Por RUDOLFO LAGO*, do Correio da Manhã
Vice-presidente da Câmara durante a pandemia de covid-19, o ex-deputado Marcelo Ramos (PT-AM) deu a sugestão que acabou acatada pelo presidente da Câmara, Davi Alcolumbre (União-AP). Alcolumbre fará nesta quinta-feira (7) sessão virtual a partir da sala de TI do Centro de Processamento de Dados do Senado (Prodasen). Na pandemia, Ramos presidiu várias sessões do Congresso assim. A sala foi preparada com diversos telões que permitem aos senadores entrarem simultaneamente das suas casas nos seus estados. A Câmara tem estrutura semelhante que também usou na covid-19. Mas Hugo Motta resolveu enfrentar os deputados “grevistas” de oposição. Na noite de quarta mesmo, resolveu fazer sessão presencial.
Suspensão
A possibilidade de punição para os deputados e senadores que se aboletaram nas mesas é uma possibilidade concreta. O Cidadania entrou com ação sugerindo a suspensão dos responsáveis pela “greve” por seis meses. Há quem vá além, falando em cassação.
Recuo
Na avaliação de Ricardo Salles, a situação chegara a uma impossibilidade de recuo. “Recuar será reconhecer derrota”, avaliou o ex-ministro, coisa que não se faria. “A greve continua”, brincou ele. Deve ter sido a primeira greve da vida profissional do advogado e administrador.
Fim da tornozeleira, mas Conselho de Ética para do Val

Negociação passa por retirada da tornozeleira | Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Como contou Fernando Molica no Correio Bastidores, as restrições a do Val amplificaram a crise e tiveram efeito especialmente entre os parlamentares do Centrão. Eles se julgaram em risco de ações futuras parecidas. Assim, segundo Salles, Alcolumbre foi negociar no Supremo Tribunal Federal que se retirasse a tornozeleira eletrônica de Marcos do Val. O senador estava, por conta de ações a que responde, proibido de sair do país. E, mesmo assim, viajou para os Estados Unidos. Na volta, recebeu o ornamento no tornozelo. Em troca da retirada, Alcolumbre se comprometeu a levar o senador ao Conselho de Ética. Para muitos, sinal de fraqueza.
“Frouxo”
“Essa, de fato, tinha de ser a última alternativa”, defendeu a líder do PDT na Câmara, Duda Salabert (MG), sobre a decisão de Hugo Motta. “O presidente da Câmara não pode ser frouxo. Tem que reafirmar a sua autoridade e acabar com essa bagunça”.
Alcolumbre
Embora também tenha demonstrado irritação com toda a situação, Alcolumbre tentou negociar. O deputado Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro, deu detalhes da negociação, envolvendo especialmente o senador Marcos do Val.
Crise
Crise, enfim, instalada. Segundo Ricardo Salles, a avaliação entre os oposicionistas é que as ações de Alexandre de Moraes teriam sido excessivas. E, diante da crise, o STF recuou na solidariedade a ele. Não é o que diz Gilmar Mendes, mas é a aposta da oposição.
Obstrução
“Obstrução é uma ferramenta legítima, prevista nos regimentos da Câmara e do Senado, mas isso que estão fazendo não é obstrução”, disse Duda Salabert ao Correio Político. “A obstrução física, impedindo a realização das sessões é quebra de decoro”.
*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congreso e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade.
Publicado originalmente no Correio da Manhã.
Foto de capa: Sala de TI usada na pandemia será palco da sessão | Edilson Rodrigues/Agência Senado




