Por RUDOLFO LAGO*, do Correio da Manhã
A ministra de Relações Institucionais Gleisi Hoffmann se reúne nesta segunda-feira (8) com ministros do governo Lula que integram partidos de centro-direita para discutir estratégias que possam frear o andamento no Congresso Nacional do projeto que dá anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
As negociações em torno da proposta avançaram na última semana em resposta ao início do julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu na trama golpista, e envolveram partidos do centrão e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Tarcísio é apontado por políticos desse grupo como o candidato preferencial para enfrentar Lula, e há uma pressão sob Bolsonaro para que ele faça do governador o seu sucessor político. A ideia, de acordo com aliados do ex-presidente, é conseguir avançar com uma proposta de anistia após sua eventual condenação e, assim, tirá-lo da prisão, mas mantendo sua inelegibilidade.
O encontro ocorre na manhã desta segunda, no Palácio do Planalto, e deve reunir ministros que foram indicados à Esplanada por partidos de centro e que têm atuação mais próxima às bancadas partidárias no Congresso. Segundo um deles afirmou à reportagem, a ideia é que o encontro sirva para que seja alinhada uma atuação coletiva dos ministros nesse tema e em outras questões de governo no Legislativo.
Um auxiliar de Lula diz ainda que o encontro deverá servir para ser um espaço de coordenação dessa atuação dos ministros, assim como um momento para que eles tragam o sentimento das bancadas. No Planalto, a orientação é de oposição à anistia, e é isso que Gleisi deverá reforçar aos demais ministros, cobrando atuação deles junto aos deputados e senadores de suas respectivas siglas.
São esperados ministros do MDB, PSD, União Brasil, PP e Republicanos.
Centrão pressiona Hugo Motta para pautar projeto

Hugo Motta avalia pautar o texto para votação | Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Partidos do Centrão encamparam a ideia da anistia e passaram a pressionar o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos) a pautar o projeto. Antes contrário, Motta já deu declarações de que estuda por em pauta o texto, algo que foi interpretado por muitos de que ele estaria menos resistente à ideia.
Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil), diz que é a favor da anistia apenas para o 8 de janeiro e não algo mais amplo, como está no texto mais recente elaborado pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), cuja anistia abarca desde os condenados pelo inquérito das fakes news, de 2019.
Integrantes do Planalto vão negociar para que o projeto nem seja cogitado para ser votado na Câmara e vão trabalhar para diminuir a pressão a Hugo Motta em relação ao texto.
Outros temas da reunião
Outros temas que serão debatidos no encontro são aqueles de interesse do governo, como o projeto de lei do Imposto de Renda e a PEC da Segurança Pública.
Além desses, o desembarque dos partidos PP e União Brasil da base também será tratado. Gleisi disse que ninugém é obrigado a ficar no governo, mas quem quiser, terá que “ter compromisso com o presidente Lula e com as pautas principais que este governo defende”.
*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congreso e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade.
Publicado originalmente no Correio da Manhã.
Foto de capa: Ministra reforçará posição contrária do governo Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil




