Por Alexandre Costa – Esquina democrática
Balcão de negócios do lixo em Porto Alegre
A gestão do prefeito Sebastião Melo (MDB) transforma o lixo em um negócio extremamente lucrativo para empresas privadas. Porto Alegre já foi referência internacional em reciclagem e geração de renda a partir do lixo, principalmente através da coleta seletiva e de iniciativas de cooperativas de catadores. Atualmente, a capital gaúcha privilegia grandes contratos, enquanto galpões comunitários são demolidos, carrinhos de coleta apreendidos e cooperativas sobrevivem com valores irrisórios. Dados recentes mostram que 96,8% dos resíduos coletados pela prefeitura em 2021 foram enviados a aterros, sem aproveitamento para reciclagem ou compostagem. Já os catadores, que reciclam até três vezes mais resíduos do que a coleta seletiva oficial, sobrevivem com uma renda média de R$ 800 mensais, enfrentando atrasos em contratos, queda de preços de materiais e falta de infraestrutura básica. Em 2024, enquanto a Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR) recebeu R$ 301 milhões para a destinação de resíduos em aterro privado até 2028, os contratos com associações de catadores foram reduzidos para R$ 88 mil anuais.
A situação dos catadores pode piorar ainda mais, caso a Parceria Público-Privada (PPP) para gestão de resíduos sólidos seja colocada em prática pelo prefeito Melo. O projeto, apresentado como solução para “modernizar” a limpeza urbana e reduzir custos, prevê que uma única concessionária concentre toda a coleta, transporte, triagem, tratamento e destinação final do lixo da cidade, em um contrato estimado em R$ 1,2 bilhão ao longo de 35 anos.
Exclusão e criminalização
A política de exclusão dos catadores é uma “marca” já consolidada e que ganha ainda mais força nesse segundo mandato do prefeito reeleito para administrar Porto Alegre. A truculência conquistou espaço no governo, o que pode ser exemplificado com as operações realizadas em julho, na Vila dos Papeleiros — ou Loteamento Santa Terezinha — com apreensões de carrinhos de coleta, demolição de galpões comunitários e destruição de ferramentas de trabalho.
A primeira ação, em 11 de julho, mobilizou 400 agentes e 17 mandados de prisão, resultando na apreensão de mais de 20 carrinhos, incluindo um carrinho-biblioteca, reconhecido como Ponto de Cultura pelo Ministério da Cultura. Duas semanas depois, galpões comunitários usados por catadores foram demolidos, sob alegação de combate ao crime e ordenamento urbano.
Resistência
O modelo apresentado pela gestão de Sebastião Melo como solução para “modernizar” a limpeza urbana e reduzir custos, enfrenta forte resistência de especialistas, catadores e entidades sociais. Eles denunciam que o plano:
- Exclui as cooperativas, transformando catadores em mão de obra precária;
- Perpetua a dependência de aterros, ignorando compostagem e logística reversa;
- Centraliza lucro e poder em uma única empresa por três décadas.
Além das críticas sociais e ambientais, ações civis públicas foram ajuizadas por entidades de catadores, questionando a falta de transparência e de participação popular na formatação da PPP. A proposta está em fase de consultas e análise técnica/judicial, sem contrato vigente.
Em junho de 2024, em entrevista para o Instituto Humanitas Unisinos, Alex Cardoso, coordenador do Fórum de Catadores de Porto Alegre e membro do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), ressaltou que a Política Nacional de Resíduos Sólidos optou por fazer reciclagem investindo nas pessoas, gerando riqueza e conhecimento a partir dos resíduos para incluir e não para excluir. Segundo ele, menos de 40 municípios brasileiros contrataram catadores para realizar a coleta seletiva desde a criação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), e apenas 34% possuem Plano Municipal de Gestão Integrada. Em Porto Alegre, em vez de fortalecer as cooperativas e valorizar a Reciclagem Popular, a prefeitura terceiriza a coleta seletiva por cerca de R$ 500 mil por mês, enquanto catadores seguem trabalhando em condições precárias. A Reciclagem Popular, defendida pelo MNCR, propõe contratos diretos com cooperativas de catadores, pagamento pelos serviços ambientais prestados; investimento em infraestrutura (galpões, caminhões, equipamentos), educação ambiental permanente e inclusão das comunidades e destinação de aterro apenas para rejeitos, com logística reversa para embalagens e compostagem para orgânicos.
Referência internacional
Durante as gestões do PT e da Administração Popular, Porto Alegre foi referência internacional em reciclagem e geração de renda a partir do lixo, principalmente através da coleta seletiva e de iniciativas de cooperativas de catadores. No entanto, essa posição de destaque tem sido abalada por desafios recentes, como a queda na taxa de reciclagem e dificuldades enfrentadas pelas cooperativas.
- Coleta seletiva pioneira: Porto Alegre foi uma das primeiras cidades do Brasil a implementar a coleta seletiva, um programa que visa separar materiais recicláveis do lixo comum para reaproveitamento.
- Mobilização comunitária: Inovações como a experiência do Morro da Bom Jesus, onde a comunidade se organizou para reciclar e gerar renda, inspiraram a adoção da coleta seletiva pela prefeitura.
- Cooperação com catadores: A coleta seletiva impulsionou o trabalho de cooperativas de catadores, que desempenham um papel crucial na separação e triagem dos materiais recicláveis.
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Foto da capa: Alexandre Costa/Esquina Democrática
Tags:
Porto Alegre, Sebastião Melo, lixo, coleta seletiva, catadores, Reciclagem Popular, CRVR, PPP, resíduos sólidos, cooperativas, sucateamento, privatização, exclusão social, justiça ambiental, MNCR





Respostas de 15
Problema que os catadores deixam a cidade na miséria da imundície de lixos espalhados por todo canto, é so andar na voluntários da pátria, sem falar da drogadição. Parem de defender a miséria. Queremos a cidade limpa e organizada.
Ricardo Nunes, é vc? Catadores trazem limpeza para as cidades que os homens de família sujam com suas educações medíocres. Pagar por esse trabalho é o mínimo que se pode fazer. A imundície e a droga falada vem do racismo dessa gente que odeia quem trabalha.
Concordo
Não são os catadores que deixam a cidade em miséria é a própria população que já inicia não sabendo separar e destinar o residuo que produz. Basta observar que misturam tudo dentro de container. A cidade necessita é de campanhas de descarte correto educação ambiental que deve iniciar desde as escolas e o consumo consciente pela população. É uma cadeia de ações e isto inclui o destino do matetial resiclavel as coopetativas sim, familias vivem deste trabalho que além de tudo preservam o meio ambiente sobrando pouco para os aterros sanitários. Cada aterro construido é parte de solo que se degrada e o retorno virá. Falta consciência coletiva que todos seremos afetados com esta busca desenfreada por lucros de uma de uma gestão que máscara os reais problemas existentes.
Verdade. Falou certo. Só q campanhas de descarte e separação correta já foram feitas, a população não colabora. Preguiça de separar o lixo em casa, antes de descartar.
E que a coleta feita pela prefeitura dmlu contravipa são diferentes quando se trata do quarto distrito, e vcs da parte mais rica de Porto, pensam q o culpado é o catador mas não verdade e os órgãos publico q não colocam um container para o lixo na região imagina vcs não podem julgar se o problema é d prefeitura
A pergunta e? O governo Nao da bolsa Auxilio? A maioria Vai para a «drogadicao » Se Nao tiver como catar o lixo , vcs acham Que? Ai Vao fazer o Que para se sustentar a drogadicao, roubaram, mataram, Vao fazer qualquer negocio para sustentar seu vicio e Nao sera o governo Que estara em nossas portas 24h com seguranca. Tudo isto e por causa dos fios que a maioria Quem rouba e vende São funcionarios de concessionarias.
As pessoas colocam lixo reciclável junto com o orgânico nos contêiner. É aí que começa a falência da coleta “seletiva”em POA. Então os catadores vão lá e retiraram o que lhes interessa.
Um bom gestor deve trabalhar para beneficiar toda a população com uma cidade limpa e respeitar os catadores que recolhem o lixo reciclável!É uma atividade importante para todos, além de ser única forma de renda para estes trabalhadores.
Correto. Mas eles não pensam nos pobres e recicladores, o principal são as vantagens p o próprio bolso.
Não são os catadores que deixam a cidade em miséria é a própria população que já inicia não sabendo separar e destinar o residuo que produz. Basta observar que misturam tudo dentro de container. A cidade necessita é de campanhas de descarte correto educação ambiental que deve iniciar desde as escolas e o consumo consciente pela população. É uma cadeia de ações e isto inclui o destino do matetial resiclavel as coopetativas sim, familias vivem deste trabalho que além de tudo preservam o meio ambiente sobrando pouco para os aterros sanitários. Cada aterro construido é parte de solo que se degrada e o retorno virá. Falta consciência coletiva que todos seremos afetados com esta busca desenfreada por lucros de uma de uma gestão que máscara os reais problemas existentes.
Essa é a resposta que à população de POA teve, ao apostar em um sujeito sabidamente associado a incompetência.
À sabiendas de que era a pésima administração da cidade, à culpada pelas inundações do ano passado, votaram para reelegelo como prefeito. E depois vem a falar da alta formação política do povo riograndense, porém à realidade da cidade e do Estado contradizem ésta afirmação.
Mello que volte para o seu Estado e deixe a capital gaúcha em paz.
Não posso nem ver esse sujeito muito menos ouvir sua voz.
Esse arrogante que nos deixe enquanto é tempo.
Vejo cada comentário sem nexo. Claro a maioria de vagabundos e escrotos da esquerda. Está coisa chamada Roberta faz discriminação contra uma pessoa que veio de outro lugar, isto é xenofobia e é crime, mas como toda a vagabunda da esquerda acha que e certo. Se for do outro lado é crime.Outro chama drogadiçao de racismo. Mas esquerdista e isto aí. Pensam que são os únicos que fazem as coisas certas.
Outro chama de incompetente, mas defendem um estorvo que nem o Olivio Dutra que nada fez pela cidade.
Em tanto ao céu, nem tanto a terra. O descarte incorreto por parte da população TAMBEM está relacionado à falta de local para se deixar o lixo seletivo. Colocaram os containers para lixo orgânico e nada para lixo seco. Este é o primeiro erro. Segundo, como consequência são os catadores que realmente deixam tudo as avessas revirando os mesmos. No meu ponto de vista é “burrice” investir em uma empresa só e excluir os catadores. Deve-se valorizar o trabalho deles e da reciclagem. E isso se dará no momento que o resíduo for realmente valorizado! Se o resíduo tiver valor, ele não ficará nas ruas e sim nos seus destinos corretos. Simples!