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Ainda estou aqui: meu nome é Democracia
Ainda estou aqui: meu nome é Democracia
Por Diretoria ADUFRGS-Sindical*
Meu nome é Democracia, meu idioma de nascença é o grego, mas agora falo na mais popular língua portuguesa do povo: “punir para não esquecer e não repetir. Anistia nunca mais”
Meu nome é Democracia e quero saber até quando? Até quando? As interrogações se multiplicam no meu juízo. Quem? Quem mandou me matar? Quem mandou matar o presidente Lula após as eleições de 2022? Quem são os envolvidos no plano para executar o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes?
Quem orquestrou o planejamento de um golpe de Estado para impedir a posse do presidente?
Meu nome é Democracia e isso diz muito a meu respeito em nossa jovem República. Não admito atentados, como no episódio do 8 de janeiro.
Meu nome é Democracia e na versão brasileira ainda sou uma guriazinha, mas madura o suficiente para não tolerar o desejo de desejarem o meu fim.
Citando a Boa política do ex-ministro da Educação, filósofo e professor Renato Janine Ribeiro, repito: democracia é quando as escolhas são feitas pela maior parte da população, onde há liberdade de opinião, de organização, de oposição, de voto e onde há a garantia da palavra liberdade. Numa República o bem comum está na frente das vontades particulares.
Ao contrário disso, um dos primeiros gestos maléficos de uma ditadura militar é justamente a censura como forma de controle da informação, restringindo a liberdade de expressão e impedindo a divulgação de opiniões contrárias ao governo. Isso resulta em um ambiente de repressão e medo, onde a população tem receio de se manifestar e a imprensa é forçada a seguir uma linha editorial favorável ao regime.
Desgraçadamente os impactos de uma ditadura resultam no cerceamento da liberdade educacional, tolhendo a liberdade de cátedra nas universidades, a liberdade artística e cultural, limitando a produção de obras críticas ao governo e incentivando a autopromoção do regime.
Meu nome é Democracia e lembro que entre um golpe e outro sofri com os impactos da ditadura nos direitos trabalhistas e sociais no Brasil. O declínio dos direitos sociais e o avanço do poder político e econômico das classes dominantes.
Não lembrar, e não punir, pelo golpe e pela ditadura é, mais uma vez, abaixar a cabeça para os orquestradores e seus cúmplices.
Por isso, a data de 8 de janeiro marca o direito à memória, verdade e justiça. Reparação não se negocia.
Meu nome é Democracia e não posso ser construída, ou garantida, por meio da impunidade. Isso compreende punir aqueles que tentam me destruir.
Portanto, para que eu sobreviva, é preciso não apenas de boas estruturas e bons arranjos institucionais, mas também de agentes corajosos. Como os professores federais têm sido e se mostrado, bravamente, ao longo da história de nosso país.
Os atos do 8 de janeiro não se limitaram ao vandalismo, e, sim, foram atos de atentado à democracia instados por agentes políticos. Destaco aqui a importância da distribuição de renda e da educação para fortalecer as bases democráticas. O Estado deve primariamente servir a propósitos cívicos, não meramente econômicos. Quando essa prioridade se perde, as pessoas passam a perseguir interesses individuais em detrimento dos interesses públicos e republicanos.
As forças da democracia conseguiram resistir, mas o ovo da serpente das forças contra a democracia ainda está sendo gestado em nosso continente. Infelizmente há a popularidade em ascensão de políticos como um prefeito reeleito de uma capital do Sul do Brasil que em seu discurso de posse teve a pachorra de defender a ditadura como um direito de liberdade de expressão.
Não é aceitável a proposta de conciliação. Pois ao anistiar a infantaria golpista do 8 de janeiro, por extensão vamos livrar o estado-maior do golpe, cujos fios soltos a Polícia Federal vem puxando. A anistia não pode ser aceita.
Um presidente disse ao me defender: “Todos aqueles que financiaram, planejaram e executaram a tentativa de golpe devem ser exemplarmente punidos. Não há perdão para quem atenta contra a democracia, contra seu país e contra seu próprio povo. O perdão soaria como impunidade e impunidade como salvo-conduto para novos atos terroristas no nosso país.”
Quero lembrar também que a premiação da Fernanda Torres ao vencer o Globo de Ouro serve para que a juventude do Brasil não permita que o filme de horror dos anos de chumbo nunca mais seja reprisado na história de nosso país.
A atriz destacou a arte como símbolo de pertencimento nacional e a importância de investimento para a cultura. “Investir na própria cultura é importante para a identidade nacional, para o sentimento de pertencimento que isso cria no país.
Meu nome é Democracia: eu vim para ficar.
*Diretoria da ADFURGS Sindical – Sindicato Intermunicipal dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior do RS
Foto de capa: Antonioni Cassara/Mídia Ninja
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