Por RUDOLFO LAGO*, do Correio da Manhã
O ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) disse a aliados que pediu para visitar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com dois objetivos.
O primeiro, segundo ele, teria sido para se solidarizar “com o amigo”, com quem teve “uma excelente relação” quando um comandava a Câmara dos deputados e o outro era o mandatário do Palácio do Planalto.
O segundo motivo, segundo Arthur Lira, teria sido “ouvir pessoalmente a opinião” do ex-presidente e obter seu apoio à aprovação da oposição ao projeto de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Afinal, Lira é o relator e Bolsonaro é um líder importante da oposição.
Mas as versões que correm na Câmara são um pouco diferentes.
Anistia
Como autor do acordo de desocupação do plenário da Câmara dos Deputados em troca da votação da anistia e da blindagem para parlamentares, Arthur Lira estaria querendo incluir nos textos dos dois projetos pontos previamente negociados com Bolsonaro.
Sem compensar
Lira também pretendia discutir com Bolsonaro o cerco ao governo em troca da aprovação do projeto de isenção do Imposto de Renda. A ideia é encontrar uma estratégia para limitar impostos no andar de cima, sem chamar atenção da turma do andar de baixo.
Ao STF, PGR defende que Braga Netto continue preso

Braga Netto está preso desde dezembro de 2024 | Foto: José Cruz/Agência Brasil; Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Nas vésperas do julgamento do núcleo um do plano de tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, encaminhou um parecer ao Supremo solicitando a manutenção da prisão do general da reserva Walter Braga Netto, que é um dos réus do processo.
A decisão do procurador é uma resposta ao pedido de soltura oriundo da defesa do próprio Braga Netto. Os advogados do réu do núcleo principal da trama golpista argumentam que Braga Netto não interferiu nas investigações da PF e, portanto, deve ser solto até o final do julgamento.
Parecer
Em seu parecer, Paulo Gonet determinou que a prisão do general da reserva precisa ser mantida. No documento, ele argumenta “a ausência de fatos novos que alterem o quadro fático-probatório para justificar a revogação ou a readequação da medida”.
Prisão
Braga Netto está preso desde dezembro do ano passado, acusado de obstruir a investigação sobre a tentativa de golpe de Estado. Em 6 de agosto, Moraes decidiu manter a prisão do general da reserva e, após recurso da defesa do réu, pediu manifestação da PGR.
Investigação
Segundo apurações da Polícia Federal (PF) durante investigações da trama golpista, Braga Netto teria tentado obter dados e informações sigilosas da delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. A defesa dele nega possível obstrução das investigações.
Histórico
Walter Braga Netto entrou para a gestão de Jair Bolsonaro após um ano de governo do ex-presidente. Primeiro ele assumiu a Casa Civil de 2020 a 2021. Em seguida, foi ministro da Defesa de 2021 a 2022. Em 2022, ele foi candidato a vice presidente na chapa de Bolsonaro.
*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congreso e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade.
Publicado originalmente no Correio da Manhã.
Foto de capa: Lira diz que pedirá opinião de Bolsonaro sobre PL do IR | Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil




