7 de Setembro expõe polarização: atos pró-Lula e pró-Bolsonaro movimentam Brasília, São Paulo e Rio

translate

Brasília (DF), 07/09/2025 - Presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, participa do Desfile pelo Dia da Independência. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Da REDAÇÃO

O bicentenário da Independência passou, mas o 7 de Setembro segue como data-chave na disputa política brasileira. Em 2025, os atos de rua reafirmaram a polarização do país: de um lado, os defensores do governo Lula, mobilizados em torno da institucionalidade e da soberania nacional; de outro, os bolsonaristas, com discursos radicalizados, pedidos de anistia ampla e ataques diretos ao Supremo Tribunal Federal.

Com eventos nas três principais capitais — Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro — os dois campos políticos colocaram em cena seus projetos, sua base social e suas lideranças.


Brasília: palco do poder, cenário da disputa simbólica

Na Esplanada dos Ministérios, o governo federal organizou um desfile cívico-militar com forte presença de público: cerca de 45 mil pessoas, segundo estimativas da Presidência. O presidente Lula, acompanhado por ministros e lideranças políticas, reafirmou a defesa da soberania e da democracia como marcas de seu governo.

No entorno, apoiadores entoaram gritos como “sem anistia” e “soberania não se negocia”, ecoando críticas à tentativa de reabilitar politicamente Jair Bolsonaro por meio de anistia parlamentar.

Enquanto isso, no Setor de Diversões Sul (Conic), uma tentativa de contramanifestação bolsonarista reuniu apenas cerca de 250 pessoas — número que contrastou fortemente com a mobilização institucional em torno do governo.


São Paulo: entre a Avenida Paulista e a Praça da República

A cidade de São Paulo concentrou as duas maiores manifestações de rua. Na Avenida Paulista, o bolsonarismo mostrou fôlego: cerca de 37,6 mil pessoas se reuniram, conforme análise do Monitor do Debate Político do Cebrap. Com trios elétricos e palavras de ordem contra o STF, o ato teve como destaque o discurso de Tarcísio de Freitas, governador do Estado, que rompeu de vez com o discurso moderado e acusou o ministro Alexandre de Moraes de “tirania”, além de sugerir que a delação de Mauro Cid teria sido obtida sob coação.

São Paulo (SP), 07/09/2025 – Pessoas participam do evento Reaja Brasil, na Avenida Paulista. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Silas Malafaia, pastor evangélico e organizador central do ato, elevou o tom: chamou Moraes de criminoso, exigiu anistia aos golpistas de 8 de janeiro e reiterou fidelidade a Bolsonaro. Também discursaram deputados federais do PL e lideranças locais, consolidando a narrativa de perseguição judicial e moral ao ex-presidente.

O ponto alto do evento foi a fala de Michelle Bolsonaro, que emocionou os presentes ao relatar a situação de Jair Bolsonaro. Chorando, disse que o ex-presidente está “amordaçado dentro de casa”, que sua família vem sendo humilhada e que a “liberdade de expressão e religiosa” estão sendo suprimidas. Em tom de campanha, projetou: “Em 2026, nós voltaremos. Não desistam da verdade.” Sua performance foi acolhida com aplausos e orações, fortalecendo sua posição como figura central da resistência bolsonarista.

Do outro lado do centro da cidade, na Praça da República, ocorreu o tradicional Grito dos Excluídos, organizado por centrais sindicais e movimentos populares. Com cerca de 30 mil pessoas, o ato teve presença de ministros do governo Lula, como Luiz Marinho (Trabalho) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), além de parlamentares como Guilherme Boulos (PSOL). O lema “sem anistia” foi o fio condutor de falas que denunciaram a tentativa de normalizar o golpismo de 2023 e reafirmaram o compromisso com a justiça social e a soberania nacional.

São Paulo (SP), 07/09/2025 – Centrais sindicais e os movimentos populares que compõem as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo realizam ato em defesa da soberania e da pauta da classe trabalhadora, na Praça da República. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Rio de Janeiro: presença desequilibrada

Na capital fluminense, os atos foram mais discretos, mas não menos simbólicos. Na orla de Copacabana, bolsonaristas se reuniram em número superior ao dos manifestantes de esquerda. Embora não haja estimativa oficial atualizada, a presença foi significativa, impulsionada por figuras como Flávio Bolsonaro e novamente Silas Malafaia. A pauta foi a mesma: ataque ao STF, apoio a Bolsonaro e pedido de anistia.

Ato bolsonarista em Copacabana no 7 de Sete de Setembro – Reprodução/Sóstenes Cavalcante no Instagram

Em contraponto, partidos de esquerda e movimentos sociais organizaram um ato no centro da cidade, com presença de Chico Alencar e Benedita da Silva. A mobilização, no entanto, teve baixa adesão e pouca repercussão pública.

Rio de Janeiro (RJ), 07/09/2025 – O Grito dos Excluídos e Excluídas reúne manifestantes na região central da cidade. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Comparativo de públicos e mensagens

CidadeAto BolsonaristaEstimativa PúblicoAto LulistaEstimativa Público
BrasíliaConic (marginal)~250Esplanada (oficial)~45 mil
São PauloAvenida Paulista~37,6 milPraça da República~30 mil
Rio de JaneiroCopacabanaExpressivo (sem número exato)Centro da cidadeBaixo

Análise: os significados de 7 de Setembro em 2025

O que os atos revelam é que o bolsonarismo continua a mobilizar uma base expressiva — especialmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Seu discurso, no entanto, se radicaliza a cada novo ato: mais ataques ao STF, mais questionamentos às instituições e uma adesão total à ideia de anistia para os crimes golpistas.

Já o campo lulista opera em duas frentes: por um lado, consolida o simbolismo da institucionalidade, como fez em Brasília; por outro, tenta manter presença ativa nas ruas — com atos como o Grito dos Excluídos — reforçando sua agenda de soberania, democracia e justiça social.

A comparação dos públicos mostra uma correlação de forças ainda equilibrada, mas com desafios distintos: o bolsonarismo aposta na força simbólica da radicalização e da vitimização política; o lulismo, na manutenção da legalidade democrática e na reconstrução institucional. Ambos seguem em rota de colisão — e o 7 de Setembro foi mais uma evidência de que o embate continua vivo e visível.

Foto da capa: Brasília (DF), 07/09/2025 – Presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, participa do Desfile pelo Dia da Independência. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Receba as novidades no seu email

* indica obrigatório

Intuit Mailchimp

Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia..

Gostou do texto? Tem críticas, correções ou complementações a fazer? Quer elogiar?

Deixe aqui o seu comentário.

Os comentários não representam a opinião da RED. A responsabilidade é do comentador.

Uma resposta

  1. Que se mantenha a mobilização contra a tentativa da extremadireita bolsonarista de usurpar o poder por meio da violência. Que se faça justiça e que se puna todos os envolvidos nos atos antidemocráticos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress

Gostou do Conteúdo?

Considere apoiar o trabalho da RED para que possamos continuar produzindo

Toda ajuda é bem vinda! Faça uma contribuição única ou doe um valor mensalmente

Informação, Análise e Diálogo no Campo Democrático

Faça Parte do Nosso Grupo de Whatsapp

Fique por dentro das notícias e do debate democrático