O caso  Epstein que abala a opinião pública americana

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Por ANTONIO ALKMIM*

Não são as tarifas sobre o Brasil e o munto que fazem parte do principal debate norte-americano neste mês de julho. E sim o caso Epstein.

Jeffrey Epstein foi um financista americano acusado de operar uma vasta rede de tráfico sexual de menores, envolvendo vítimas adolescentes e um círculo de pessoas influentes nos Estados Unidos. As denúncias começaram em 2005 e, após um acordo judicial polêmico em 2008, Epstein foi preso novamente em 2019 por novas acusações federais. Pouco depois de ser detido, foi encontrado morto em sua cela, oficialmente por suicídio.

O caso tornou-se notório pela participação de figuras de alto escalão, controvérsias sobre impunidade e suspeitas de acobertamento por parte do sistema judicial americano. Trump prometeu durante a campanha presidencial divulgar a lista de nomes relacionados ao caso, porém, além de não cumprir a promessa, seu governo agora nega a existência desta relação nominal.

O caso explodiu, nos últimos dias,  diante da opinião pública do país, após o Wall Street Journal publicar reportagens associando o presidente Trump mais intimamente ao financista, através de correspondências  remetidas pelo atual mandatário.

Após a morte de Epstein, a cúmplice Ghislaine Maxwell foi julgada e condenada, enquanto múltiplos processos civis continuam em curso, movidos por vítimas em busca de reparação. O episódio gerou impacto profundo no debate sobre justiça, abuso de poder e proteção de menores, tanto nos EUA quanto vem ganhando espaço internacionalmente.

A tática do presidente é não abordar o assunto e processar em 10 bilhões de dólares o dono do jornal Wall Street, ao mesmo tempo em que impede que sua equipe o acompanhe em eventos oficiais.

Não há registro formal de acusação contra Donald Trump no âmbito das investigações criminais centrais do caso Epstein. Trump foi citado como amigo próximo de Epstein, mas sempre negou envolvimento com os crimes. Documentos judiciais divulgados até 2025 não apontam Trump como investigado ativo ou parte de processos relacionados ao núcleo do esquema.

No entanto, a figura de Trump permanece ligada ao caso no debate público, especialmente em função de teorias e questionamentos em redes sociais e na imprensa, pois durante a sua última campanha prometeu divulgar uma lista de envolvidos no caso, o que não aconteceu. Ao contrário, o governo agora  nega a existência da lista. Isso gerou fissuras até mesmo entre apoiadores do movimento MAGA (Make American Great Again), que agrupa cerca de um terço de trumpistas,  refletidas em pesquisas de opinião recentes que mostram divisão, críticas e queda relativa no índice de aprovação mesmo entre seus apoiadores mais fiéis.

Políticos aliados e o próprio Trump denunciam perseguição política e “caça às bruxas”, alegando que a insistência em o vincular ao caso Epstein faz parte de manobras do establishment para prejudicá-lo eleitoralmente. Há rumores não confirmados de nomes de celebridades na suposta lista, como mencionado,  incluindo o do próprio presidente, que durante um longo tempo foi amigo muito próximo de Epstein.

Outros julgamentos e processos civis ligados ao espólio de Epstein ainda estão em andamento.

Trump permanece politicamente ativo — e polarizador —, sem acusações oficiais no caso Epstein, porém sujeito a desgaste reputacional e questionamentos, sobretudo diante de uma crescente demanda social por transparência e responsabilização de nomes poderosos envolvidos nas redes de Epstein.

Parece que os valores morais do trumpismo estão abalados, assim como o sistema judiciário do país, que impede a divulgação de documentos relativos ao caso.

O gráfico abaixo, sintetiza as pesquisas de opinião divulgadas recentemente sobre o caso, com os sentimentos da opinião pública do país, dos republicanos e do grupo MEGA. O texto e o gráfico, assim como as fontes foram construídas pelo autor com auxílio de instrumentos de IA.

Sentimentos em relação à Trump quanto ao caso Epstein

Fontes: Universidade Quinnipiac/Economista/YouGov/Pesquisa Navegador (julho/2025) Elaboração do autor, utilizando um cálculo médio das pesquisas, cuja margem de erro oscila em torno de 3%.

Fontes: Universidade Quinnipiac/Economista/YouGov/Pesquisa Navegador (julho/2025) Elaboração do autor, utilizando um cálculo médio das pesquisas, cuja margem de erro oscila em torno de 3%.


*Antonio Alkmim é Doutor em Ciência Política Professor da PUC-Rio.

Foto de capa:  Retrato do financista americano Jeffrey Epstein (à esquerda) e do incorporador imobiliário Donald Trump enquanto posam juntos na propriedade Mar-a-Lago, Palm Beach, Flórida, 1997  | Davidoff

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Uma resposta

  1. Não duvido nada desse pessoal FACISTA que não tem escrúpulos, pelo seus egoísmos e individualismo de só olhar para o seu lado não se importando com as outras pessoas.

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