Da REDAÇÃO*, com informações da Folha de São Paulo
O presidente da China, Xi Jinping, defendeu nesta segunda-feira (1º), durante a cúpula da Organização para Cooperação de Xangai (SCO), em Tianjin, a criação de uma nova estrutura de governança global. A proposta foi apresentada como uma iniciativa para “construir um sistema mais justo e racional”, em resposta ao que ele descreveu como um cenário internacional marcado por “novas ameaças e desafios” 80 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial.
Um contraponto ao eixo ocidental
No encontro, Xi destacou que a governança mundial vive uma “nova encruzilhada”, em meio a turbulências geopolíticas e econômicas. Ao lado do presidente russo, Vladimir Putin, e do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, o líder chinês reforçou o discurso de multipolaridade, defendendo igualdade soberana entre os países, respeito à Carta da ONU e fortalecimento do multilateralismo.
A imagem mais simbólica da cúpula ocorreu na chegada de Putin e Modi, que se cumprimentaram de mãos dadas antes de encontrar Xi, gesto interpretado como sinal de aproximação entre Rússia e China e, ao mesmo tempo, da tentativa da Índia de manter interlocução fora do eixo ocidental liderado pelos Estados Unidos.
Declarações da cúpula
Na chamada Declaração de Tianjin, assinada ao final do encontro, os países-membros da SCO afirmaram que o mundo atravessa “mudanças profundas e históricas” e defenderam um “novo tipo de relações internacionais”, com base em respeito mútuo, equidade, justiça e cooperação.
O documento também incluiu referência direta à memória da Segunda Guerra Mundial: “Condenamos veementemente qualquer tentativa de distorcer o significado da vitória na guerra e o papel do povo dos países-membros da SCO na derrota do fascismo e do militarismo. Enfatizamos que os crimes contra a humanidade nunca serão esquecidos”, diz o texto.
Expansão econômica e institucional
Xi Jinping anunciou ainda medidas para fortalecer a atuação econômica e de segurança da SCO, que já reúne 26 países e representa quase US$ 30 trilhões em economia agregada. Entre os projetos, está a criação de um banco de desenvolvimento para apoiar investimentos e a ampliação da cooperação em áreas como energia e inteligência artificial.
Dois novos órgãos também devem ser implementados: um centro de monitoramento de ameaças à segurança e outro voltado ao combate às drogas. O objetivo, segundo Xi, é tornar a organização “mais pragmática e eficiente”, com processos de decisão mais ágeis.
Índia em destaque
A participação do primeiro-ministro Narendra Modi chamou atenção, especialmente após os Estados Unidos anunciarem tarifas de 50% sobre produtos indianos dias antes do encontro. A aproximação da Índia com a SCO reforça o movimento de diversificação das suas alianças estratégicas.
Criada em 2001 por China, Rússia e países da Ásia Central, a SCO se apresenta como um espaço de cooperação regional, mas com crescente peso político e econômico no cenário internacional. Embora evite se declarar como bloco de oposição aos EUA, Xi foi direto ao afirmar que a entidade rejeita “a mentalidade de Guerra Fria e as práticas de intimidação”.
*Fonte: Folha de S. Paulo
Foto da capa: Os líderes Alexander Lukashenko (Belarus, segundo a partir da esq.), Shehbaz Sharif (Paquistão), Shavkat Mirziyoyev (Uzbequistão), Emomali Rahmon (Tadjiquistão), Vladimir Putin (Rússia), Xi Jinping (China), Kassym-Jomart Tokayev (Cazaquistão), Narendra Modi (Índia), Sadyr Japarov (Quirguistão) e Masoud Pezeshkian (Irã) em foto de grupo distribuída pela agência russa Sputnik, durante a cúpula da Organização para Cooperação de Xangai, em Tianjin, na China, em 1º de setembro de 2025 – SERGEY BOBYLEV/AFP
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Xi Jinping, governança global, SCO, Putin, Modi, China, Rússia, Índia, multipolaridade, ONU, geopolítica




