*Seguindo denunciando, programa para reflexão – e ação. Continua a limpeza étnica agora pretendida também na Cisjordânia. “Um colono israelense acaba de atirar nos pulmões de Odeh Hadalin, ativista notável que nos ajudou a filmar Sem Chão. Os moradores identificaram o colono judeu Yinon Levi como o atirador que acertou o peito de Hadalin, membro da nossa equipe de produção”, diz um dos codiretores de No Other Land, Yuval Abraham, Oscar 2025 na categoria Melhor Documentário. Não é a primeira vez que a equipe de produção desse filme é perseguida e alvejada por colonos ilegais.
*Quem sabe, pelo menos parte da carne brasileira, bovina e de frango, exportada para Israel, poderia ser enviada para Gaza e para a Cisjordânia? E o óleo bruto de petróleo brasileiro também exportado para lá poderia ajudar os caminhões a circularem com alimentos para palestinos desesperados com a fome que sentem.
*Mais dois novos livros do poeta nacional da Palestina, Mahmud Darwich, estão sendo lançados em pré-venda. Folhas da Oliveira, sua obra inaugural, escrito quando o poeta tinha 23 anos, e Por que Você Deixou o Cavalo Sozinho? sobre exílio e as perdas. (Ed. Tabla).
*Do Nobel de Economia, Joseph E. Stiglitz, ao jornal Valor Econômico: “Sob a liderança de Lula, o Brasil optou por reafirmar seu compromisso com o Estado de Direito e a democracia mesmo enquanto os EUA parecem estar renunciando à própria Constituição”. O economista destaca a firmeza do governo brasileiro frente a tentativas de intimidação por parte do líder republicano.
*Observação do jornalista José Reinaldo Carvalho: “A aplicação da Magnitsky baseia-se em critérios obscuros, muitas vezes alimentados por ONGs financiadas pelo próprio governo norte-americano, think tanks conservadores e lobbies anticomunistas. Não há nada de democrático na Lei Magnitsky. Pelo contrário, trata-se de um mecanismo de intimidação e coerção, típico de regimes imperialistas e neocolonialistas”.
*Mike Johnson, presidente da Câmara dos Deputados dos EUA à CBS, se referindo ao escândalo Jeffrey Epstein, o gigolô norte-americano; suicidado ou morto na prisão? “Queremos transparência total. Queremos que todos os envolvidos de alguma forma com os males de Epstein — vamos chamá-los de males – sejam levados à Justiça o mais rápido possível”. Mais uma vez procura-se esclarecer o caso repugnante com a divulgação de documentos até aqui secretos.
*Dois filmes nacionais entraram na seleção anual da respeitada Federação Internacional de Críticos de Cinemas, este ano, a Fipresci, uma instituição centenária: O Agente Secreto e Ainda Estou Aqui. Os outros são O Brutalista, Sirat e Pecadores.
*Milhares de cineastas e profissionais do audiovisual brasileiro acabam de lançar um documento pedindo a regulamentação do streaming no Brasil. O Manifesto por uma Regulamentação do Streaming à Altura do Brasil defende “a regulamentação do vídeo sob demanda/VOD, medida mais urgente e estratégica que visa garantir o futuro do nosso audiovisual”. (…) “As plataformas devem investir no mínimo 12% da sua renda bruta no mercado brasileiro”. Zito Araújo, Lúcia Murat, Matheus Nachtergaele, Karim Aïnouz, Paulo Betti, Malu Mader, Marcos Palmeira são alguns dos que assinaram o manifesto.
*Dois grandes eventos culturais deste mês de agosto: a Flip, Feira do Livro de Paraty, e o Festival de Cinema de Gramado. O respeitado historiador e professor Ilan Pappe participa da Flip onde falará sobre A Breve História do Longo Conflito em uma mesa de debates e, em seguida, estará em São Paulo para lançar seu livro A Maior Prisão do Mundo ao Campo de Extermínio, na Casa de Cultura Japonesa da USP, na Faculdade de Direito da USP e na Flipei, a Festa Literária Internacional das Editoras Independentes. É importante ouvir Pappe. Um acontecimento, a sua vinda ao Brasil.
*No dia 6/8, às 10h, a Faculdade de Direito da USP sediará ato de solidariedade ao povo palestino. O ato terá a participação de Francisco Rezek, ex-ministro do STF, de Francesca Albanese, relatora especial da ONU, Júlia Wong, membro do Centro Acadêmico XI de Agosto, entre outros. Confira a programação completa aqui.
*O café/bar Espaço Vinícius reabrindo com shows musicais, depois de seis anos fechado. Na Rua Vinicius de Moraes, em Ipanema, no Rio de Janeiro, é um ícone do tempo da bossa nova, e agora retorna à ativa cultivando o mesmo gênero com novos intérpretes. De quinta a domingo, a partir das 20h, grandes nomes da MPB se apresentam interpretando clássicos de Vinícius de Moraes, Tom Jobim, João Gilberto e outros ícones da música brasileira.
*Do historiador João Cezar de Castro Rocha: “Brasil é o principal alvo da extrema direita mundial. O bolsonarismo integra ofensiva transnacional e promove “a tentativa contínua de desestabilização da soberania brasileira”. Ele chama a atenção para a repetição de “estratégias articuladas por interesses internacionais, sobretudo dos Estados Unidos, com o objetivo de impedir a consolidação de um projeto nacional soberano através de golpes híbridos e desestabilização nacional”. (Entrevista ao Boa Noite 247).
*”Vamos recuperar nosso quintal”! Foi exortação – ou promessa? – do secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, em discurso no US Army War College, na Pensilvânia, dia 23 de abril deste ano.
*Beleza, as festas de comemoração dos 50 anos de existência do Grupo Corpo, a companhia criada pelos seis irmãos Pederneiras, mineiros de Belo Horizonte, que mudou o rumo da dança brasileira. Em São Paulo, no Teatro Sérgio Cardoso, de 13 a 24 de agosto; em Belo Horizonte (Palácio das Artes) de 27 a 31 deste mês, Florianópolis (Teatro Ademir Rosa), dias 9 e 10 de setembro, Porto Alegre (Teatro do Sesi), 13 e 14/09 e Rio de Janeiro (Theatro Municipal) de 18/21 de setembro. A partir de outubro, outras capitais também vão conhecer o novo balé criado para a ocasião.
*O filme Suçuarana, de Clarissa Campolina e Sérgio Borges, cuja estreia ocorreu no Festival Internacional de Cinema de Chicago e que participou da Mostra Cinema, Mineração e Meio Ambiente realizada pelo Instituto Camila e Luiz Taliberti, ganha as telonas dia 11 de setembro. Faz parte de um lote de documentários e filmes de ficção que questionam o custo humano e ecológico da extração mineral e os seus impactos. Trata-se de um tema urgente, merece muito debate e é sugerido que a Mostra seja agendada para mais esse mês de agosto, com a participação de ambientalistas e economistas.
*A Vida de Chuck (The Life of Chuck) é mais uma obra de autoria de Stephen King adaptada para o cinema. Com estreia marcada para 04 de setembro, o longa é uma adaptação do conto homônimo do escritor e foge da maioria das suas adaptações realizadas para cinema, voltadas para o terror. Nesse livro/filme, o espectador pode esperar o lado doce e profundo de King.
*A partir deste fim de semana (01/08), o Grupo Estação do Rio de Janeiro inicia a Mostra Terrinha à Vista, com docs portugueses contemporâneos. O que Podem as Palavras, Clandestina, A Morte de uma Cidade, Astrakan 79, O Ouro e o Mundo e Minha Avó Trelototó são os cartazes programados que versam sobre imigração, cenários africanos, o cotidiano em Lisboa, as trajetórias das mulheres em Portugal e a relação entre um brasileiro e uma portuguesa.
*Foram vencedores do Prêmio Grande Otelo 2025, uma das mais importantes festas do audiovisual brasileiro, Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, premiado com 13 troféus, mais Fernanda Torres, Selton Mello, o filme Malu, de Pedro Freire, Juliana Carneiro da Cunha, Ricardo Teodoro, Gabriel Leone. E vamos em frente com o cinema brasileiro.
*Observação do jornalista gaúcho Moisés Mendes: “No Brasil dos jornalões, jornalismo rima com viralatismo”.
*Léa Maria Aarão Reis é jornalista.
lustração de capa: Marcos Diniz




