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A performance do PT, sem lentes cor-de-rosa

A performance do PT, sem lentes cor-de-rosa

Politica por RED
08/10/2024 11:05 • Atualizado em 08/10/2024 11:06
A performance do PT, sem lentes cor-de-rosa

Por RUDOLFO LAGO* do Correio da Manhã Brasília

Há uma charge antológica desenhada por Chico Caruso que mostrava o ex-presidente Fernando Collor abrindo um largo sorriso enquanto enxergava o mundo por trás de um óculos de lentes cor-de-rosa às vésperas do seu impeachment. Freud tem diversas explicações para os gatilhos do ser humano para escapar da realidade. Do ponto de vista prático, porém, esses gatilhos não costumam ajudar muito. Um dia depois do resultado do primeiro turno, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), comemorou o desempenho do seu partido, apontando o “vigor” da performance porque a legenda elegeu 66 prefeitos a mais este ano do que em 2020. Bom para o PT se for só discurso para fora e as avaliações reais sejam feitas.

Comparações

Em 2020, o PT estava fora do poder, na metade do governo Jair Bolsonaro. O PT deveria na verdade comparar sua performance agora com a de outros momentos em que esteve no poder. Nesse caso, o partido do presidente Lula não teria muito a comemorar.

2004

Em 2004, dois anos depois, portanto, da posse de Luiz Inácio Lula da Silva em seu primeiro governo, o PT elegeu 411 prefeitos. Passava a governar nada menos que 11 capitais. Esse número foi subindo nos governos seguintes do partido no poder, com Lula e Dilma Rousseff.

Em 2016, o PT despenca. Mas ainda elege mais que agora

Nem o escândalo do Mensalão abalou as performances. Em 2008, dois anos depois do início do segundo mandato de Lula, foram 547 cidades administradas por petistas. Em 2012, dois anos de governo Dilma Rousseff, o recorde absoluta: o PT comandava 624 cidades. Em outubro de 2016, o país já vivia as vésperas do processo de impeachment de Dilma Rousseff. E o PT sentiu isso forte no pleito. O desempenho petista caiu a mais da metade. Mesmo assim, o PT elegeria mais prefeitos no primeiro turno do que agora: 266. Então, em 2020 teve a sua pior performance após seu período no poder, elegendo 188 prefeitos, nenhuma capital.

Nono

O PT teve somente a nona performance entre os partidos no primeiro turno. O PL teve a quinta, 512 prefeitos, 168 a mais do que quando estava no poder, na metade do governo Bolsonaro. O alento para Lula é que na frente estão partidos que são seus aliados, mas ao centro.

Centro

Antes do PL, os partidos que mais elegeram prefeitos são o PSD, o MDB, o PP e o União Brasil. Todos estão no governo, têm ministérios. Mas têm também um pé na oposição. Assim, se Lula quiser manter suas pretensões em 2026, terá de fazer acenos ao centro.

BH

O segundo turno em Belo Horizonte pode ser o primeiro aceno prático ao centro. Há quem avalie que a ascensão do prefeito Fuad Noman (PSD), que passou para o segundo turno contra Bruno Engler (PL), já foi voto útil retirado do senador Rogério Correia (PT).

PSB

E terá que fazer acenos mesmo aos seus aliados de esquerda. O PSB do vice-presidente Geraldo Alckmin elegeu 312 prefeitos, 59 a mais que em 2020. E 64 prefeitos a mais do que o PT, incluindo João Campos, no Recife, um dos grandes fenômenos eleitorais deste ano.

 

*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congresso em Foco e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade

Artigo originalmente publicado no Correio da Manhã / Brasília

Foto da capa: PT/Divulgação

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