Opinião
Eleições: O que pensar do Rio Grande do Sul
Eleições: O que pensar do Rio Grande do Sul
De ADELI SELL*
Antes de qualquer coisa, a pressa não ajuda, mas a demora pode derramar o leite.
Da eleição em chão gaúcho devemos extrair várias.
O grande mal
O maior mal que foi feito, novamente, é a não eleição de Olívio Dutra. Seu desempenho foi muito bom. Também não se pode culpar sua campanha. A forma como o Olívio se apresentou foi melhor que na passada, era um homem maduro no auge de sua madurez, seja no gesto do acolhimento das pessoas como nas falas.
A direita viu que algo teria que ser feito. E foi a renúncia da Comandante Nádia não pela miséria de seus votos que agregou, mas pelo sinal de alerta dado: os votos deveriam ir para um representante da direita. E a turma entendeu o gesto: elegeu Morão; deixando Ana Amélia choramingando.
O grande bem
O grande feito deste pleito é ter mandado para casa alguns políticos, como Bibo Nunes e Lasier Martins.
Dois ex-prefeitos não foram eleitos: Marchezan e Fortunati.
E quem saiu do PT se lascou. Não é só o caso de Fortunati, Mauro Pinheiro, atual vereador, fez uma votação pífia para estadual. O Maroni dos Animais, ao sair do PT passou por tantos e tantos partidos que foi mandando para casa também.
O Novo deixou de ser “novo”, encolheu, ficando do tamanho de sua mediocridade.
E o PDT deve ter aprendido que Ciro não é PDT.
Caso a ser analisado
Muitos vereadores/as da capital concorreram. Tiveram imensas votações os da oposição, elegendo vários. Dos que aderiram ao Melo, só um se elegeu. Os outros fizeram votações inexpressivas, alguns tendo dificuldades de reeleição por antecipação.
Algumas destas votações são quase inacreditáveis de tão pequenas.
O fenômeno Edegar
Não se trata de um fenômeno pessoal, mas não deixa de ter o seu grande papel. Foi ele quem se propôs a deixar um mandato de reeleição certo para uma disputa que todos sabiam muito difícil.
Mas o fenômeno de ter quase empatado com o ex-governador é pela correção da aliança costurada com o PSOL de modo especial, com o apoio do PCdoB.
Não fosse o PSB local ter atrapalhado, certamente teríamos um segundo turno com Edegar.
É uma lição para o PT, aprender a renovar, reciclar-se, tomar tento e ousar mais e mais.
Palmas para o PSOL
Temos que aplaudir o PSOL pela grandeza de ter vindo para a aliança, abrindo mão de sua candidatura majoritária.
E ainda assim garantiu a reeleição merecida de Fernanda Melchiona a deputada federal, com dois deputados estaduais e uma suplente (quase entrando).
Palmas para o PCdoB também
As pessoas quase não tem falado na Manuela, pois esperavam que ela concorresse a algum cargo. Sua opção e engajamento ficaram evidentes, ajudou. Elegeu a sua deputada estadual e federal, as quais abraçou a abriu voto.
Política não se faz apenas concorrendo a cargos eletivos.
O PT em Porto Alegre
Ainda é cedo para analisar nosso desemprenho na capital, mas a eleição de dois vereadores para a Assembleia, Radde e Laura, a eleição de Rossetto e a reeleição de Sofia mostram o peso da sigla em retomada de forças, como de toda a esquerda, com os eleitos do PSOL e do PCdoB.
Titubeios e lições
O PT enquanto direção e os dirigentes de campanhas proporcionais ainda não aprenderam como usar a força dos velhos militantes. Ou estes se agregam a alguma campanha proporcional ou ficam fora do dia a dia. Não são chamados a opinar, a ajudar na organização.
No entanto, nesta eleição foi visível o engajamento do militante tradicional do PT, aquele que vai para a rua, aquele que escuta, aquele que fala com as pessoas, aquele que sabe que voto se conquista um a um. Lições a aprender!
Quem imaginava?
Poucos devem ter assegurado com alguma convicção que Ônix ponteasse o pleito.
Não adianta culpar os Institutos de Pesquisa.
O eleitor não falava, não se expressava, o eleitor se escondeu e deve ter mentido também.
Mas eleitor pode mudar de opinião, mesmo dizendo que não vai mudar.
Foi o caso do voto em Mourão. Foi a onda para não ficar sem a vaga.
No Rio Grande do Sul o povo quer “mudanças”, mesmo que seja para pior.
E o pior aconteceu: Ônix está no segundo turno, na frente de Leite.
Por que derrotar Ônix
Como vamos derrotar Bolsonaro, aqui temos que derrotar Ônix: Qualquer pessoa sensata, que não seja sectária, não pode pensar em anular seu voto.
Nada pode ser pior para o Rio Grande do Sul que deixar esta pessoa entrar no Palácio Piratini.
Ciro não é o PDT
Mesmo com os erros do PDT não podemos confundir o malfeitor Ciro com o trabalhismo. O PDT – meio esgualepado por causa do Ciro – tem que ser valorizado pelo PT.
Imediatamente em nível nacional como local o PDT deve ser buscado antes da próxima fala do Ciro.
Como votar?
Ora, num momento em que enfrentamos a representação do Mal, do fascismo, temos que optar.
Anular o voto seria um erro. Já vimos o que aconteceu na década de 30 na Alemanha.
Leite é privatista? Sim. Leite é avesso ao servidor? É, sim.
Já sabemos tudo do Leite.
Não devemos, em princípio, procurar algum acordo com ele em termos de um governo.
Vamos propor o que deveria ser feito nos próximos quatro anos.
E, sem mais nem menos, vamos votar no Eduardo.
*Escritor, professor e bacharel em Direito.
Imagem divulgação na internet.
As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.
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