zoar sobre os mortos: não é assim que nenhum ser humano deve agir, e a esquerda, muito menos. Se agir assim, estará se igualando à extrema-direita que quer combater. Não é ela que pisoteia sobre os mortos, não os respeita, como no caso de Marielle Franco ou estou errado? Tripudiar sobre os mortos não é ser da esquerda. O mesmo serve para os deputados petistas que votaram favorável ao projeto da PEC da Blindagem: eu sei que eles votaram para obter vantagens no futuro, numa Câmara dos Deputados onde o governo é minoria. Isto era certo? Se a saída deveria ser outra e se os acordos serão cumpridos, só tempo dirá. Se não, eles também têm parte de culpa numa eventual catástrofe política.

O cancelamento na história

Mas tem mais. O caso Eduardo Bueno é sintoma de transformações que estamos vivendo. Ele não é o primeiro escritor a ser cancelado, mas será, provavelmente, um dos mais famosos. O primeiro escritor a ser cancelado foi, na verdade, um clássico: Monteiro Lobato (1882-1948). Ele teve apontados trechos considerados ofensivos e preconceituosos, principalmente em obras infantis como “Caçadas de Pedrinho”. Depois seguiram-se o escritor Jeferson Tenório, entre 2024 e 2025, quando seu livro, “O Avesso da Pele”, vencedor do Prêmio Jabuti, foi recolhido de escolas de três estados sob justificativas de linguagem imprópria e conteúdo sexual, e o escritor teve seu perfil excluído pela Meta no Instagram sem justificativa adequada, o que ele denunciou como tentativa de silenciamento. Entendo que, salvo melhor juízo, todos estes casos foram exemplos do conservadorismo da extrema direita, de seu moralismo de fachada e foram criticados por serem considerados anacrônicos para os autores envolvidos. Eduardo Bueno, portanto, é apenas mais um escritor que se tornou alvo do moralismo e conservadorismo da extrema direita. Ele cometeu um erro e teve sua punição: a perda de contratos para apresentação na PUC RS e de um podcast. É o contrário da PEC da Blindagem e do PL da Anistia: eles são antecipação e salvo conduto para autoridades e cidadãos que praticam ilícitos.

Entendo que Eduardo Bueno errou e foi punido pela sociedade. A verdade é que todos erramos e pagamos por nossos erros. Por isso barrar a PEC da Blindagem e barrar o PL da Anistia importa. São erros da Câmara dos Deputados e devem ser apontados. Eles são o contrário do que aconteceu com Eduardo Bueno: seu erro foi tratado como crime e ele sofreu uma pena no tribunal das redes sociais. Os projetos em destaque não. A ideia de quem pune é fazer com que o autor não cometa o erro de novo, mas também que, uma vez punido, possa ser ressocializado. Voltar ao convívio com os demais. Mas um de seus princípios fundamentais, entendo, não foi atendido no caso do escritor: as penas não devem ser jamais cruéis ou degradantes, buscando sempre o respeito à dignidade. Eduardo Bueno se retratou: isso deveria ser considerado por aqueles que infligem a pena, até mesmo pelas redes sociais.   Ao se retratar, ele retirou do campo social o motivo de sua condenação pública. Se atores do campo público insistem em seu cancelamento, eles se tornam cruéis, da mesma forma que políticos e autoridades que criam mecanismos para fugirem da punição em causa própria o são, pois é cruel viver em um país em que a justiça não é igual para todos. Mas isso também acontece porque outra coisa está em operação no caso de Eduardo Bueno e sobre a qual é preciso refletir um pouco mais.

O cancelamento como atualização do linchamento

Shoshana Zuboff, em A Era do Capitalismo de Vigilância (Intrínseca, 2020), afirma que “o Facebook se tornou uma das fontes mais autoritárias e ameaçadoras de superavit comportamental preditivo” (p. 312), o que reforça o lugar do cancelamento de Eduardo Bueno, não como uma crítica, mas como linchamento. José de Souza Martins, em “Linchamento: o lado sombrio da mente conservadora” (disponível em https://abre.ai/nAju), argumenta que “esse tipo de crime coletivo sugere um quadro de mudanças sociais que poderiam ser definidas como patológicas. Pois são mudanças que correlacionam o desenvolvimento e a modernização da sociedade na superfície visível; e, na profundidade invisível e nos recantos escuros de um cenário urbano que se expande deteriorado, a afirmação de valores negativos, que não se inserem no elenco de concepções positivas a respeito da constituição da humanidade do homem: os procedimentos modernos, legais, institucionais e racionais de aplicação da justiça, a liberdade, a responsabilidade, a cidadania. Ao contrário, os linchamentos se baseiam em julgamentos frequentemente súbitos, carregados da emoção do ódio ou do medo, em que os acusadores são quase sempre anônimos, que se sentem dispensados da necessidade de apresentação de provas que fundamentem suas suspeitas, em que a vítima não tem nem tempo nem oportunidade de provar sua inocência. Trata-se de julgamento sem a participação de um terceiro, isento e neutro, o juiz, que julga segundo critérios objetivos e impessoais, segundo a razão e não segundo a paixão. Sobretudo, trata-se de julgamento sem possibilidade de apelação.” (p. 11-12).

Entendo que isso significa que as redes sociais se transformaram em espaços de linchamento público, transferido para os dispositivos comunicacionais, atualizado na forma de cancelamento. Entendo que no tempo das fake news, isso dotou a extrema direita de um poder. Se, em nosso mundo, as coisas só existem se estão em uma tela, ela se torna também o espaço em que é experimentada a dor e o prazer sádico das massas. O fato de que o linchamento ou cancelamento se caracterizar por uma avalanche de publicações, que se reforçam e se reiteram complementarmente, seu efeito é a perda da fachada das vítimas, termo utilizado pelo sociólogo Erwin Goffman em sua obra A Representação do Eu na Vida Cotidiana (Vozes, 1985). E a imagem pública de Eduardo Bueno, construída ao longo de uma vida dedicada à produção histórica, de obras notáveis, passa a ser julgada por parte da sociedade com base em critérios punitivos próprios do meio e reduzindo-a a um único aspecto de sua trajetória. Essa monitoração mútua produz o seu boicote, que é também a sua negação social. O cancelamento é sempre uma exclusão.

Eduardo Bueno errou, retratou-se, reconheceu publicamente seu erro, mas a direita e extrema direita continua a cancelá-lo, transformando-se sua ação em um linchamento virtual por que ele vem recebendo críticas e punições de atores e das redes sociais de forma contínua e, como afirma Martins, isto também se constitui, pelo seu excesso, uma espécie de crime coletivo a um escritor, sintoma de mudanças patológicas sérias em nossa sociedade. Quais? As do advento de uma sociedade da informação onde as redes sociais produzem duas coisas. A primeira é normalização da falta de respeito entre as pessoas, o que já demonstrei no caso dos ataques à Marina Silva (disponível em https://abre.ai/nBWF ); a segunda é normalização das redes sociais como tribunais simbólicos. O que está se deteriorando aqui são as noções de respeito e de justiça substituídos por valores negativos pelas massas – punir, punir mais uma vez e punir Eduardo Bueno de novo. Ao contrário, se trata da sociedade reconhecer os valores que instituiu e que são orientadores da justiça: o perdão pelo arrependimento. Os acusadores de Eduardo Bueno participam das mais diversas redes sociais, o que é ambíguo, já que, ao mesmo tempo em que são publicizados os seus nomes, ocorre a impossibilidade real do escritor de reagir a cada um individualmente, o que lhes oferece paradoxalmente, a condição do anonimato público. São sempre, como afirma Martins, críticas que não apresentam os fundamentos de seu cancelamento, já que, uma vez dado o arrependimento do autor, o caso se encerraria. Por que não o fazem?

É o que explicamos na próxima seção. Antes, é preciso destacar o modo de funcionamento que faz com que o cancelamento seja uma outra forma de linchamento: ele recusa as formas de reconhecimento, perdão e arrependimento. Nelas, não adianta Eduardo Bueno arrepender-se, retratar-se e pedir perdão. Em Nova práticas de linchamento virtual: fachadas erradas e cancelamento de pessoas na cultura digital, Fellipe Sá Brasileiro e Jade Vilar de Azevedo afirmam que o cancelamento virtual produz sentimentos de moralidade e poderio compartilhados em grande escala. “No contexto de superexposição em redes sociais, as fachadas são vigiadas full time e em larga escala. A qualquer detecção de erro, indivíduos unem-se para rechaçar a figura do errante, julgando-o culpado por meio de um código de justiça não institucional. Nesse contexto, as práticas de linchamento virtual podem compor a prática de cancelar o outro. Em uma sociedade voltada ao culto à personalidade e espetacularização do eu, aficionada por um sistema de recompensa social advinda da aprovação alheia nas redes sociais, essa prática retira do(s) outro(s) um elemento em franca valorização: a atenção social – positiva” (p. 82).

O caso de Eduardo Bueno agitou as redes sociais, pois elas já estão divididas no contexto pós-bolsonarista. Se o tribunal das redes sociais passa a substituir os tribunais reais, não há necessidade de juiz que julgue o que o cancelado fez. Sai-se do campo da razão do julgar para um julgamento com base na paixão e, de fato, nos termos de Martins, “sem possibilidade de apelação”, já que de nada adianta, para quem cancela, que o autor manifeste seu arrependimento, retire as palavras do espaço público. E o ponto de virada é justamente este: eu entendo que as manifestações de cancelamento em excesso contra Eduardo Bueno não são outra coisa senão a manifestação do mais-gozar que alimenta a cisão política pós-bolsonarista. Cancelar dá prazer. Humilhar, também. Mas exatamente o que é isso?

O cancelamento como expressão do mais-gozar

É o conceito chave no motor de um exercício de poder. Mas é um pouco mais complicado. O conceito de mais-gozar foi formulado pelo filósofo esloveno Slavoj Zizek em Mais- gozar: um guia para os não perplexos” (Vozes, 2025). Como na mais-valia marxista, que opera no nível econômico, o mais-gozar opera no plano simbólico. Ao se acumularem atitudes de cancelamento contra Eduardo Bueno nas redes sociais, entendo que o que vemos é uma das manifestações do “excesso” de que fala Zizek na sua definição de mais-gozo. Na ideia de excedente de críticas, cada um realiza suas necessidades de desfrutar um pequeno poder, e sente o prazer que o poder do cancelamento provoca, que, por não ser algo concreto e até mesmo desnecessário, os envolve num ciclo vicioso de querer sempre mais…cancelar! Aqueles que permanecem no ciclo vicioso do cancelamento ao autor nada mais fazem do que estabelecer uma relação de consumo, em que o prazer de humilhar se torna a própria essência da vida atual. O cancelamento é uma forma de produção de um gozo individual e coletivo que exige que se reproduza cada vez mais e mais. Desconfio que na aprovação da PEC da Blindagem ou na urgência do PL da Anistia algo similar tenha sido realizado:  um círculo vicioso da produção da própria impunidade, a certeza de uma maioria que quer sempre mais e mais emendas em seu benefício, mais direitos que são privilégios, mais benefícios para os mesmos grandes donos do capital são atos que provocam, no momento da conquista, um sentimento de grande prazer de vitória.

Enquanto, diz Zizek, o mantra esquerdista é de que “um outro mundo é possível”, quer dizer, de que podemos pensar no outro para construir um mundo melhor, o mantra da direita e extrema direita que excede no cancelamento de Eduardo Bueno é o que diz “você pode fazê-lo diferentemente, mas pode fazer assim” (p. 332). Eles sabem que poderiam parar com as críticas ou projetos nefastos, mas não o fazem. Aprovam uma lei que contraria a Constituição exatamente “porque eles também podem fazer assim”. Há aqui um fosso separando o exercício da justiça, da ética, do que seria a crítica da atitude de Eduardo Bueno em sua resolução por seu arrependimento, ou da aceitação da crítica da sociedade aos projetos da Câmara dos Deputados,  mas ambos, tanto o cancelamento de Eduardo Bueno como a aprovação da PEC da Blindagem ou da urgência do PL da Anistia, se transformam apenas no exercício sádico feito pela produção do puro prazer de seus autores. A crítica ao infinito a Eduardo Bueno proporciona e o ato de legislar em causa própria são exatamente isso: nada mais prazeroso para a extrema direita e direita do que ver um intelectual de sucesso de esquerda afundar em suas próprias falas ou seus deputados serem capazes de ampliarem seus próprios direitos contra qualquer fundamentação ética ou constitucional. Por isso, diz Zizek, o gozo é alienado, isto é, “o que é a alienação constitutiva do gozo significa é que, em última análise, experimentamos o gozo como mediado pelo grande Outro: é o gozo do Outro inacessível a nós… ou o nosso gozo legítimo roubado de nós por um Outro ou ameaçado por um Outro” (p. 332). Quer dizer, enquanto a mais-valia é um conceito marxista referente ao valor excedente gerado pelo trabalhador, que não é pago ao trabalhador e é apropriado pelo capitalista, impulsionando a acumulação de capital, o mais-gozo (ou gozo suplementar) é um conceito lacaniano que, analogamente, descreve o gozo que está para além do objetivo, ou seja, um gozo que se acumula e que é buscado pelo sujeito para seu próprio prazer sem utilidade direta, mas que é fundamental para a manutenção da subjetividade do sistema capitalista. É preciso gozar mais como consumir mais. Se o cancelamento de Eduardo Bueno ou a aprovação da PEC da Blindagem ou da urgência do PL da Anistia tem algum sentido, é somente o de provocar um prazer à direita e extrema direita, forma de retroalimentação de sua ideologia de consumo à nível subjetivo e que é fundamental para a sua preservação, mas, evidentemente, aniquilar mais um integrante da esquerda ou ganhar mais privilégios no campo político lhes dá um imenso prazer. Para estes, trata-se de outra face daquilo que Elisabeth Roudinesco denominou de “O Eu Soberano” (Zahar, 2022): “o sinal distintivo de uma época em que cada um tenta ser si mesmo com um rei, e não como um outro” (p.10). A direita e extrema direita pensa que pode fazer tudo: mas a ética diz que não.

O cancelamento despreza a obra

Voltemos a Eduardo Bueno. Quando o TRS (Tribunal das Redes Sociais) o julgou, desprezou algo fundamental: a sua obra. Ela inicia com A Viagem do Descobrimento (1998), em que narrou com riqueza de detalhes políticos as motivações da expedição de Cabral ao Brasil; seguiu-se a Náufragos, Traficantes e Degredados (1998), que conta os primórdios da colonização brasileira e as tensões entre índios, colonos e degredados e continuou com Capitães do Brasil (1999), que descreve a luta pela construção da sociedade colonial. Todas essas obras tiveram uma grande repercussão, o que o levou a inúmeras atividades de divulgação, retornando à produção intelectual em 2006, com A Coroa, a Cruz e a Espada (2006), em que descreve os conflitos internos, a corrupção e as desigualdades no governo geral e Brasil: Uma História — Cinco Séculos de Um País em Construção (2013), sua história completa do país, continuada em Dicionário da Independência — 200 anos em 200 verbetes (2020). 

Essas obras deram a Eduardo Bueno uma enorme visibilidade, o que o levou a iniciar uma série de obras e atividades com órgãos públicos. A primeira delas, Caixa: Uma História Brasileira (2002), retratando a história da instituição, seguiu-se a Caixa: 150 anos de história (2010), bem como À sua Saúde — A Vigilância Sanitária na História do Brasil (2005), em que trata da saúde pública e Produto Nacional: uma história da indústria no Brasil (2008), que retrata as conquistas do setor. O fato de, em janeiro, Eduardo Bueno ter assinado contrato de renovação de suas obras com a Caixa já caiu nas redes sociais, que vêm divulgando o valor recebido pelo contrato, sinalizando que o próximo passo da direita e extrema direita em seu processo de cancelamento é o seu rompimento. Mas isso seria o certo? De fato, a Caixa renovou com o autor, já que outro não poderia ser contratado. Se a obra é considerada importante no marketing da Caixa, cancelar o contrato não seria outro exagero? O que fará a Caixa?

O dispositivo do cancelamento como arma da direita e extrema direita

Foi o cineasta Pablo Vilaça que denunciou a hipocrisia da direita e da extrema direita no uso da prática do cancelamento (disponível em https://abre.ai/nAOg). Ele criticou o modo como o Fantástico abordou, no domingo retrasado, dia 14, o assassinato do extremista Charlie Kirk. O programa, com tanto receio de ser atacado, tornou a matéria quase um elogio do sujeito que pregava racismo abertamente, que afirmava não suportar o conceito de “empatia”, que declarou que “algumas mortes por armas de fogo por ano” eram um preço razoável a se pagar pela Segunda Emenda (“e por nossos outros direitos concedidos por Deus”¹) e, claro, defendia julgamentos “no estilo de Nuremberg” para médicos que defendessem medidas de afirmação de gênero. Segundo a visão do programa, Kirk era apenas um amoroso pai de família que foi morto por se dispor a debater com seus oponentes políticos.

O fato irrefutável de um militante da extrema direita ser assassinado exige uma postura de respeito, inclusive da esquerda, como Pablo Vilaça defende. O que o cineasta quer apontar e que concordamos é que essa atitude de respeito deve ser igual para os dois lados, o que não acontece com a direita e extrema direita. E cita os casos de desrespeito da direita pela morte de Marielle Franco como exemplo. A ascensão da extrema direita no Brasil já foi condenada por estudos como os do Gephae (disponível em https://abre.ai/nBYT) e condenar o assassinato de Charlie Kirk não significa aceitar sua trajetória, da mesma forma como cancelar Eduardo Bueno não pode significar a rejeição de sua produção histórica. Não podemos normalizar o discurso do ódio: o que Eduardo Bueno fez foi algo grave, muito grave, e por isso merece ser criticado. Quando ele se retratou, ele aceitou o julgamento social de que o que fez era errado; quando se submeteu ao cancelamento de suas atividades na PUC e de um podcast, aceitou a punição do tribunal das redes sociais. Mas é preciso, entretanto, que isto pare e que a vida continue, até para Eduardo Bueno. O que ele fez foi uma página infeliz de sua história com a qual terá de conviver. É preciso colocar ao tribunal da justiça das redes sociais em seu devido lugar: ele não pode igualar a trajetória de um ao de outro. Em suas obras, Eduardo Bueno denunciou o poder, as elites, a dominação social e criticou os aspectos danosos do capital. Tudo isso colabora com a construção da democracia. Diz Vilaça que “Kirk pode ter se tornado uma vítima, mas jamais poderia ser classificado como “inocente”. É aí que reside a hipocrisia da direita e da extrema direita de que fala o autor.

Qual é a hipocrisia da direita no caso de Eduardo Bueno de que fala Vilaça? Continuar a luta por sua desconstrução. Ela se vê na posição de paladino da justiça em sua luta contra a esquerda, rapidamente argumenta contra a trajetória do escritor, transformando a exceção de seu comportamento em regra geral de sua trajetória, o que já atinge, inclusive, sua esposa (disponível em https://abre.ai/nBZa ), o que é um absurdo. Essa estratégia tem um objetivo:  passar a ideia de que “a violência é característica da esquerda, não da direita”, e assim, a direita inverte os termos reais de sua ação.  Por que aqueles da extrema direita que acusam Eduardo Bueno não se manifestaram quando Nikolas Ferreira ironizou a morte de Marielle Franco, sugerindo que “não era flor que se cheire” ou que, “por transfobia, expôs uma adolescente de 14 anos em suas redes sociais”? Hoje, Ferreira persegue qualquer um que celebre a morte de Kirk, razão a mais para Eduardo Bueno ser cuidadoso no que diz.

Ainda que existam políticos de direita que não fazem parte dela, essa cultura do cancelamento de direita e extrema direita vem se tornando forte nela e é nada menos do que institucionalização da perseguição qualquer um que seja expoente da esquerda. No caso americano, a perseguição funciona, mas o que está na sua base é a ideia errônea de que a liberdade de expressão que defendem só vale para um lado, o da direita, como diz Vilaça.  Eduardo Bueno errou feio, não apenas por desfazer-se de um cadáver, mas por envolver sua família: ele errou feito também para o movimento que apoia e representa, que luta em defesa do bem-estar social, da igualdade e combate às formas de opressão e a exploração do capital. E que respeita os mortos. Agora, a direita deu um passo a mais e está fazendo a mesma coisa com sua esposa. É preciso criticar isso. A atitude de Eduardo Bueno, nos termos do mestre de pratos de Sichuan, foi reprovável porque insultou toda a esquerda: não é assim que agimos, nós respeitamos os mortos, inclusive os da direita e extrema direita. A morte exige a suspensão da preferência política. Mas a recíproca é verdadeira? Vilaça diz que não.

O cancelamento como perversão

Voltemos as nossas balizas de ser esquerdista: a esquerda defende o trabalhador; a direita, o capital, e por aí afora. É claro que essas coisas ficam confusas na prática, inclusive da esquerda, basta ver o modo como votaram os petistas do congresso na PEC da blindagem ou pode nos surpreender como fez  Damares Alves (Republicanos-DF) ao repudiar o projeto. Mas há algo de perverso no neoliberalismo expresso no cancelamento das redes sociais: ficou mais fácil para o mal tomar a máscara do bem, a da inocência. Quando o tribunal das redes sociais nos apresenta seus culpados, a perversidade do pensamento de extrema direita se manifesta tanto pelo que ela é, maldade, perversidade, como pelo que ela não é – candura e boa-fé. Os manifestantes de extrema direita que vêm a público arrasar a carreira de Eduardo Bueno são assim: eles querem aparecer como bons, movidos pelo sentimento de preservação da vida de um, mas o que fazem é pregar a morte de outro. Ainda que simbólica, é uma morte. Diz Patrick Vignoles em A perversidade (Papirus, 1991): “Se a maldade tem seu contrário, a bondade, a perversidade não têm. Qual é o critério que nos permite julgar que essa inocência é real, que não é a aparência de uma realidade perversa? A perversidade envolve malignamente, perversamente, seu contrário em seu próprio conceito e frustra as tomadas de razão e da lei. Assim, o perverso não necessariamente só faz coisas más ou maldosas. Sua conduta pode ter a aparência da do homem de bem.” (p. 78).

Assim, criticar Eduardo Bueno pode dar aos políticos de extrema-direita a aparência da atitude do homem de bem, mas, na verdade, não é nada disso porque eles exageram na medida.   A perversidade está em cancelar o escritor mesmo já sabendo de seu arrependimento, de sua retratação. “Se o perverso aparentemente faz o bem, é realmente em vista do mal”, diz Vignoles (p. 78). Por isso, enquanto criticam em excesso Eduardo Bueno, o cancelam nas redes sociais, torcem pelo seu fracasso profissional, eles apoiam  seus representantes que comprovadamente agem da mesma forma. “Sou perverso quando busco mostrar-me tal como não sou e dissimular o que sou, não dizer o que faço e dizer o que não faço. A perversidade é da ordem do oculto: foi por isso que pudemos reduzi-la ao Diabo”. (p. 79). Não é exatamente assim que é tratado Eduardo Bueno, como o novo diabo da extrema direita?

É preciso também querer mudar um pouco, Peninha

É preciso tirar lições disso tudo, não podemos viver em clima de guerra social. Não é notável que um jornalista de sucesso, um dos mais importantes jornalistas brasileiros de sua geração, que se tornou famoso por popularizar uma história do país de forma acessível, narrativa e didática, e por isso mesmo conhecido do grande público, tenha apagada sua trajetória e seja lembrado agora somente por esse erro grave? De fato, a trajetória de tradutor, editor, premiado com o Jabuti e a Ordem do Mérito Cultural, preocupado com uma visão com o presente, que rompeu a distância entre a academia e o público leigo, popularizando a história crítica do país não será  justamente o motivo que o transformou em um foco de cancelamento da extrema direita?

Deveríamos olhar o que aconteceu com Eduardo Bueno para nos perguntarmos sobre o que está acontecendo com nossa sociedade e como podemos mudar para melhor. Seu caso revela muito sobre nossas posições políticas, nossa cultura e o modo como nos relacionamos com aqueles que têm sucesso em sua profissão no mundo das redes digitais. Em primeiro lugar, se eu pudesse dizer algo a Eduardo Bueno, é que ele também precisa mudar. Como diz o Rei Yi Heon, o autor de Terra Brasilis é um escritor realmente talentoso, mas, por mais talentoso que seja, ele precisa aprender o básico da decência humana. Ele precisa fazer isso não apenas por ele mesmo, mas pelo sistema de ideias que defende. Ser de esquerda significa uma posição no mundo, contrária ao neoliberalismo, ao capital, aos ideais dos partidos de extrema direita e à concentração de poder. Falar da história deste país denunciando isso é um dos méritos de Eduardo Bueno, o de divulgar uma visão de esquerda. Mas ser de esquerda é também respeitar os mortos, inclusive os da direita.

Eu entendo que seja difícil para Eduardo Bueno mudar seu estilo sarcástico e irônico. É verdade que o próprio poderia considerar isso um atentado à sua liberdade de ser e de opinião, mas a verdade é que mesmo ela tem limites, que vale tanto para a esquerda como para a direita. Nem toda opinião pode ser considerada liberdade quando estão em discussão valores fundamentais. Querer falar o indizível, o abominável virou mantra, senha e mercadoria no mundo das redes sociais para chamar a atenção. Para escritores e políticos. Vivemos no interior de uma engrenagem perversa, em que até a promessa de mudança é um truque cuidado por coaches, influencers, desde que nos submetamos a certas regras. Eduardo Bueno precisa se dar conta das consequências da passagem de seu mundo de autor de livros – e, portanto, real – para autor de podcasts e canais no YouTube – e, portanto, virtual. Eu espero que o caso ensine a Eduardo Bueno que também ele precisa mudar um pouco o seu estilo, adaptar-se às consequências desse modelo de exposição, caso contrário, a sociedade esquecerá a sua grande importância na popularização da história do país.

Mas não é apenas Eduardo Bueno que precisa mudar. A esquerda e a direita também. Foi lamentável o que aconteceu em relação ao seu caso: exceto por poucos formadores de opinião, como Moisés Mendes e Francisco Marshal, até onde vi poucos simpatizantes de esquerda abriram espaço para buscar recolocar o tribunal da inquisição das redes sociais em seu devido lugar. Seria um momento importante: possibilitaria a esquerda, ao mesmo tempo que reconhecesse o erro de seu ilustre integrante, também reafirmasse sua união e sua defesa do respeito ao outro. Seu silêncio foi aterrador.  Quais as duas mensagens que faltaram serem ditas: a primeira, de que a esquerda não tolera zombar dos mortos; a segunda, de que a justiça é para todos e finaliza pelo arrependimento. Mas não foi isso que aconteceu. Ou deixei passar algo?

Finalmente, a sociedade precisa mudar. Precisamos reconhecer as diversas formas da violência, inclusive as on-line; precisamos, uma vez reconhecendo as práticas de violência à direita e à esquerda, lutar para combatê-las, pois ela pode inviabilizar a própria política. De fato, sinto saudades do tempo em que o debate político era exatamente isto, um debate com base em argumentos racionais entre direita e esquerda. Lembram-se de Ulisses Guimarães? Esse tempo passou? A julgar pelos tribunais das redes sociais e das ações de parte de nossos representantes, sim, com seu discurso violento e corrosivo, que colaboram para pôr fim à natureza humana dialógica e com seus projetos que ferem gravemente a ética, base da boa política. Se as críticas a Eduardo Bueno assumem tal grau de violência, é porque, em algum lugar, ultrapassamos os limites da civilidade, do julgamento e da boa crítica. O mesmo vale para os projetos da PEC da blindagem e do PL da Anistia.

Se devido a indústria cultural, a má política e as redes sociais converteram parte da população em seres que se odeiam uns aos outros, que alimentam o prazer perverso de destruírem-se a si e aos demais, então é preciso uma reconversão: ela só pode iniciar quando nos conscientizamos do excesso de tudo isso, do mal que nos produz enquanto sociedade. Essa espiritualização precisa voltar, precisamos nos recivilizar, precisamos abandonar os processos que nos transformam em monstros. Nesse sentido, diz Adam Phillips, em Sobre querer mudar (Ubu, 2025): “Para Balibar [Etienne Balibar, filósofo francês], a violência deve ser convertida pela política: não importa se essa conversão é feita por meio da revolução ou do processo democrático, seu objetivo deve ser criar uma política de civilidade em vez de uma antipolítica de crueldade.” (p. 74). Essa é a lição do cozinheiro Tang Bai Long, que até numa competição culinária é preciso saber os limites e seguir as regras. Porque seria diferente entre esquerda e direita? Porque seria diferente para a PEC da Blindagem ou para o PL da Anistia? A regra é clara: se cidadãos comuns são julgados na justiça, por que deputados federais e presidentes de partido seriam julgados por seus pares? Se quem trama um golpe de estado deve ser preso, porque anistia-lo? Se um cidadão erra e se arrepende, porque insistir na punição? Pois é, dorama também é política. Nenhuma dessas situações aconteceria no reino de Tang Bai Long. No Brasil acontece.


Publicado originalmente Sler.

*Jorge Barcellos é graduado em História (IFCH/UFRGS) com Mestrado e Doutorado em Educação (PPGEDU/UFRGS). Entre 1997 e 2022 desenvolveu o projeto Educação para Cidadania da Câmara Municipal. É autor de 21 livros disponibilizados gratuitamente em seu site jorgebarcellos.pro.br. Servidor público aposentado, presta serviços de consultoria editorial e ação educativa para escolas e instituições. É casado com a socióloga Denise Barcellos e tem um filho, o advogado Eduardo Machado. http://lattes.cnpq.br/5729306431041524

Foto de capa: Reproduzido de New Dramalist (divulgação) Fonte: https://abre.ai/nAX7. Da esquerda para a direita, os cozinheiros de Sichuan Ya Fei Xiu e Tang Bai Long.

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