A decadência do “Império Americano” não acontece sem traumas e a estratégia de resistência do governo dos EUA, independente do governo ser democrata ou republicano, tem sido muito semelhante no tempo recente. Mas a intensidade e variação de movimentos, no atual governo Trump, têm sido velozes, mesclando instrumentos comerciais e militares, além de atingirem, simultaneamente, parceiros históricos, como são a União Europeia, o Canadá, o Japão e outros, e o que considera principais adversários de sua hegemonia decadente, particularmente China e os países do BRICS. Neste último caso, sua estratégia, aparentemente, é a de tentar colocar cunhas internas, atingindo diferentemente os países que o compõem, valendo-se de guerra tarifária, guerra híbrida e sanções diversas. Tem buscado, também, retomar controle sobre o conjunto da América Latina, com movimentos de apoio à desestabilização de seus países, com ataques a sistemas políticos que não lhe são subservientes, utilizando, nestes casos, ações combinadas de guerra híbrida, guerra tarifária e pressões, estendendo extraterritorialmente instrumentos de sua própria legislação. No caso brasileiro, verificam-se movimentos de sinais distintos, com o governo Lula fortalecendo-se politicamente pela forma como tem reagido ao tarifaço, mas ao mesmo tempo com setores – inclusive militares, mas também financeiros, comerciais e de opinião – sentindo-se prejudicados pelo natural distanciamento que se vai formando em relação a um alinhamento histórico desses setores com os EUA.
Participação: Manuel Domingos Neto e Marcos Cordeiro Pires.
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