Por RUDOLFO LAGO*, do Correio da Manhã
União Brasil e PP formam a maior federação partidária do Brasil. Ganharam, merecidamente, o título de núcleo central do centrão. Não por causa do tamanho, mas por sua herança genética.
A federação tem o DNA idêntico ao do centrão, criado lá nos idos dos anos 80 do século passado, que juntou as espinhas do MDB e da Arena e formou o esqueleto de apoio ao presidente José Sarney. Às vezes podia se juntar a Ulysses Guimarães e fazer oposição por dentro do governo.
Nesta terça-feira (2), a federação soltou nota de rompimento com o governo Lula. Cobrou que os ministros do PP e do União deixem seus cargos. Mas manteve a indicação de outros dois ministros, do presidente de uma estatal e da Caixa Econômica.
Fufuca e Sabino
O ministro do Esporte, André Fufuca (PP), e o ministro do Turismo, Celso Sabino (União), estão sendo cobrados pela federação a deixar seus cargos.
Nos bastidores, dizem eles que têm prazo de um mês para sair. Caso contrário, poderão ser expulsos da federação.
Arthur Lira e Davi
O ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), não precisam abrir mãos de suas indicações no governo. São padrinhos do ministro Waldez Góes (Desenvolvimento), e dos presidentes da Caixa da Codevasf.
Questão de tempo até saída da Federação do governo

União e PP tem, ao todo, 109 deputados federais | Foto: Divulgação/ Progressistas
Além da nota divulgada pela Federal União Progressista para a imprensa, a saída dos partidos do Centrão do governo também foi comunicada pelo presidente do União Brasil, Antônio Rueda.
“Esta decisão representa um gesto de clareza e de coerência. É isso que o povo brasileiro e os eleitores exigem de seus representantes”, disse Rueda em coletiva de imprensa na Câmara dos Deputados.
Ele estava acompanhado do presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e demais membros de ambos os partidos. Dentre as pessoas presentes, estava a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP).
Adiantado
Na última semana chegou a circular de que Celso Sabino já estava decido a deixar o Ministério do Turismo. A informação foi negada pela comunicação do ministro ao Correio da Manhã. Contudo, ele já adiantara que “nenhuma decisão” ainda tinha sido tomada.
Entenda
Para além de desentendimentos sobre pautas, em geral voltadas para o campo econômico, entre governo e Centrão, na última semana o presidente Lula (PT) cobrou maior fidelidade a ministros do Centrão. Do contrário, pediu para que eles deixassem o Planalto.
Apadrinhados
Como citado, a tendência é que o atual ministro de Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Goés, permaneça no cargo por ter sido apadrinhado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre. A questão também se estende para Frederico Siqueira (Comunicações).
Resposta
Por meio das redes sociais, a ministra de Relações Institucionais Gleisi Hoffmann disse que respeita a decisão da federação, mas cobrou compromisso para as pautas defendidas pelo governo para aqueles que escolherem permanecer nos cargos.
*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congreso e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade.
Publicado originalmente no Correio da Manhã.
Foto de capa: União e PP comunicam retirada do governo federal |Reprodução vídeo





Uma resposta
Que ótima essa saída! Pena qud ainda restam alguns