Programação cultural de 15 a 22 de agosto

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Por LÉA MARIA AARÃO REIS*

* Grande comoção esta semana com mais um assassinato de jornalistas, preciso, programado e executado friamente pelas forças militares do estado de Israel. Em ataque aéreo em Gaza, no último dia 10, o jornalista palestino Anas al-Sharif, da Al Jazeera, 28 anos, foi morto junto com quatro colegas profissionais da emissora do Catar: Muhammad Karika e os cinegrafistas Ibrahim Zaher,  Mohammed Noufal e Moamen Aliwa. A morte de Anas, acusado sem provas de guerrilheiro do Hamas, provocou reação do Comitê para a Proteção dos Jornalistas, organização não governamental sediada em Nova Iorque com trabalho pela liberdade da imprensa no mundo. A CPJ denunciou as forças de defesa de Israel, IDF, como condutoras de uma “campanha difamatória” contra o profissional antes da sua execução’’.

* Cento e noventa e dois jornalistas já foram assassinados em Gaza pelas forças israelenses, desde outubro de 2023. Na guerra entre Rússia e Ucrânia, desde 2022 morreram 19.

* Livro novo nas livrarias, de autoria do jornalista e correspondente internacional Jamil Chade. ‘’Há bases  ultra conservadoras, autoritárias, nos EUA. É preocupante”, comentou Jamil, durante o lançamento do volume, Tomara que você seja deportado – Uma viagem pela distopia americana, realizado na Fundação Joaquim Nabuco, em Recife. “A China é o maior desafio dos EUA; maior que a União Soviética na sua época”, destacou. O prefácio do volume é de Walter Moreira Salles: ‘’Extraordinário trabalho jornalístico, mas também um ensaio de grande lucidez sobre como podem sucumbir as democracias”.

* Jamil Chade lembra que a China é o nosso principal parceiro comercial, hoje, e tem negócios com mais de 120 países: “É o maior responsável por registrar patentes; é onde a inovação acontece”. (Ed. Nós).

* Mais uma manifestação cultural anti-golpe. ‘’Devido à ameaça contínua de golpe contra o Brasil’’, como afirma o grupo teatral Militantes em Cena, está reentrando em cartaz, remontada, a peça Oito de Janeiro – o Perigo Continua,  que atualiza o texto à medida que o julgamento dos golpistas avança. Estreia dia 16/08, às 19 horas, na sede da ASA, em Botafogo, no Rio, com o deputado Reimont Luiz Otoni abrindo o debate após a encenação.

* A nova balada de Roger Waters, Sumud (em árabe, perseverança inabalável), lançada há pouco, vem sendo apontada como um hino da resistência cotidiana e não violenta contra a ocupação, a exploração e a colonização cruel e forçada da Palestina. Waters canta “as vozes que se unem em harmonia” até o refrão positivo, o sumud. ‘’A resistência contra a injustiça implica no profundo comprometimento de todos nós’’, ele diz. Sumud aqui, pelo site Cubadebate,

* Do jornalista Reynaldo Aragon Gonçalves: ‘’A doutrina da provocação parte do princípio de que, em certos contextos geopolíticos, não é necessário recorrer a um conflito direto para alcançar objetivos estratégicos. Basta criar um ambiente em que a outra parte,  pressionada por constrangimentos econômicos, acusações públicas e desgaste político interno, tome a decisão de se afastar voluntariamente da mesa de negociação’’. (brasil247). Doutrina neofascista à moda Steve Banon.

* Para onde vai a esquerda? é o título do aplaudido livro do deputado Guilherme Boulos, outro livro em lançamento recente. ‘’Mais que um diagnóstico, um chacoalhão necessário’’, escreve Dilma Rousseff a propósito, convocando a esquerda a ‘’sair da defensiva para repensar estratégias e reconectar redes e ruas antes que seja tarde demais. É um chamado à ação’’! Frei Betto também sugere a leitura do volume: ‘’Nas últimas eleições, Guilherme Boulos, com as qualidades de sua militância na esquerda e formação intelectual, oferece uma radiografia contundente da crise da esquerda, hoje atolada em distopia e necessitada de utopia’’.  E a deputada Erika Hilton: ‘’Um profundo mergulho nas crises enfrentadas pela esquerda no século XXI, e convida a fincarmos nossas bandeiras e convicções no solo, para enfrentarmos o fascismo e suas facetas. Obra necessária diante de tanta apatia e confusão política’’.  (Ed. Contracorrente).

* ‘’Não pode ser levado a sério – é uma brincadeira de mau gosto;  só que elaborado pela maior potência mundial”, afirmou um ministro do STF, esta semana, a propósito do disparatado relatório do Departamento de Estado dos Estados Unidos sobre direitos humanos. O governo brasileiro e ministros do Supremo Tribunal Federal consideram parte desse insensato comunicado – mais um – exemplo do uso de “tática de fake news”. 

* Grande acontecimento cinematográfico da semana, o tradicional Festival de Cinema de Gramado, na sua 53ª edição. Na disputa pelo cobiçado prêmio Kikito estão A Natureza das Coisas Invisíveis, de Rafaela Camelo; Cinco Tipos de Medo, de Bruno Bini; , de Laís Melo; Papagaios, de Douglas Soares; Querido Mundo, de Miguel Falabella e Sonhar com Leões, de Paolo Marinou-Blanco.  https://festivaldecinemadegramado.com/programacao/

Já a 5ª Mostra de Cinema Árabe Feminino traz sessões gratuitas de filmes inéditos e também aulas master class on line aberta para todo o Brasil sobre o cinema árabe produzido pelas mulheres. No Rio de Janeiro, Niterói e Duque de Caxias, de 22 a 30 de agosto. A programação está em bb.com.br/cultura

* Leitura essencial, em particular para as novas gerações: Democracia sempre! – ditadura nunca mais, de Cid Benjamin,  recém lançado na livraria Travessa, no Rio de Janeiro. ‘’Militante da resistência, Benjamin narra a luta desigual contra os militares, a sua participação no sequestro do embaixador Charles Elbrick, a prisão e as torturas sofridas’’, observa sua Editora. ‘’A redemocratização, desde 1985, é celebrada’’. Mas o autor alerta: ‘’A democracia exige vigilância sempre’’. O relato se inicia em 1930, passa pelos dois governos de Getúlio Vargas e os que o sucederam até chegar ao golpe militar de 1964. (Geração Editorial).

* Não esquecer o que pergunta o Premio Nobel Paul Krugman: “Trump e seus assessores realmente acham que podem usar tarifas para intimidar um país com mais de 200 milhões de habitantes e  abandonar seus esforços de defesa da democracia quando 88% das exportações brasileiras vão para países que não são os Estados Unidos?”.

* O volume  Perdas e Ressignificações dos Usos do Território na História do Negro, organizado por Lourdes Carril, professora da Universidade Federal de São Carlos, investiga as comunidades quilombolas da região de Sorocaba, em São Paulo, e revela suas histórias e resistência. É leitura sobre memória, territorialidade, silenciamento e exclusão, mostrando como famílias negras e indígenas resistem à violência fundiária e à urbanização desigual. Autores da pesquisa, professores Helbert Medeiros Prado, Maria Patrícia Cândido e Hetti Araújo dos Anjos(Ed. Alameda).

* Depois de meses de vergonhoso empurra-empurra entre o Legislativo e Judiciário, que, ou não estão dando a atenção e urgência necessárias ao assunto, ou travam conscientemente a regulamentação das redes sociais porque sucumbem à pressão delas; e após o vídeo de Felipe Pereira, o Felca, que estourou como uma bomba – 37 milhões de usuários em menos de uma semana -, denunciando a adulterização, exploração e sexualização de crianças e adolescentes nessas redes, atualmente a promessa é votar com urgência a regulamentação para a proteção da infância, pré-adolescentes e a adolescência no Brasil. A ver se essa urgência se realiza.

* Relembrando o escândalo que teria sido protagonizado pela primeira-dama Janja da Silva ao tocar nesse assunto, na China, há três meses, durante jantar com o presidente Xi Jinping, ao pedir colaboração no controle do funcionamento da plataforma chinesa Tik Tok no Brasil e seus eventuais conteúdos nocivos às crianças. O tom do deboche durou semanas, o mundo veio abaixo, e o assunto voltou ao esquecimento. Agora, ainda se fala em comissã oparlamentar antes da votação para ‘’detalhar o assunto’’.

* Filmes brasileiros pré-selecionados e de onde sairá aquele que vai competir no Oscar 2026 como Melhor Filme Internacional:  A melhor mãe do mundo, de Anna Muylaert; A praia do fim do mundo, de Petrus Cariry; Baby, de Marcelo Caetano; Homem com H, de Esmir Filho; Kasa Branca, de Luciano Vidigal; Um Lobo Entre os Cisnes, de Marcos Schechtman e Helena Varvaki; Malu, de Pedro Freire; Manas, de Marianna Brennand; O Agente Secreto, de Kleber de Mendonça Filho; Bituca, Milton Nascimento, de Flavia Morais; O Último Azul, de Daniel Mascaro; Oeste Outra Vez, de Erico Rassi; Os Enforcados, de Fernando Coimbra; Retrato de um Certo Oriente, de Marcelo Gomes; Vitória, de Andrucha Waddington e O Filho de Mil Homens, de Daniel Rezende.

Boicotaço. Internautas pretendem dar início a um boicote massivo a produtos dos Estados Unidos em protesto contra a nova taxação imposta por Donald Trump sobre as exportações do Brasil. A mobilização ganhou corpo ao longo dessa semana, nas redes sociais, propondo o boicote a marcas norte-americanas de diversos setores: refrigerantes, redes de fast-food, eletrônicos, plataformas de e-commerce.


*Léa Maria Aarão Reis é jornalista.

lustração de capa: IA

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