Por ANGELO CAVALCANTE*
Eu já nem me espanto com a desfaçatez e o mau-caratismo de certos “jenios” da análise política e econômica e que, aos montes, flanam, fulguram e passarelam plenos na mídia corporativa e que desserve esse país.
Já nessa triste e cinzenta manhã de terça-feira, despontou um tipo e que me solta: “…quando você dormia, o governo Lula criava mais um imposto…”; o sujeito, pena mansa e adestrada dos “ricões” do Brasil, tascou, na sequência, a atacar o governo brasileiro de todas as formas e por todos os lados.
Mais um bandido!
O sujeito se referia ao mínimo e necessário de atualização do IOF e que desde a sua origem fora inventado e concebido para atingir o “0,1%” da população e que ocupa o ápice, o vértice, o mais alto píncaro da dramática e horripilante pirâmide social brasileira.
Repara só… Esse mui importante tributo não é para se achegar, para cercar a dona Maria dos pastéis; o seu Pedro eletricista; o Francisco e que faz rebocos e pinta paredes. Nada disso!
Essa obrigação ajustada e operante é para quem transfere bilhões de dólares do Brasil para algum paraíso fiscal no Caribe ou n’algum principado europeu; esse bendito imposto é mesmo para gente branca, do olho clarinho e que compra iates hipermodernos de algum garboso e tecnológico estaleiro holandês; é para quem adquire coberturas luxuosas nas praias de Miami ou nas enseadas da estilosa e cinematográfica Malibu.
Será se me faço entender ou falo javanês?
Esse imposto é necessidade para o orçamento público por várias razões… A primeira é que sua realização sequer irá virar investimento, será para tapar parte do “buracão” de nosso déficit orçamentário; em seguida, tributar grandes fortunas é, pelo menos, justiça tributária.
Não é novidade! O planeta faz isso…
Grandes fortunas no resto do mundo são tributadas de fio a pavio, de uma ponta a outra e de lado a lado… É simples assim!
E isso… Da China até chegar em El Salvador, da Terra do Fogo até a última geleira do Canadá; das coloridas tribos zulus da África do Sul até ao centro financeiro de Berlim… Grandes fortunas são tributadas ou toda a dinâmica econômica, financeira e fiscal de um país explode, afunda e se faz, claro, inoperante.
Como o Brasil não está no planeta, vamos aguardar sua chegada para que as mais óbvias leis da economia e da produção se realizem…
É impressionante!
Quem iremos tributar? Assalariados e famintos? Mais ainda?
Repara… Os rendimentos do trabalho no Brasil superam vergonhosamente apenas e apenas alguns poucos países em África; por essa borda, essa margem latina, só vencemos o Haiti, Honduras e Belize… No geral, temos os piores salários do mundo. No âmbito do MERCOSUL conferimos as piores remunerações aos nossos pauperrimos proletários.
Sairá daí o ajuste das nossas contas públicas? O equilíbrio em nossa contabilidade nacional virá desses deserdados econômicos? Dessa gente e que não completa o segundo dia com seus ordenados lastimáveis e risiveis?
Como dito… Vamos aguardar esse país infame descer, aterrissar sobre esse platô continental e aguardar que as inevitáveis leis da natureza referidas aos processos produtivos façam das suas.
O IOF é necessidade!
*Angelo Cavalcante_ – Economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Itumbiara.
Foto de capa: IA




