Por RUDOLFO LAGO*, do Correio da Manhã
Em artigo publicado na segunda-feira (4), o Prêmio Nobel de Economia Paul Krugman observou como, nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump tenta estratégias semelhantes às de Viktor Orban para transformar a Hungria numa autocracia. Aos poucos, Orban foi minando por dentro a democracia húngara, criando um regime de partido único de fato, o Fidesz. Para o cientista político André Cesar, há por aqui ações semelhantes por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro. No fundo, esse parece ser o receituário de todos esses candidatos a autocratas que vão pululando na extrema-direita do mundo. “É um processo de testar limites”, observa. Se dá certo, avança-se a partir do novo ponto. Em caso contrário, recua-se.
Incontrolável
“O perigo é que talvez tenhamos chegado por aqui a um ponto incontrolável”, alerta André. “A institucionalidade está em risco. Os três poderes da República simplesmente não mais se entendem”. Não há bom senso no horizonte. A insanidade escala.
Ocupação
Na terça-feira (5), os parlamentares de oposição ocuparam as Mesas Diretoras da Câmara e do Senado. O vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), promete colocar em votação o projeto de anistia no primeiro cochilo de Hugo Motta (Republicanos-PB).
Nos EUA, impopularidade pode levar ao desespero
Bolsonaro sempre testa até onde pode ir | Reprodução Instagram Carlos Bolsonaro
Recomenda-se que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), também fique atento. Afinal, o vice-presidente é Eduardo Gomes (PL-TO), que foi líder do governo no Congresso de Jair Bolsonaro. A prisão domiciliar de Bolsonaro escalou a crise política e parece ter levado o ex-presidente e seus aliados ao desespero. E é desespero o que também anota Paul Krugman no caso dos Estados Unidos com Donald Trump. Segundo levantamento do Silver Bulletin, 53,8% dos cidadãos dos EUA desaprovam o seu governo. A perspectiva de alta na inflação é real. Para Krugman, a reação pode ser acelerar processo de destruição da democracia.
Fraude
Paul Krugman observa, em seu artigo, que o partido Republicano trabalharia agora para tentar fraudar as eleições de meio de mandato, que determinam se Trump terá ou não maioria no Congresso. Cogitam o uso do que lá se chama de “gerrymandering”.
Sistema
O tal “gerrymandering” é um dos vários pontos estranhos da controversa democracia dos EUA. São artifícios que permitem ou mudar os cálculos para escolha de parlamentares nos distritos ou achar meios de impedir que determinados grupos de eleitores votem.
Brasil
De volta ao Brasil, André Cesar começa a considerar que a pressão aqui exercida por Trump não seja somente no sentido de evitar que o país se aproxime da China e outros parceiros do eixo Sul contrariando os interesses comerciais norte-americanos.
Obstáculo
Pode também haver mesmo uma motivação política. O Brasil, com Bolsonaro, estaria apontando caminhos sobre como lidar com os riscos autocráticos. Caminhos que os EUA não tomaram com relação ao próprio Trump, poupado por lá de ações e processos.
*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congreso e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade.
Publicado originalmente no Correio da Manhã.
Foto de capa: Jair Bolsonaro e Donald Trump. – Imagem: Alan Santos/PR
Uma resposta
INFELISMENTO O STF JA DEMOROU MUITO PRA COLOCAR ESTES VAGABONTOS ESTES MAMATEIROS NA CADEIA ISTO ELES ESTÃO MOSTRANDO QUEM SÃO OS TRAIDORES DA PATRIA CANA NELES