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É só um PIX…
É só um PIX…
Por GUSTAVO AROSSI *
Há mais de um ano facilitaram nossas vidas com o chamado PIX. A vida dos brasileiros está muito melhor no que diz respeito a transferências diretas, instantâneas de dinheiro. Segundo dados, por dia são milhões de transações. O Pix até virou – “não há o que não haja” – em “emendas parlamentares PIX”. Atentem que nada passa despercebido do astuto e rápido Congresso Nacional. Deixando de lado a questão tecnológica e facilitadora da forma como nos relacionamos com nossos proventos e ou recursos financeiros, não posso deixar de mencionar o que hoje veio à lume sobre a chamada “Operação Capa Dura”, na prefeitura de Porto Alegre. Trata especificamente de esquemas de corrupção dentro de uma das mais importantes secretarias de qualquer município: Secretaria de Educação. Há quem ainda ouse dizer que o futuro é a educação!
Deitados os fatos, cumpre ainda destacarmos: a dita investigação já prendeu secretários municipais; afastou por força da lei pessoas ligadas umbilicalmente ao governo Melo. Hoje, pasmem, soubemos que a Polícia Civil do Rio Grande do Sul escancarou que mais de meio milhão de reais cruzaram por “Pix” e saques em espécie – moeda sonante – entre contas bancárias de pessoas consideradas peças-chave dentro do governo reeleito. Ainda e em tempo: não bastasse apenas que R$ 43,2 milhões teriam sido desviados (dados da Polícia Federal); nomes de pessoas com trânsito mais do que livre dentro das colunas da prefeitura foram citados. Com a quebra de sigilo bancário, soubemos que o vereador e filho do prefeito movimentou – transferiu – R$ 391 mil numa plataforma virtual de apostas e posteriormente resgatou R$ 287 mil, da mesma entidade de jogatina. Apenas para informação: o salário líquido de um vereador em Porto Alegre é de R$ 13,3 mil reais.
Para algum desavisado e ou para o último crente na história da Velhinha de Taubaté, os fatos não são nada bons! É fato que a corrupção chegou no limite. Aliás, não deve existir linha limítrofe quando se trata da corrupção! Até porque desviar dinheiro da educação não é apenas um crime. É um crime lesa-pátria e sem chances de qualquer tipo de tergiversação. É necessária coragem, caro prefeito reeleito de, no mínimo apoiar impreterivelmente e tomar como finalidade primordial as investigações na SMED da capital dos gaúchos. Não fica e não é de bom tom deixar no ar apenas a ideia de que “as investigações devem ser realizadas”. Coragem e vergonha na cara para sim – se necessário – entregar o cordeiro para que seja imolado! O povo de Porto Alegre não merece assistir a tudo o que está acontecendo sem uma resposta à altura. A democracia também não tem tempo para tal. Tome tenência, prezado prefeito Melo! Afinal de contas, sua reeleição contou com mais de 60% de participação popular e para a festa da democracia que hoje está rengueando. Por derradeiro, lembro de uma máxima latina que vem a calhar neste momento triste da história de Porto Alegre: “pecunia non ollet”.
*Gustavo Arossi é professor de Filosofia e Secretário de Educação em Anta Gorda/RS.
Foto de capa: Marcello Casal JrAgência Bras
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