Da REDAÇÃO, com informações da Folha de São Paulo*
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o presidente do conselho da Open Society Foundations, Alex Soros, afirmou que as sanções, tarifas e ameaças do presidente americano Donald Trump contra o Brasil estão fortalecendo a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo ele, a estratégia de Trump repete erros cometidos em outros países, onde suas tentativas de influenciar governos acabaram fracassando.
“Trump está tornando Lula mais popular”, disse Soros, de 39 anos, que assumiu o comando do império filantrópico construído por seu pai, George Soros, com US$ 25 bilhões em ativos.
Crítica à ingerência dos EUA
Para Soros, não há possibilidade de negociação entre Lula e Trump. Ele argumenta que qualquer acordo nesse sentido equivaleria a abrir mão da soberania nacional. “Negociar a soltura de Bolsonaro? Isso não é possível”, afirmou.
O empresário destacou que a ofensiva americana, em grande parte estimulada por Eduardo Bolsonaro nos EUA, se insere em uma lógica de tentativa de “mudança de regime”. “Trump acredita ter o direito de intervir na América Latina. Mas isso não está funcionando”, disse.
Soberania como bandeira global
Na visão de Soros, o impacto político das ações de Trump é paradoxal: em vez de enfraquecer Lula, está fortalecendo sua imagem. “Globalmente, o efeito Trump faz com que a soberania agora seja parte da agenda de centro e de centro-esquerda. Em todo lugar onde tentou intervir, fracassou”, afirmou, citando exemplos recentes no Canadá, Austrália e Romênia.
O executivo também defendeu que o multilateralismo não deve ser visto como perda de soberania, mas como uma forma de preservá-la frente ao poder de grandes potências e corporações.
Big Techs e antitruste
Soros destacou a necessidade de uma ofensiva global contra os monopólios das grandes empresas de tecnologia, que classificou como “mais poderosas que países”. Para ele, é urgente um movimento semelhante ao antitruste iniciado pelo presidente americano Theodore Roosevelt no início do século XX. “O Mercosul e a União Europeia precisam fazer alianças para proteger a soberania digital”, defendeu.
Prioridades no Brasil
Durante sua passagem pelo país, Soros se reuniu com ministros Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente), Anielle Franco (Igualdade Racial) e o assessor especial Celso Amorim. Ele afirmou que as prioridades da Open Society no Brasil são a inclusão democrática, a promoção de empregos verdes, a justiça climática e o apoio a movimentos feministas e de minorias.
Soros também criticou a postura do governo de Israel em Gaza, que classificou como “genocídio”, e alertou para o crescimento do antissemitismo no mundo.
Efeito político
A avaliação de Soros coincide com levantamentos recentes, como a pesquisa Quaest, que mostram recuperação da aprovação de Lula. Para ele, a retórica de Trump, somada às medidas econômicas contra o Brasil, reforça o discurso do presidente brasileiro em defesa da soberania nacional.
*Fonte: Folha de São Paulo – Entrevista concedida a Patrícia Campos Mello em 24/08/2025. Acesse a entrevista completa (só para assinantes).
Foto da capa: Rio de Janeiro (RJ), 20/08/2025 – O presidente do Conselho da Open Society, Alex Soros, fala durante abertura do seminário Globalização, Desenvolvimento e Democracia, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), centro da cidade. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
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