Por RUDOLFO LAGO*, do Correio da Manhã
Um dos parlamentares mais experientes do atual Congresso, nem ligado ao bolsonarismo nem ligado ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR) é um bom termômetro para medir como a média do Congresso brasileiro está avaliando toda a atual confusão, que envolve as ameaças de tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o processo por tentativa de golpe de Estado contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. E o pulso de Hauly, ele se reflete no restante da maioria do parlamento, mostra o quanto Bolsonaro e sua família ficaram desgastados neste momento. O que, porém, não significa necessariamente a recuperação do fôlego de Lula. O meião observa o jogo.
Polarização
Observa o jogo, muito interessado em buscar uma alternativa que ponha fim à polarização. No caso específico de Hauly, com o desejo de emplacar na disputa presidencial o governador do Paraná, seu estado, Ratinho Jr. (PSD). “Acho que Ratinho vai se viabilizando”, avalia.
Bolsonaro
Se não será Ratinho Jr., pelo menos um ponto Hauly já avalia: “Bolsonaro está fora do jogo”. Inelegível, prestes a ser condenado e preso, o ex-presidente vai perdendo as condições de interferir na disputa. E os passos que deu ultimamente não o ajudaram em nada.
Para Hauly, Eduardo perdeu as condições políticas

Família Bolsonaro perdeu boa parte de sua força | Foto: Reprodução redes sociais
Para Luiz Carlos Hauly, Eduardo Bolsonaro perdeu completamente as condições políticas para se colocar como alternativa à direita. Isolou-se. Hoje, não deve ter apoio nem em seu próprio partido, o PL. Resta como alternativa bolsonarista Michelle Bolsonaro, que Hauly classifica como um “vazo vazio e enfeitado”. As pressões feitas na questão do tarifaço, no entanto, para o deputado, esvaziaram quase que por completo as chances de apoio amplo a uma solução política vinda da família Bolsonaro. Neste momento, o que há é muito irritação pela pressão exercida com um tarifaço que prejudica inteiramente o país.
Anistia
A ideia de uma “anistia ampla, geral e irrestrita”, por exemplo, parece abortada. O que Hauly defenderia seria um perdão restrito às pessoas que invadiram e depredaram os prédios dos três poderes. “Esses que estão sendo julgados agora, realmente tramaram algo grave”.
Lula
Assim, se toda essa situação vai afastando Bolsonaro do páreo, isso não significa que o centro irá recolocar-se ao lado de Lula, considera Hauly. “No prazo mais longo, essa situação acabará provocando um desgaste para Lula que ele não conseguirá reverter”, aposta.
Tarifaço
Hoje, Lula beneficia-se do discurso da soberania atacada pelas medidas de Trump. Mas Hauly avalia que quando elas de fato gerarem consequências que serão sentidas pela população, como desemprego e inflação, isso irá parar inevitavelmente na conta de Lula.
Bucha
“No caso de Trump, Bolsonaro foi apenas uma bucha de canhão para que ele atacasse o que realmente lhe incomoda”, acha Hauly. E o que realmente incomodaria seria o discurso de Lula visando, pelo Brics, liderar a formação de uma alternativa econômica aos EUA.
*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congreso e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade.
Publicado originalmente no Correio da Manhã.
Foto de capa: Nem governista nem bolsonarista: Hauly vê do centro | Marina Ramos/Câmara dos Deputados




