Programação cultural de 12 a 19 de setembro

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Por LÉA MARIA AARÃO REIS*

*Mais de 1.300 estrelas de Hollywood como Ayo Edebiri, Mark Ruffalo, Riz Ahmed e Tilda Swinton, assinaram compromisso boicotando instituições cinematográficas israelenses em protesto aos abusos contra os palestinos. O movimento, divulgado em carta, denuncia o que os signatários chamam de “horror implacável em Gaza, onde Israel matou mais de 64 mil palestinos e destruiu grande parte do território”, e conta com a adesão de Olivia Colman, Javier Bardem e Mike Lerner. A declaração lembra o movimento Filmmakers United Against Apartheid, que se recusou a exibir filmes na África do Sul durante o regime do apartheid.

*Boicote a empresas sediadas no Brooklyn, em Nova York: Easy Aerial, fabricante de drones autônomos, e Crye Precision, fabricante de equipamentos táticos, ambas fabricantes de produtos utilizados pelo exército israelense em Gaza. A campanha do bairro, Demilitarize Brooklyn Navy Yard, organiza protestos e piquetes semanais e barulhentos para exigir a remoção das duas empresas da região.

*Manifestação em solidariedade à Palestina, em Berlim, para denunciar o genocídio israelense em curso em Gaza, apesar da política repressiva geral do governo alemão contra os manifestantes pró-Palestina.

*Moradores de Gaza realizam vigílias para demonstrar que não cumprirão ordens militares israelenses exigindo a evacuação completa da Cidade de Gaza. O grupo Assembleia Nacional das Tribos, Clãs e Famílias Palestinas contou com a participação do pessoal médico que ainda trabalha em hospitais semidestruídos, que rejeitam o plano de deslocamento forçado de Israel e afirmam sua adesão à terra que é de sua inalienável propriedade.

*Observações sobre o voto interminável do Ministro Luiz Fux, na última quarta-feira, no Supremo. O que diz o advogado e presidente da Comissão de Direito Constitucional do Instituto dos Advogados Brasileiros, Jorge Folena: “Infelizmente, Fux não produziu um voto jurídico, mas um panfleto ideológico da pior qualidade”.

*E comenta Ricardo Cappelli, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, se referindo às “contradições e confusões” do eminente ministro: “Fux parecia um ministro da Suprema Corte dos EUA”. Cappelli se refere às diversas citações estrangeiras apresentadas pelo ministro.

*O programa é aprendendo o nosso idioma. Categórico e incivilizado, Jason Miller, um dos conselheiros prediletos de Donald Trump, e amigo e um dos contatos principais, na Casa Branca, dos brasileiros expatriados Flavio Bolsonaro e João Figueiredo, sobre o Ministro Alexandre de Moraes logo após o Ministro votar pela condenação do ex-presidente: “É um gangster de terceira categoria”.

*O sinônimo, em idioma brasileiro, da palavra cafajeste que, eventualmente, poderia ser aplicada a Miller é: biltre, calhorda, canalha, patife, crápula, safado, sem-vergonha. Os amigos brasileiros expatriados podem instruí-lo.

*O livro da jornalista Leneide Duarte-Plon, “A tortura como arma de guerra — da Argentina ao Brasil”, da Ed. Civilização Brasileira, de 2016, foi lançado em árabe, no Dia da Independência da Argélia, 5 de julho passado. O tradutor é o diplomata argelino Chafik Kellalla. E em outubro será a vez da versão em francês, com tradução de Clarisse Meirelles, da Editora Harmattan.

*Do Ministro Flavio Dino em seu voto durante julgamento no Supremo Tribunal Federal: “Eu me espanto com alguém imaginar que quem chega ao Supremo vai se intimidar com tweets. Será que as pessoas acreditam que um tweet de uma autoridade de um governo estrangeiro vai mudar um julgamento no Supremo? Será que alguém imagina que um cartão de crédito ou o Mickey vão mudar um julgamento no Supremo”?

*Importante programa para as crianças. A animação infantil “Zoopocalipse — Uma Aventura Animal” (Night of the Zoopocalypse) estreia no próximo dia 25, acompanhando um grupo de bichinhos nada parecidos entre si que precisam se juntar para enfrentar um desafio: impedir que o zoológico onde eles vivem seja dominado por zumbis de geleca. O desenho fala sobre como o convívio com as diferenças pode abrir espaço para amizades importantes. E que, quem sabe?, trabalhando juntos, possamos nos salvar do apocalipse.

*Do Ministro Alexandre de Moraes em seu voto no julgamento desta semana no Supremo: “Aos poucos, estamos esquecendo que o Brasil quase volta a uma ditadura de 20 anos porque uma organização criminosa constituída por um grupo político não sabe perder eleições. Uma organização criminosa liderada por Jair Bolsonaro não sabe que é princípio democrático e republicano a alternância de poder”.

*Lançamento literário interessante: volume “Amazônia no século XXI” organizado pelos professores Antonio Augusto Rossoto Ioris, da Universidade de Cardiff, e Rafael R. Ioris, da Universidade de Denver. Entre os autores dos textos: Ana Penido, Bárbara Luana Pereira Pacheco, Clarice Cohn, Cristina Yumie Aoki Inoue, Edviges M. Ioris, Ennio Candotti, Estevão Ciavatta, Jéssica Rúbia Gonçalves, Paul E. Little, Paula Franco Moreira, Philip Martin Fearnside, Sônia Guajajara, Suzeley Kalil, Tomas Paoliello. (Ed. Alameda).

*O escritor Raduan Nassar relembrando por mais de uma vez a observação de Pepe Mujica sobre o fato de alguém ser de esquerda. “Considero-me de esquerda sim, e fico com a bela definição de Pepe Mujica que disse: ‘É uma posição filosófica perante a vida, onde a solidariedade prevalece sobre o egoísmo'”.

*Este mês, o MST comemora os 104 anos do patrono da educação brasileira, Paulo Freire, com o Curso Paulo Freire 2025: A Atualidade da Pedagogia do Oprimido e os Desafios da Educação Popular, em parceria com a Associação dos Amigos da Escola Nacional Florestan Fernandes e com a Escola Nacional Paulo Freire. As inscrições estão abertas em: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfFRMe0JGEXWjez0FHlXiCtNDwWcdiyHLEi9Ct0qMamicUqeg/viewform

*Estreia nas telonas: “Dormir de Olhos Abertos”, da cineasta alemã Nele Wohlatz, produção de Emilie Lesclaux e do diretor Kleber Mendonça Filho, uma coprodução Brasil, Argentina, Taiwan e Alemanha que conta a vida de estrangeiros taiwaneses e chineses no Recife. O filme acompanha a história da jovem Kai, que vem de Taiwan passar férias no Brasil e conhece outros estrangeiros pulando de cidade em cidade em busca de trabalho. Entre encontros e desencontros, Kai tenta decifrar um país e uma cultura muito diferentes da sua. Um bom argumento cinematográfico.

*”A mente ninguém pode escravizar: Maria Firmina dos Reis pela crítica contemporânea” é o título do volume organizado por Anna Faedrich e Rafael Balseiro Zin sobre a primeira mulher a publicar um romance no Brasil — “Úrsula”, em 1859. Maria Firmina foi também a primeira voz feminina a registrar o tema da escravidão a partir da experiência vivida pelos próprios cativos. Outras obras deixadas por ela: o conto “Gupeva”, de 1861, e “A escrava”, do ano seguinte, e os poemas do volume “Cantos à beira-mar”, de 1871. (Ed. Alameda)

*E outra estreia interessante: “Suçuaruna”, a história das aventuras da andarilha Dora, durante dez anos, através de um território arruinado pela mineração e em busca de uma terra perdida e mítica, Suçuaruna, sonhada um dia por ela e por sua mãe. Um lugar onde imagina que possa enfim se deter, para se sentir em casa, tendo um lugar no mundo. Guiada por um misterioso cachorro, Dora (a atriz Sinara Teles, estreando no cinema) encontra refúgio na vila de trabalhadores de uma fábrica abandonada onde eles vivem em comunidade. Filme de Clarissa Campolina e Sergio Borges, chegando às telonas também esta semana.

*Para quem não lembra: Angela Ro Ro, que partiu esta semana, iniciou sua carreira no começo dos anos 70 quando morava na Inglaterra e cantava em pubs. De volta ao Brasil, participou do Festival de Rock de Saquarema, no Rio de Janeiro, em 74, e em 1979 estourou com seu grande sucesso, “Amor, meu grande amor”, o seu primeiro disco solo. Vai em paz, Angela, cantando, persistente, com sua voz rouca e apaixonada.


*Léa Maria Aarão Reis é jornalista.

Ilustração de capa: Marcos Diniz

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Respostas de 2

  1. Obrigada Lea, seu texto anima e convida a gente a fruição estética.
    Uma maravilha nestes tempos sombrios, o teu texto e as indicações.

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