Os sonhos realizados de Silvio Tendler

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Por LÉA MARIA AARÃO REIS*

Em cerca de quatro décadas de atividade incansável e corajosa, Silvio Tendler, que acaba de falecer aos 75 anos de idade, realizou mais de 70 produções entre longas, médias e curtas-metragens. Mais do que o ‘cineasta dos sonhos interrompidos’, como se tornou conhecido, Silvio foi o diretor de uma vasta filmografia de produções realizadas com garra e talento.

(Este texto foi atualizado, condensado e publicado em Carta Maior em 2014).

“Não há censura política, mas há uma censura econômica em cima dos filmes políticos brasileiros que pertencem a uma bela safra de produções de alta qualidade, mas à qual o povo não tem acesso,” diz o cineasta Silvio Tendler, professor de cinema e história na Faculdade de Comunicação da PUC-Rio e diretor de dois clássicos do nosso cinema político – Jango e Os anos JK, as maiores bilheterias de docs nacionais.

Conversamos com Tendler no escritório da sua produtora, a Caliban, no Rio de Janeiro, e ele também respondeu às perguntas enviadas na ocasião pelo jornalista argentino Dario Pignotti, de Buenos Aires.  

Silvio desenhou um paralelo entre a produção do cinema político brasileiro e das excelentes produções argentinas do mesmo gênero nos últimos 50 anos. Criticou a precariedade dos canais de exibição, distribuição e circulação dos filmes nacionais políticos, a concentração das salas em shoppings centers – “quem vai a shopping para comer fast food e comprar roupa de marca não vai ver filme político”; – e investiu contra o esquema atual de horários das sessões – “quem vai ao cinema às duas da tarde de uma terça-feira’’?

Emociona-se quando fala sobre Os inconfidentes, de Joaquim Pedro de Andrade, filme que adora. “ Pouca gente o viu. Tem que ver Tiradentes dizendo ‘se dez vidas eu tivesse daria dez vidas para salvá-los’, momentos antes de ser enforcado e ao saber que a rainha concedera clemência aos seus companheiros condenados à morte excluindo-o do perdão. É muito lindo! Termina com o palanque com Magalhães Pinto festejando o Dia da Independência e a PM mineira marchando em homenagem ao cara que foi morto e esquartejado como traidor’’.

Tendler estreou na TV Brasil a série de cinco programas de 50 minutos que resultaram em um  longa metragem de duas horas, o documentário Advogados contra a ditadura e  outro, Os militares que disseram não, emocionante testemunho sobre os que foram perseguidos de modo implacável pela ditadura. Ele ressalta: “As duas séries se complementam formando labirintos, caleidoscópios, quebra-cabeças, como eu gosto de fazer.”

Outro é O veneno está na mesa II, sequência do primeiro sobre o uso criminoso e o consumo dos agrotóxicos no país. O primeiro Veneno está disponível no Youtube. Todos vão circular e Silvio faz questão de enfatizar: “gratuitamente”. O mesmo como o seu Os caçadores da alma, de 2013, seleção de 13 filmes com os melhores fotógrafos do Brasil; também disponível no youtube.

A entrevista/parte 1

CM: Qual é o balanço que você faz do cinema político brasileiro nos últimos 50 anos? É tão vigoroso quanto o cinema argentino, por exemplo, nesse gênero?

Num balanço geral, temos filmes muito importantes do ponto de vista político e realizados em certos momentos. Eles fizeram a história do cinema brasileiro.

Por exemplo?

Por exemplo, feito em plena ditadura Médici, Os inconfidentes,  de Joaquim Pedro de Andrade. Durante a ditadura do Figueiredo você tem Prá frente Brasil, do Roberto Farias, Eles não usam black tie, do Leon Hirszman. Por outro lado, há um cinema argentino, sempre muito politizado, que vem desde os anos 60, com La hora de los hornos, do Fernando Solanas até Luiz Puenzo e o seu A história oficial, que ganhou o Oscar. Tem um quase fla-flu nesta questão.

E hoje em dia?

Sem sombra de dúvida, hoje, a grande vantagem do cinema argentino em relação ao brasileiro não é por falta de filmes políticos brasileiros. É porque os filmes políticos brasileiros estão marginalizados por conta da política da Ancine, a Agência Nacional do Cinema Brasileiro. Não se pode esquecer que a Ancine foi criada durante o governo do FHC para dotar o cinema brasileiro de outra estrutura, para reestruturá-lo. Ela deveria ter sido demolida no primeiro dia do governo Lula.

Por quê?

A Ancine, que continua até hoje, contaminou toda a cultura. A Ministra Martha Suplicy, quando assumiu a pasta, e para justificar o terceiro mandato do Manoel Rangel, disse que a Ancine era uma agência diferente. Diferente em quê? A proposta, logo no início, era transformá-la em uma agência do cinema e do áudio visual. Nós fomos a favor. Mas a direita se rebelou. A lei não passou e hoje são feitas todas as trapalhadas possíveis com o cinema brasileiro.

Como, por exemplo?

A Ancine se orgulha de o cinema brasileiro ter feito 15 milhões de espectadores em 2012. Ora, se considerarmos que cada espectador médio brasileiro vai ao cinema duas vezes por ano, isto é pouco. Num país de 200 milhões de habitantes significa nada.

Uma questão de contabilidade equivocada?

Sim! Você passa o filme em sessões para professores. Na plateia, há 200, 300 professores. Você passa filmes em circuitos escolares. Temos dois mil jovens. Mas isso não é contabilizado!

Sem falar nos horários, por vezes absurdos.

Claro. As pessoas terminam indo ver filme americano com maior oferta de salas e horários. Um exemplo: quando lancei Jango, quando lancei JK, os meus filmes ficavam cinco semanas em cartaz em sessões das duas, quatro, seis, oito e dez horas. Hoje, você lança um filme com apenas duas sessões por dia –  duas e  seis. Quem pode ir ao cinema de tarde, às duas horas?

O povo em geral não tem acesso ao cinema?

Não tem acesso. Em 1984, plena ditadura militar, eu fiz Os anos JK e tivemos 800 mil de espectadores. Com Jango, um milhão. Hoje, um documentário sobre Vinicius de Moraes faz 300 mil espectadores. O de Pelé faz 400 mil. Isto quer dizer que não temos cinema alternativo. Não temos salas de cinema alternativas. Os documentários políticos brasileiros são ótimos, de boa qualidade. Há uma safra de filmes maravilhosos, mas que fazem 30 mil espectadores.

Quais?

O dia que durou 21 anos, por exemplo. Fez 30 mil espectadores – se tanto. O filme de Flavia Castro, Diário de uma busca; o da Maria de Medeiros, os filmes da Lucia Murat. Mas o cinema não consegue chegar ao público porque em pleno governo popular as salas de cinema estão todas concentradas nos shoppings. Os ingressos custam uma fortuna. Para um casal ir ao cinema, no barato gasta 100 reais. Quem pode? E quem vai ao shopping para consumir fast food e comprar roupa de marca  não quer ver cinema político. Vai ver Hollywood ou então aquilo a que já está habituado a assistir na TV. O cinema brasileiro virou uma extensão da televisão em tela grande. Então, nós não temos espaço. Por que não se faz ingressos subsidiados? Filmes feitos com recursos públicos deviam ter um preço/teto de ingresso.

Mas no Rio, há as salas da Baixada Fluminense, o Ponto Cine…

Exceções que confirmam a regra.

A indústria argentina é mais bem montada?

Na Argentinaháum movimento chamado DOCA-Documentaristas Argentinos. Os filmes são muito mais baratos e as pessoas produzem com mais intensidade

Na Argentina, o mercado conta com muitos canais de exibição.

Além das salas, há centenas de canais de TV pela internet, de grupos alternativos. Há canais populares, as pessoas vão com mais frequência ao cinema. Há mais cinemas de rua e os ingressos são mais baratos. Passeando em Corrientes vemos vários cinemas. No Rio, quantos cinemas ainda funcionam na Cinelândia? E na Avenida Copacabana? Em Madureira? Antigamente, Madureira era um termômetro de público do cinema brasileiro. O filme que faz público em Madureira é filme popular.

Qual a importância do cinema fazer parte da sala de aula?

Não defendo cinema apenas na sala de aula como é a proposta do Senador Cristovam Buarque. Cinema é também para os momentos de lazer. O que discuto é que não existe, por exemplo, uma interface entre o Ministério da Educação e o da cultura. Na educação tem-se uma política de difusão da literatura brasileira subsidiada pelo estado. O jovem brasileiro pode ler livros da nossa literatura. Machado, Graciliano, Mario de Andrade, Jorge Amado. Mas não vê filmes brasileiros nas escolas. Ver filme brasileiro não devia fazer parte apenas da sala de aula. Seria também para os momentos de lazer do jovem que poderia ouvir a proposta: ’toma aqui; vai ver um filme do Nelson Pereira’ ou então ‘tem aqui um Eduardo Coutinho, um Joaquim Pedro, um Silvio Tendler. Vai ver.’

Em resumo?

Por que precisamos aprender cinema só com cinema americano? É fundamental: vamos entender a linguagem que o cinema brasileiro pratica.

Entrevista, Parte II

“Eu não faço cinema para ficar rico,” Tendler observa. “ Sou um cidadão feliz porque faço cinema pelo prazer de filmar, contar histórias e participar ativamente da história do meu país.” Na tarde em que conversamos com o cineasta, trazendo as perguntas do jornalista argentino Dario Pignotti, Silvio chegava da aula de abertura do ano letivo de 2014 da PUC-Rio onde exibira, para seus alunos, o doc  Os militares que disseram não. O diretor Noilton Nunes, autor da cinebiografia de Tendler, A arte do renascimento, estava presente. Ele relata:

“Os militares que disseram não é um filme que precisa chegar  aos olhos ouvidos, corações e mentes de todos os brasileiros. De todos os militares, de todos os políticos, de todos os professores, de todos os estudantes, de todas as empregadas, de todas as donas de casa, de todos os jornalistas, de todos os presidiários, de todos os manifestantes. É hora de voltarmos aos pilotis das PUCs e dos campus de todas as universidades do país e exibirmos nossos filmes. Não podemos  ficar esperando a boa vontade, a boa educação, a boa consideração de mais ninguém. Voltemos àqueles momentos em que meia dúzia de jovens chegava lá, nos pilotis, sem pedir licença ou autorização a ninguém, nos anos 70, durante os anos de chumbo, anos de prisões, sequestros, assassinatos, e instalavam um projetor 16mm, esticavam uma tela de lençol velho amarrada por cordas nos pilotis, exibiam, passavam um curta, dois, três… e fugiam antes da polícia chegar.  “

Dario Pignotti: Sem o olhar de um crítico, de apenas um apaixonado pelo cinema político, assisti a três filmes de temas similares – o sequestro político – em Estado de Sítio, de Costa Gavras, de 1972, Buongiorno notte, de Marco Bellochio, de 2003 e O que é isso, companheiro?, de Bruno Barreto, de 1997. Está certa a percepção de que o olhar de Barreto de alguma maneira despolitizou essa operação guerrilheira enquanto as duas outras produções não caíram nesta descafeinização do relato?

Dos três, gosto apenas do filme do velho mestre, Costa Gavras. Não gosto do filme do Bellochio. Já conversamos sobre isto, e Bellochio me explicou que não era um filme para ele dirigir. O diretor escalado, na hora não quis fazê-lo, e o produtor pediu que o fizesse. Vi outro, muito bom, sobre sequestro de Moro, Il caso Moro, de Giuseppe Ferrara, com Gian Maria Volonté, que responsabiliza o PCI (Partido Comunista Italiano) e a DC (Democracia Cristã). Não quiseram negociar com as Brigadas Vermelhas. A DC queria um herói. Houve um cartaz de Moro (ele ainda estava vivo) e a DC cristã mostrava sua imagem como se   estivesse morto. Os dirigentes da DC dizendo: ‘já temos nosso heroi.’ Precisavam de um heroi.

E o filme do Bruno?

Também não gosto do filme do Bruno. Despolitizou a questão, escolheu um elenco bem mais ligado à comédia que ao drama. Todos, na plateia, quando vêem o Pedro Cardoso assaltando um banco, caem na gargalhada. Cardoso é um ator reconhecidamente de comédia. Existem centenas de filmes políticos de ficção brasileiros, excelentes. Começo com O bom burguês e os da Lucia Murat. São tão bons como o do mestre Costa Gavras. Eles não usam black tie é obra prima. Os inconfidentes, de Joaquim Pedro, de 1972, da fase mais cruenta do regime. Ele pega o Romanceiro da Inconfidência, da Cecília Meireles, e faz um filme maravilhoso sobre a inconfidência, mas na verdade fala daquele momento que o Brasil está vivendo. A lição de moral de Inconfidentes: os que são considerados terroristas hoje serão os heróis de amanhã. Agora, por exemplo, em 2014, estamos descomemorando o golpe; não estamos revelando a história. Estamos desvelando a história, tirando o véu que cobre a história para falar a verdade.   Joaquim Pedro tinha toda razão. Então, temos muitos filmes que foram feitos durante a ditadura, depois da ditadura e falam da realidade brasileira. Mas como não temos um organismo que se ocupe da nossa memória a partir do cinema não temos história, e os filmes vão morrendo, vão se estragando, até alguém, de alguma família, conseguir um pouco de recurso para recuperar a cópia de um filme de autor. Mas não temos conseguido construir uma história do cinema brasileiro com direito a acesso às cópias dos filmes. Não temos continuidade histórica.

Dario: Desde A História oficial, de Luiz Puenzo, de 1985, até A infância clandestina, de Benjamin Avila, de 2012, foram produzidos vários filmes argentinos sobre a ditadura militar. Há uma continuidade estética e de enfoque, neles. Podemos considerar estas produções como parte de um gênero cinematográfico particular?

O casamento do cinema com a história – eu considero a política um ramo da história – é tão antigo como o próprio cinema. O gênero existe desde que o cinema é cinema. Se você pegar filmes americanos, A conquista do oeste, por exemplo, é uma maneira de ler cinematograficamente a colonização. O nascimento de uma nação, do Griffith, 1912, é um filme histórico. É racista, chama os negros de assassinos e estrupadores para justificar toda uma repressão. É político.

CM: Costa Gavras diz que todo filme é político – até os de super heróis.

Discordo do mestre Costa Gavras. O cinema tem gênero, sim. Nem todo mundo é obrigado a gostar do cinema político, vê-los diariamente, e considerar aqueles que não têm a política como razão essencial de ser como sendo filmes alienados. Isto é preconceituoso. Lembro de uma conversa que tive com um amigo querido do Costa Gavras, o Chris Marker, e ele dizia que quando foi a Cuba trabalhar cortando cana para ajudar a safra dos dez milhões, depois de oito, dez horas por dia trabalhando, tudo que  queria era não ver um filme político. Queria poder rir e se divertir, naquele momento. E ele era um cineasta político com uma obra política. Acho que a ideia do Costa Gavras é um pouco preconceituosa. Um filme com um romance, uma história de amor, não deve ser considerado um filme alienado nem deve ser descartado. Eu quero espaço para meus filmes e quero espaço para quem quiser me fazer rir, chorar, dançar, me divertir. Tudo é cinema; mas existem gêneros.

Dario: Uma parte dos jovens diretores argentinos se formou em universidades ou escolas de cinema públicas. Isso contribui para a politização dos diretores?

Eu acho sim. Sou professor de uma universidade privada, católica, do Rio de Janeiro. É um curso caro, lá tem muitos bolsistas, embora seja voltado para as elites. Acho que é um curso muito bom. Quando você forma pessoas para fazer cinema a intenção não é só formar diretores, mas também fotógrafos,  editores etc. Acho que a universidade privada pode formar bons profissionais, e acho que a universidade pública dá uma maior consciência da razão de ser pública. Aproveitando o mestre Milton Santos, personagem de um filme meu, ele defende a presença do estado na educação, a presença do estado que dá a possibilidade da educação ser mais democrática do que a privada. Neste sentido tem razão. No Brasil, você tem algumas escolas públicas que formam bons cineastas. A ECA, de São Paulo, a UFF; em Minas se formam bons profissionais, há grandes escolas. A universidade pública, neste sentido, tem um viés mais privilegiado que o da escola particular.

CM: Como é, hoje, a produção de filmes políticos brasileiros?

São poucas as sessões ofertadas ao documentário, aos filmes políticos. Em um país com a dimensão do Brasil, quantos municípios têm sala de cinema? E porque não se contabiliza o público que assiste filmes no cineclube,  nos centros culturais, na laje, na escola, na universidade? Não é contabilizado. Só se contabiliza bilheteria de  filme passado em sala de cinema, ingresso padronizado e com código de barras. O cidadão deixou de ser tratado como cidadão e passou a ser tratado como consumidor, consumer. Não se mede mais bilheteria pelo número de espectadores com interesse de ver determinado filme, mas sim como os americanos gostam: o sucesso de um filme se mede pela bilheteria que ele faz. O cinema passou a ser um fator comercial. Não um fator de circulação cultural. Argentina.

…..

A conferir: Muitos dos filmes de Silvio Tendler estão disponíveis no Youtube e no Prime Video. As séries, gratuitas,  na TVBrasilPlay (Agência Brasil): Era das Utopia discute a utopia socialista, a utopia capitalista e as novas utopias.  Sonhos Interrompidos revisita lutas pautadas por igualdade e justiça em movimentos de diversas fases da história do Brasil e do Mundo, conectando os anseios de várias gerações. Os Advogados pela Democracia, cinco episódios fazem um apanhado do papel estratégico da Justiça Militar durante o regime ditatorial e presta uma homenagem aos advogados que estiveram na defesa de presos políticos. Glauber, o filme, o Labirinto do Brasil e Caçadores da Alma,  série de aborda a arte da fotografia. A aventura de fotografar no século XXI. 


Léa Maria Aarão Reis é jornalista.

Foto de capa: Reprodução

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