Opinião
Instituições a serviço da nação ou da associação de aproveitadores?
Instituições a serviço da nação ou da associação de aproveitadores?
De JOAQUIM TERRA PINTO*
UMA NAÇÃO é um conjunto articulado e interativo de instituições, princípios, conceitos, objetivos comuns, enfim…
No entanto, o fundamental é o princípio constitucional:
TODO PODER EMANA DO POVO E EM NOME DELE SERÁ EXERCIDO.
Num país em que as instituições funcionam, interagem potencializando-se de forma multidimensional, respeitando princípios e valores e não permitindo a preponderância de interesses de setores específicos em detrimento de outros, em que o respeito ao outro prevalece, sem o considerá-lo um inimigo a ser abatido.
Nessas circunstâncias ficamos diante de um PROCESSO POLÍTICO-CULTURAL CIVILIZATÓRIO, no qual buscamos justiça, prosperidade, desenvolvimento econômico e cultural de todos, com todos e, principalmente, para todos…
As instituições, públicas ou privadas, tornam-se referências de civilidade, contrapesos a aventuras e interesses de quem quer que seja, freio a imposições desse ou daquele setor sobre o outro, como por exemplo o capital financeiro sobre o capital produtivo, sobretudo o setor industrial que é gerador e consumidor de inteligência, produtor de soluções e gerador de riquezas …
IMAGINAR que a empregabilidade precária, informal e inconsistente resolve as questões da produção é uma distração ou um oportunismo de momento, sem quaisquer possibilidades de desenvolvimento econômico, cultural e social consistente.
IMAGINAR que a tarefa de governar é também a liberalidade de transformar uma assinatura num balcão de negócios, num vale tudo que coloca o interesse dos mais fortes, que subjuga os mais fracos, impõe sua hegemonia, gera instabilidades e coloca na defensiva todos aqueles dependentes das políticas econômicas encadeadas em cadeias produtivas.
Portanto NÃO HÁ EXPLICAÇÃO ACEITÁVEL QUE JUSTIFIQUE A SUBORDINAÇÃO DA FIERGS AO PROJETO DESTRUIDOR DA INDÚSTRIA NACIONAL DO VÉIO DA HAVAN, que inunda o comércio com quinquilharias supérfluas, na contramão de um processo industrial encadeado do início ao fim numa cadeia produtiva com progressiva acumulação e distribuição de riquezas.
INACEITÀVEL também conceber que trabalho precário e informal seja solução para o desemprego: o desânimo assustador que essas políticas acarretam, tornando os trabalhadores um caminhão de saco de lenha para queimar sem nenhuma capacidade de consumo além do que é necessário para manter-se mal e porcamente alimentado e vestido, como se não fosse direito de quem vive do seu trabalho conviver na sociedade, fazer parte do mundo da cultura, do conhecimento, do lazer, da saúde, da habitação digna.
UMA NAÇÃO é uma rede cultural e política, no interior e acima de todas as instituições, que deve abrigar a todos e todas, oferecendo educação, cuidados com a saúde física e mental, liberdade de locomoção, de atividades artísticas, de consumir o necessário para sua felicidade e não apenas para a subsistência.
UMA NAÇÃO é um projeto de desenvolvimento científico/cultural contínuo e progressivo, com investimento no presente e no futuro, para que o POVO tenha poderes sobre os patrimônios naturais que esta terra tem como riquezas de todos e todas.
Mas o que temos é um verdadeiro assalto ao patrimônio genético, às riquezas minerais, aos rios, aos mares sobre os quais se jogam venenos ao favorecimento dos setores extrativos e agronegócio, que destroem o ambiente natural e reduzem a capacidade produtiva do futuro, com objetivo de beneficiar gângsteres empoderados no presente, que desrespeitam a biodiversidade e se limitam a negociar no mercado mundial apenas as matérias primas…
UMA NAÇÃO é um projeto estratégico do uso das riquezas naturais, que é patrimônio de todos e todas a fim de fortalecer o sistema produtivo nacional e o desenvolvimento do povo brasileiro, e não de alguns aproveitadores, associados entre si.
*Professor aposentado.
Imagem em Pixabay.
As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.
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