Programas – de 20 a 28 de fevereiro

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Por LÉA MARIA AARÃO REIS*

*O programa é bradar Não à anistia de figurões, de figuras e figurinhas. De personagens civis, de militares, de manipuladores e manipulados, de ricos e de pobres, de todos e todas que insistem, ao longo da história deste país, em assumir o poder político à força, por dentro ou por fora da constituição democrática. O momento de encerrar a sucessão de tentativas e de golpes bem sucedidos dessa tétrica novela é agora.

*Para não esquecer e não naturalizar o massacre em Gaza e também na Cisjordânia: cerca de 350 rabinos, artistas e ativistas judeus condenaram o projeto imoral de expulsar em massa os palestinos de Gaza em um anúncio no New York Times. Entre eles, a escritora e jornalista Naomi Klein, o ator Joaquin Phoenix e o dramaturgo Tony Kushner assinaram o protesto contra a limpeza étnica projetada pelo presidente atual dos EUA. O rabino Yosef Berman, do Projeto Nova Sinagoga, em Washington, endossou o manifesto e diz que “o republicano parece acreditar que é Deus, com autoridade para governar, possuir e dominar nosso país. Limpeza étnica em Gaza é moralmente abominável”.

*Continuam as manifestações de rua em defesa da Palestina. Em Marselha, Paris, Mannheim (na Alemanha), Bruxelas, Tóquio, Copenhague, Miami, São Francisco. E o boicote a empresas que vendem produtos exportados por Israel para a França.

*Conhecido livreiro de Jerusalém, preso pelas autoridades israelenses, dias atrás, viu seus livros com imagens da bandeira palestina impressas nas capas jogados no chão, pisoteados e confiscados. Ahmed, o livreiro, e sua mulher, Muna, foram acusados de “violar a ordem pública”. Segundo testemunhas, foram levadas da livraria Educational Bookshop, uma das mais visitadas por diplomatas estrangeiros na Cisjordânia, obras de Banksy, Noam Chomsky, Ilan Pappé e de Afzal Huda. Foram clientes históricos da livraria, entre outros, Mikhail Gorbachev, Tony Blair, Bob Dylan e a atriz Uma Thurman.

*O governo do estado de Israel fechou, esta semana, o Consulado da França em Jerusalém sob pretexto de seus funcionários se intrometerem em assuntos internos do país, em favor da livraria Educational Bookshop.

*É notável o tsunami de filmes brasileiros exibidos no Brasil, nas telonas, nessas semanas anteriores ao carnaval, além das outras 13 produções nacionais recém-apresentadas no Festival Internacional de Cinema de Berlim 2025, a tradicional Berlinale. A sessão de O Último Azul, do pernambucano Gabriel Mascaro, por exemplo, competidor do Urso de Ouro, terminou com aplausos entusiasmados. Mascaro já tinha se apresentado nesse festival em 2019, com Divino Amor, na Mostra Panorama do certame.

*A história de O Último Azul é peculiar: Tereza, com 77 anos, mora em uma cidade na região amazônica e recebe uma convocação compulsória do governo para se transferir e morar em uma colônia onde idosos deverão viver para “desfrutar” de seus últimos anos. Mas antes do exílio forçado, ela embarca em uma jornada pelos rios e afluentes da Amazônia para realizar um último desejo; o que poderá mudar o seu rumo para sempre.

*A Melhor Mãe do Mundo, de Anna Muylaert, acompanha a história de Gal, uma catadora de materiais recicláveis que escapa da violência do marido, coloca os filhos pequenos em sua carroça e atravessa a capital de São Paulo. Estreou na categoria Berlinale Special, categoria não competitiva. O filme está programado nos cinemas brasileiros para agosto.

*Ato Noturno, de Márcio Reolon e Filipe Matzembacher, um suspense erótico, foi selecionado para a Mostra Panorama do Festival de Cinema de Berlim. A Natureza das Coisas Invisíveis, com direção e roteiro de Rafaela Camelo, está na Mostra Generation e aborda conflitos e dilemas da infância.

*O curta-metragem Arame Farpado foi apresentado na Mostra Generation 14plus da Berlinale, é de Gustavo de Carvalho e foi realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo. Com orçamento enxuto, contou com a “dedicação de uma equipe local de cerca de 30 pessoas”, como disse Carvalho em entrevista.

*E tem mais, no programa de acompanhar a onda de filmes brasileiros em cartaz ou recém-saídos das telas grandes, nas últimas semanas, que fazem (ou fizeram) sucesso de bilheteria. As cores e amores de Lore, de Jorge Bodansky, um doc com uma série de encontros entre o diretor e a artista plástica alemã Eleonore Koch, discípula de Volpi. O filme Kasa Branca, de Luciano Vidigal, jovem da comunidade do Vidigal, do Rio de Janeiro, estreante em longa-metragem. Recebeu nada menos que quatro prêmios no Festival do Rio do ano passado e foi aplaudido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo de 2024, no Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul e no Festival Janela do Recife. Luiz Melodia – No Coração do Brasil, dirigido por Alessandra Dorgan, é uma comovedora homenagem ao Poeta do Estácio.

*Milton Bituca Nascimento, dirigido por Flávia Moraes, é um documentário emocionante que acompanha a turnê de despedida de Milton Nascimento, um ícone da música brasileira. Realizado durante os últimos dois anos, o longa registra os shows de Bituca no período, cenas de bastidores e depoimentos de artistas nacionais e estrangeiros. O filme celebra a importância de Milton e reafirma o seu legado como um dos maiores nomes da música global. Estreia hoje, nos cinemas (20/02).

*Hoje também (20/02) estreia Girassol Vermelho, o novo longa-metragem do mineiro Eder Santos e co-dirigido por Thiago Villas Boas. Foi selecionado para abrir a Mostra de Cinema de Tiradentes de 2025, e é inspirado na obra do escritor Murilo Rubião, um dos grandes do realismo mágico. A trama acompanha Romeu (ator Chico Diaz), que ao tentar fugir do passado em busca de liberdade, acaba preso e torturado numa estranha cidade onde fazer perguntas é proibido.

*Vitória, estrelado por Fernanda Montenegro e dirigido por Andrucha Waddington, chega aos cinemas no próximo dia 13 de março. É uma história real e inusitada, relatada no livro Dona Vitória Joana da Paz, do jornalista Fábio Gusmão: uma aposentada decidiu filmar as ações de perigosa quadrilha da janela de seu apartamento, em Copacabana, diante da sensação de insegurança na vizinhança. Durante anos ela precisou contar com o Serviço de Proteção à Testemunha. No dia 29 de abril Vitória estará em cartaz no cinema Arlequin, em Saint Germain des Près, em Paris.

*Acaba de sair o livro da jornalista e pesquisadora Juliana Dal Piva, autora de O Negócio do Jair. Intitulado Crime sem Castigo – Como os Militares Mataram Rubens Paiva, versa sobre o caso do ex-deputado sequestrado e assassinado por militares no Rio de Janeiro, em 1971. No livro, Juliana esmiúça milhares de páginas sobre as investigações feitas desde 1971 sobre o desaparecimento de Rubens Paiva e relata como a ditadura de 64 monitorou de perto cada passo dos interessados em desvendar o caso para garantir que não se chegasse à verdade. Em 2014, o grupo de Justiça de Transição do Ministério Público Federal, no Rio de Janeiro, conseguiu concluir o caso apontando cinco militares pelo assassinato de Rubens Paiva. Pela primeira vez, um juiz instaurou uma ação para punir criminalmente um assassinato cometido naquele período. Leitura importante (Editora Matrix, volume em pré-venda).

*Colocado à venda recentemente, o livro de memórias de Bill Gates, cofundador da Microsoft. Source Code: My Beginnings é o primeiro volume de uma trilogia sobre a vida de Gates desde a infância até os primórdios da Microsoft.

*Mais uma boa notícia cinematográfica. Dia 27 de março teremos nos cinemas brasileiros o filme Quando Chega o Outono, outro thriller de François Ozon, 58 anos, dos mais brilhantes diretores franceses da sua geração. O autor do clássico À Beira da Piscina (Swimming Pool, de 2003) narra um episódio da vida de duas mulheres idosas aposentadas e amigas que acabam se enredando, com suas respectivas famílias, nos segredos ocultos e traumáticos do passado de ambas. Ozon observa, a propósito: “Muitas vezes, os nossos desejos ocultos se realizam sem que tenhamos controle sobre eles”.

*Acaba de estrear o elogiado filme O Brutalista, do diretor Brady Corbet, indicado ao Oscar em dez categorias e com quatro prêmios ganhos no recente British Academy Film Awards (BAFTA) deste ano. Relata a rejeição e a discriminação que muitos judeus sofreram, ao chegarem para trabalhar e recomeçar a vida nos Estados Unidos, fugidos da Segunda Guerra Mundial e do genocídio nos campos de concentração. No elenco, o excelente ator Adrien Brody (inesquecível em O Pianista) faz um brilhante arquiteto que quer reconstruir a carreira e o casamento. Sozinho no novo país, ele vai para a Pensilvânia, onde um rico industrial reconhece o seu talento (papel do ótimo ator Guy Pearce). The Brutalist tem três horas e meia de duração.

*Para os cariocas, o programa é protestar, nas ruas, contra o abate de 130 árvores (logo agora, no auge das ondas de calor) do parque Jardim de Alah, belo projeto de 1930, inspirado no histórico arquiteto francês Alfred Agache, no Leblon, onde um grupo pretende construir mais um shopping! Área tombada e concedida à iniciativa privada pelo governo municipal, em 2023. Agora, a prefeitura se fecha em silêncio.

*Trechos do artigo O endurecimento nacionalista, assinado por Thomas Piketty, no site A Terra É Redonda. Um deles: “… o PIB da China ultrapassou o dos Estados Unidos em 2016. Atualmente, é mais de 30% superior e atingirá o dobro do PIB dos EUA em 2035”.  Outro: “… a Europa deve ouvir as demandas de justiça econômica, fiscal e climática que vêm do Sul. Ela deve retomar os investimentos sociais e ultrapassar definitivamente os Estados Unidos em formação e produtividade, como já fez em saúde e expectativa de vida”. E uma terceira observação: “… esse programa deve ser considerado como o início de um modelo de socialismo democrático e ecológico que deve ser pensado agora em escala mundial.” Piketty é autor de O capital no século XXI (Ed. Intrínseca).

*O carnaval está chegando. Neste sábado, dia 22, às 16 horas, festa do Tralálá, na tradicional Praça do Choro, em Laranjeiras, Rua General Glicério. E sábado de carnaval, dia 01 de março, o grupo Afluente do Céu estará em Santa Teresa, na esquina da Cândido Mendes com Santa Cristina, para a festa que começará às 11 horas.


Publicado originalmente no Fórum 21.

*Léa Maria Aarão Reis é jornalista.

lustração de capa: Marcos Diniz

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Respostas de 2

  1. Quantas informações, com comentários muito apropriados. Abrem o leque da produção cinematográfica que não tinha visto, até então. Obrigada.

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