Da REDAÇÃO
Morreu em 13 de setembro de 2025, no Rio de Janeiro, o compositor, multi-instrumentista e inovador da música brasileira Hermeto Pascoal, aos 89 anos. Conhecido mundialmente como “O Bruxo”, ele deixa um legado que atravessa fronteiras, com uma obra marcada pela improvisação, experimentação e pela ideia de que qualquer som pode ser transformado em música.
Infância e primeiros passos
Hermeto nasceu em 22 de junho de 1936, em Lagoa da Canoa, no agreste de Alagoas, então distrito de Arapiraca. Portador de albinismo, passou parte da infância recluso, mas encontrou na música um caminho de expressão. Aprendeu acordeão com o pai e, ainda jovem, começou a explorar outros instrumentos, desenvolvendo um estilo único.
A música sem fronteiras
Sua trajetória profissional começou nos anos 1960, integrando grupos como Conjunto Som 4 (1964), Sambrasa Trio (1965) e o Quarteto Novo (1967), que abriu caminho para o reconhecimento nacional. Em 1970 lançou seu primeiro álbum solo, Hermeto Pascoal, e logo depois ganhou projeção internacional com a participação no disco Live-Evil, de Miles Davis.
A partir daí, consolidou sua reputação como um dos músicos mais originais do século XX. Seu estilo incorporava sons da natureza, da fala cotidiana e de objetos inusitados, expandindo os limites da música popular e erudita. Hermeto rejeitava rótulos e dizia criar “música universal”.
Obras mais conhecidas
Hermeto construiu uma discografia extensa e diversificada, com álbuns que se tornaram referência:
Sambrasa Trio (1965)
Quarteto Novo (1967)
Hermeto (1970)
A Música Livre de Hermeto Pascoal (1973)
Slaves Mass (1977)
Trindade (1977)
Zabumbê-bum-á (1979)
Ao Vivo Montreux Jazz Festival (1979)
Cérebro Magnético (1980)
Hermeto Pascoal & Grupo (1982)
Lagoa da Canoa, Município de Arapiraca (1984)
Brasil Universo (1986)
Só Não Toca Quem Não Quer (1987)
Por Diferentes Caminhos (1988)
Festa dos Deuses (1992)
Eu e Eles (1999)
Mundo Verde Esperança (2002)
Chimarrão com Rapadura (2006)
Bodas de Latão (2010)
No Mundo dos Sons (2017)
Natureza Universal (2017)
Pra Você, Ilza (2024)
Além dos álbuns, composições como Nem Um Talvez, gravada por Miles Davis, e Chorinho para Ele se tornaram clássicos em sua trajetória.
Participações e colaborações
Hermeto também esteve presente em trabalhos de grandes nomes da música, como Airto Moreira, Flora Purim, Edu Lobo e Taiguara. Sua colaboração com Miles Davis em Live-Evil (1970) projetou seu nome no cenário internacional. Ao longo da carreira, foi celebrado em festivais e reconhecido por músicos de diferentes estilos e gerações.
Últimos anos e legado
Em 2024, lançou o álbum Pra Você, Ilza, homenagem à sua esposa Ilza, com quem dividiu décadas de parceria. Mesmo aos 80 anos, seguia ativo, compondo, se apresentando e incentivando novos talentos.
Hermeto Pascoal deixa um legado inestimável. Sua música, livre de rótulos e marcada pela ousadia, continua a inspirar músicos e ouvintes em todo o mundo.
Foto da capa: Hermeto Pascoal – Wikipédia
Tags: Hermeto Pascoal, obituário, música brasileira, multi-instrumentista, inovação musical, compositor brasileiro, jazz, improvisação
