Governador Eduardo Leite lamenta prisão domiciliar de Jair Bolsonaro

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Eduardo Leite Foto: Divulgação Instagram

Da REDAÇÃO

Defesa da democracia, não “polarização jurídico‑política”

O governador Eduardo Leite publicou em suas redes sociais, no dia 4 de agosto de 2025, uma mensagem acerca da prisão domiciliar do ex‑presidente Jair Bolsonaro. Ele declarou que recebe o episódio com “desânimo”, afirmou não discutir “a legalidade ou a razão jurídica”, e ressaltou que apenas um dos cinco presidentes eleitos após a redemocratização — Fernando Henrique Cardoso — não foi preso ou sofreu impeachment.

A postagem de Leite apresenta uma confusão grave: trata a defesa dos preceitos constitucionais como se fosse apenas “polarização jurídico‑política”, minimizando que se trata, de fato, de um empenho pela preservação da democracia. Quando ele diz que está desanimado com as ações do Supremo Tribunal Federal (STF), que responde por garantir o respeito à Constituição, ele se aproxima de uma posição que, na prática, coaduna com o golpismo e com a afronta às decisões da Corte, especialmente frente ao ex‑presidente que responde por tentativa de golpe e tem descumprido reiteradamente decisões judiciais.

A fragilidade da democracia brasileira

Leite acerta ao notar que, desde 1985, apenas Fernando Henrique não sofreu processo judicial ou impeachment entre presidentes eleitos. Mas esquece que isso é sinal das fragilidades e da instabilidade das nossas instituições democráticas. O fato de quatro de cinco presidentes terem enfrentado crise institucional grave mostra que a ordem democrática está constantemente sob risco.

Esses episódios reforçam que o único caminho para o fortalecimento democrático é o cumprimento estrito da Constituição e das leis, sem instrumentalização do Judiciário, do Legislativo ou do Executivo e sem golpismos. O respeito à institucionalidade democrática precisa valer para todos, independentemente de filiação partidária ou cargo ocupado.

O discurso sobre “desânimo”

Quando Leite afirma que “não discute a legalidade”, mas diz se sentir desanimado, ele politiza o discurso jurídico, colocando suas emoções à frente do compromisso institucional. Não se trata de querer agradar a um ou outro campo político, mas de reconhecer que o STF age para conter práticas antidemocráticas — e resistir a isso é favorecer a própria erosão democrática.

O histórico público de Eduardo Leite reforça a inconsistência

Em 7 de abril de 2018, quando o ex‑presidente Lula se entregou para cumprir pena, Eduardo Leite — então ex‑prefeito de Pelotas e pré‑candidato ao governo do RS — publicou no Twitter:

“Milhares apoiando Lula. Milhões em silêncio, esperando e assistindo à justiça cumprindo sua missão. É preciso escutar o silêncio da maioria.”

Essa declaração, no contexto de forte polarização, expressava apoio à decisão judicial e ao cumprimento da lei, sem qualquer lamentação ou “desânimo”. Já a partir de 2025, Leite passou a condenar publicamente qualquer celebração pela prisão de líderes políticos e adotou discurso de respeito às decisões judiciais — o que deve ser ressaltado.

Dizer hoje que se sente “desanimado” com ações do STF ao mesmo tempo em que apoiava a prisão de Lula, em 2016, revela uma certa ambiguidade política e fragiliza sua coerência pública.

A democracia como base do desenvolvimento

A defesa da democracia não é um gasto de energia, como Leite afirma em sua nota abaixo, é condição para que haja inclusão social, igualdade de oportunidades e soberania nacional. Uma nação que vê seus chefes de Estado respondendo por atentados às normas democráticas precisa reagir com firmeza institucional, não com desânimo melancólico.

Leite poderia ter se colocado não como alguém cansado da busca da justiça, mas como voz firme em defesa do Estado de direito. A polarização existe, mas não deve substituir o esforço democrático — e confundir um com o outro é, de fato, posicionar-se contra a democracia.


Postagem completa do governador Eduardo Leite

@EduardoLeite_
Como brasileiro, recebo com desânimo este episódio envolvendo a prisão domiciliar do ex‑presidente Jair Bolsonaro. Não gosto da ideia de um ex‑presidente não poder se manifestar, e gosto menos ainda de vê‑lo preso por isso, antes ainda de ser julgado pelo órgão colegiado da Suprema Corte. Não discuto a legalidade ou a razão jurídica. Percebam que, de cinco presidentes eleitos após a redemocratização, apenas um, Fernando Henrique, não foi preso ou sofreu impeachment. Nosso país não merece seguir refém desse cabo de guerra jurídico‑político que só atrasa a vida de todos em anos.
Até quando vamos ficar dobrando a aposta pra ver o que acontece? Até quando nossa energia será consumida na busca de exterminar adversários? Como nação, é hora de refletir sobre os graves danos da polarização e buscar novos caminhos. Não é mais sobre qual lado tem razão, é sobre manter a serenidade e a esperança no Brasil que sonhamos e queremos ser.
O8:59 PM – 4 de agosto de 2025

Postagem de Eduardo Leite no Instagram

Foto da capa reprodução Instagram: Eduardo Leite


Tags:

democracia, legislação, STF, Jair Bolsonaro, Eduardo Leite, polarização política, institucionalidade, golpe, Constituição, Lula, Dilma, lawfare, inclusão social

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Respostas de 3

  1. O que esse oportunista quer é surfar na onda novamente, como tem feito sempre! Ele que deixe de ser garoto propaganda e vá tentar ser governador!

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