CORRESPONDENTE POLÍTICO: “Covardia e cinismo”: Glauber reage a comparações com seu caso

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Por RUDOLFO LAGO*, do Correio da Manhã

Na sexta-feira (8), representações contra deputados que estiveram no centro do motim que ocupou por dois dias o plenário da Câmara foram levadas à Corregedoria para início de processo no Conselho de Ética. Em princípio, a impressão é de que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), deseja ser duro. Talvez não com todos os 14 deputados cujos nomes foram levados. Mas Motta parece querer uma punição exemplar. Dar uma resposta clara que mostre que a Câmara não considera a invasão do plenário e ocupação da Mesa Diretora algo banal e comparável a casos anteriores, como a oposição de direita tenta argumentar, ameaçando mesmo novas ações parecidas no futuro, como mostrou o Correio Político.

Greve

Na linha de argumentação feita pela direita, o que houve foi comparado com o que fez em abril o deputado Glauber Braga (Psol-RJ), quando ocupou a sala do Conselho de Ética numa greve de fome de nove dias. O Correio Político ouviu Glauber sobre a comparação.

Solitária

“Essa comparação por parte dos parlamentares de extrema-direita não é apenas desproporcional”, disse Glauber. “É, no mínimo, cínica”. Glauber argumenta que ele não tentou dar golpe de Estado, nem proteger os que antes tentaram o mesmo. Sua ação foi solitária.

Para Glauber, outros casos não tiveram a rapidez do seu

Glauber durante a greve de fome no Conselho de Ética | Foto: Lula Marques/Agência Brasil

O deputado justifica sua ação como uma resposta a uma “tentativa de cassação injusta” do seu mandato. Lembrando: em abril, o Conselho de Ética aprovou, por 13 votos a cinco, a cassação do mandato de Glauber, depois que ele expulsou, com empurrões e chutes, o militante do Movimento Brasil Livre (MBL) Gabriel Costenaro da Câmara. Glauber afirma que ele teria insultado sua mãe. E aponta que a principal razão do processo teria sido suas denúncias sobre o orçamento secreto e contra o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL). Havendo ou não razão, o que Glauber comenta é que a mesma rapidez não houve em outros casos.

Zambelli

“Lembremos que Carla Zambelli não foi levada ao plenário da Câmara até hoje”, diz Glauber. Zambelli, condenada por contratar um hacker para invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), está presa na Itália, para onde fugiu, esperando possível extradição.

Eduardo

“Lembremos que Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos conspirando contra o Brasil, e até hoje não foi analisada a situação”, continua. Eduardo pediu licença quando foi para os EUA. A licença expirou, e ainda não há decisão sobre o que a Câmara fará com o seu caso.

Brazão

“Lembremos que Chiquinho Brazão, acusado de ser o mandante do assassinato de Marielle, não teve o caso dele levado ao plenário”, conclui Braga. Preso, o mandato de Chiquinho Brazão foi cassado por excesso de faltas: ele falou a mais de um terço das sessões.

Embolar

“O que esses golpistas estão tentando fazer é embolar o jogo”, considera Glauber. “Eles se articularam com Donald Trump [presidente dos Estados Unidos], tocando medidas de tarifaço para prejudicar o Brasil, o emprego de brasileiros, tentando criar situações de impasse”.


*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congreso e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade.

Publicado originalmente no Correio da Manhã.

Foto de capa: Deputados de oposição na ocupação do plenário | José Cruz/Agência Brasil

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