Programação cultural de 05 a 12 de setembro

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Por LÉA MARIA AARÃO REIS*

*Programa prioritário continua sendo refletir e agir contra o genocídio praticado pelo governo do estado de Israel em Gaza e a limpeza étnica em curso na Cisjordânia ocupada ilegalmente. Planeja-se forçar os moradores de Gaza a mudarem para áreas limitadas que representam apenas 12% do território total, mas as forças israelenses enfrentam a recusa: os palestinos rejeitam, em sua maioria, o deslocamento forçado. Fugiram dos bombardeios israelenses, vivenciaram perdas, destruição e sobrevivem em abrigos precários, mas estão determinados a não passar por isso novamente. Abu Ahmad, professor e pai de família, descreveu os meses de agressão israelense em Deir al-Balah, no centro de Gaza: “É uma experiência que nos marcou para o resto da vida. Partir é a escolha mais cara. Ficar, por mais difícil que seja, ainda é a melhor. Partir agora significaria o desaparecimento definitivo de Gaza. Nunca retornaremos. É isso que Israel quer.”

*Declaração do Patriarcado Ortodoxo Grego de Jerusalém e do Patriarcado Latino de Jerusalém em 26 de agosto último: “Desde o início da guerra, os prédios da paróquia ortodoxa grega de São Porfírio e os da paróquia latina da Sagrada Família têm servido de refúgio para centenas de civis, idosos, mulheres e crianças. Na paróquia latina, acolhemos pessoas com deficiência, atendidas pelas Irmãs Missionárias da Caridade. Entre aqueles que buscaram refúgio dentro dos muros dessas paróquias, muitos estão debilitados e desnutridos devido às dificuldades dos últimos meses. Deixar a Cidade de Gaza e tentar fugir para o sul equivaleria a uma sentença de morte. Os padres e freiras decidiram ficar e continuar cuidando de todos os que vão permanecer nos complexos paroquiais”.

*Ameaça ignóbil do embaixador de Israel na França, Joshua Zarka, ameaçando os participantes da Global Sumud Flotilha através de rádio francesa: “É preciso saber quantos deles vão chegar ao seu objetivo. Desejo boa sorte a todos caso consigam se manter vivos”.

*Donald Trump reconheceu que Israel está perdendo o controle do Congresso e comentou no canal de notícias Daily Caller, após pesquisa do Pew Research Center, sobre o declínio no apoio a Israel entre os jovens republicanos norte-americanos. “Israel era o lobby mais poderoso que já vi. Tinham controle total do Congresso; agora não têm mais”. O “fracasso” do plano de Trump de transformar Gaza em uma “Riviera” não ajudou.

*Pelo menos nove civis, incluindo sete crianças, foram mortos nessa semana em um massacre israelense enquanto tentavam obter água para beber, em Al-Mawasi, a oeste de Khan Younis. E no Festival Internacional de Cinema de Veneza, na Itália, milhares de pessoas se manifestaram, em barcos e nas ruas, para denunciar o genocídio israelense em curso em Gaza. (EuroPalestine).

*Em meio a um tsunami de festivais de filmes realizados em diversos países e em várias cidades brasileiras, a 82ª edição do Festival Internacional de Cinema de Veneza — realizado mais exatamente no prédio do Lido, vizinho da cidade das gôndolas —, o certame continua sendo, como Cannes e Berlim, um dos três mais respeitados do cinema internacional. Desta vez Veneza funcionou como vitrine do tenso momento geopolítico internacional. No topo das grandes expectativas, os cartazes mais comentados foram The Wizard of the Kremlin, com Jude Law fazendo o papel do presidente da Rússia, Vladimir Putin, e dirigido pelo conceituado realizador francês, Olivier Assayas. Aguarda-se também The Voice of Hind Rajab, da franco/tunisiana Kaouther Ben Hania que vem com o terrível relato real da menina Hind Rajab, de cinco anos, assassinada em Gaza, em 2024, presa no carro dos pais, eles também mortos.

*Outros pesos-pesados de Veneza competindo pelo Leão de Ouro: Frankenstein, de Guillermo del Toro; Father, Mother, Sister, Brother, de Jim Jarmusch, e o festejado grego Yorgos Lanthimos — este, diretor do célebre Pobres Criaturas —, o filme intitulado Bugonia. Apesar de mais exaltado pela imprensa internacional fútil pelo vai e vem no tapete vermelho das estrelas e seus figurinos, o Festival de Veneza segue se impondo como um dos principais eventos artísticos e culturais.

*Dias históricos no Supremo Tribunal Federal: lembrete do Procurador Geral da República, Paulo Gonet ao rebater a defesa do ex-presidente inelegível prestes a ser preso: “Crime de golpe não exige assinatura do presidente”. E do Ministro Alexandre de Moraes: “A História nos ensina que a impunidade, a omissão e a covardia não são opções para pacificação”.

*Tiro certeiro do experiente economista marxista Michael Roberts, no blog The Next Recession e em A Terra é Redonda: “A suposta independência dos bancos centrais, longe de ser um pilar da democracia, revela-se um mecanismo neoliberal para blindar a política monetária do controle popular, privilegiando a estabilidade do capital fictício sobre o bem-estar social”.

*E outro petardo, do jornalista Jamil Chade: “Se a comunidade internacional e acadêmicos já chegaram a um consenso sobre como morrem as democracias, o que se encontra em teste no Brasil é como elas sobrevivem”.

*Excelente notícia: mostra Truffaut Por Completo, até o dia 17 de setembro, com 21 longas, e três curtas-metragens do mestre francês que morreu aos 53 anos, em 1984. No apetitoso cardápio, alguns dos seus clássicos: Os IncompreendidosAtirem no PianistaJules e JimUm Só Pecado, o inesquecível Fahrenheit 451Beijos RoubadosA Noiva Estava de Preto, (com Jeanne Moreau, namorada da vida toda e por quem foi fascinado), A História de Adele HA Noite AmericanaO Homem que Amava as MulheresA Mulher do LadoO Último Metrô. A retrospectiva completa está no cinema Net Gávea e no Net Botafogo e o preço dos ingressos é especial.

*Bom programa é pensar no que dizia Truffaut: “O filme de amanhã não será dirigido por funcionários públicos da câmera, mas por artistas para os quais filmar constitui uma aventura maravilhosa e emocionante”.

*A Cinemateca Brasileira, em São Paulo, promove seminário sobre cinema e memória audiovisual, dessa vez com o foco nos povos indígenas. Trata-se de parte da Temporada França-Brasil 2025, nos próximos dias 11 e 12. Evento gratuito com tradução simultânea francês/português. Ao vivo, no canal da Cinemateca do YouTube.

*Cresceu a procura da segunda edição do volume A Formação do Mercado de Trabalho no Brasil, de autoria do professor e pesquisador de História Econômica do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo, Alexandre de Freitas Barbosa. Trata-se de alentado trabalho retratando a vagarosa formação do mercado de trabalho no Brasil e analisando, “com rigor histórico, a transição da escravidão ao trabalho assalariado marcada por desigualdades, conflitos sociais e forte influência regional”, observa a Casa Editorial Alameda.

*Ciclo de debates preparatórios para a COP 30, Clima, Desenvolvimento e Transformação Ecológica Justa: Perspectivas do Sul Global, organizados pela Fundação Maurício Grabois. Transmitidos pela TV Grabois, nos próximos dias 10, 11 e 12, das 18h às 20h.

*Também no Portal Grabois, em homenagem a um dos maiores jornalistas da sua luminosa geração, a reflexão do falecido Mino Carta, diretor de Carta Capital: “Um proletariado consciente e um partido avançado são essenciais para o progresso social”.

*Sugestão de leitura do blog Tempo ContemporâneoEntre a Literatura e a História, do professor emérito da USP, Alfredo Bosi, um clássico cuja primeira edição é de 2013. São cerca de quarenta textos, ensaios, entrevistas e prefácios, da literatura romântica, moderna e contemporânea às vanguardas latino-americanas. De Machado de Assis a Leopardi, de Mariátegui a Otto Maria Carpeaux e Celso Furtado. (Editora 34).

*Na programação do Cine Cidadania, cujas sessões vêm sendo um sucesso de público, no próximo dia 9, às 19h, apresentação dos filmes Trabalhadoras Metalúrgicas e Greve! O tema do encontro realizado após a sessão será O Sindicalismo no Brasil. Conduzindo os debates, Jorge Bittar, do PT; Maria Izabel Monteiro, do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas do Rio e o historiador Paulo Fontes. No cinema Estação Botafogo com a entrada gratuita.

*Registro especial: o pianista e maestro João Carlos Martins, 85 anos, venceu o prêmio concedido pela Fundação MAPFRE, na Espanha, um dos mais relevantes da música clássica. No dia 8 de outubro, Martins receberá a homenagem da rainha espanhola, em evento em Madri. Em comunicado, a fundação comenta que “o júri reconhece sua trajetória artística excepcional, seu espírito de superação e seu compromisso com a transformação social por meio da música”.

*Mais um querido amigo da geração luminosa dos anos 60, em atividade intensa até seus últimos tempos de vida, partiu para descansar. Mas permanece a sua intensa obra, seus filmes, seus documentários, que devem ser vistos e revistos pelas novas gerações, sempre. Um bom descanso, Silvio. Vai em paz. 

*E às ruas, no 7 de setembro, para participar dos atos em defesa da soberania do país.


*Léa Maria Aarão Reis é jornalista.

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