De SOLON SALDANHA*

Nas eleições municipais deste domingo 751.076 eleitores compareceram às urnas, em Porto Alegre. Deste total, 694.685 (92,49%) escolheram um dos oito candidatos e candidatas que disputavam a majoritária, enquanto 25.012 (3,33%) optaram por anular seus votos – indicando não querer nenhum dos postulantes – e 31.379 (4,18%) votaram em branco – o que significa que para eles quaisquer serviriam, uma espécie de voto conformista. Na frente em termos de preferência ficou Sebastião Melo, do MDB, que recebeu 345.420 votos (49,72%). Seguiram-se, na ordem: Maria do Rosário, do PT, com um total de 182.553 (26,28%); Juliana Brizola, do PDT, com 136.783 (19,69%); Felipe Camozzato, do Novo, com 26.603 (3,83%); Luciano do MLB, candidato pela UP, com 1.476 (0,21%); Fabiana Sanguiné, do PSTU, com 1.163 (0,17%), Carlos Alan, do PRTB, com 483 (0,07%); e Cesar Pontes, do PCO, com 204 (0,03%).

Os dois primeiros colocados, Sebastião Melo e Maria do Rosário, terão agora que disputar o segundo turno, que ocorre em 27 de outubro. O primeiro buscará confirmar o favoritismo que agora ostenta, enquanto ela tentará convencer eleitores de outras siglas, assim como aqueles que por algum motivo não compareceram ou se abstiveram, de que a apoiem na luta por uma reversão que seria histórica.

Em termos de vereança, a composição da Câmara para o próximo ano trouxe uma renovação de exatos 40%. Das 35 cadeiras existentes, 21 ficarão com ocupantes da atual legislatura, enquanto 14 nomes são de “marinheiros de primeira viagem”. Em termos de bancadas, as duas maiores ficarão com partidos de esquerda: PSOL e PT elegeram cinco vereadores cada um. Na sequência aparece o PL, da extrema-direita, com quatro. PSDB, Progressistas, MDB e Republicanos conquistaram três cada um. Com duas teremos o PCdoB, Podemos e Novo. E com apenas uma ficaram PDT, Cidadania e PSD.

Nominalmente, teremos Jesse Sangali (PL), Karen Santos (PSOL), Comandante Nádia (PL), Ramiro Rosário (Novo), Grazi Oliveira (PSOL), Giovane Byl (Podemos), Pedro Ruas (PSOL), Roberto Robaina (PSOL), Moises Barboza Maluco do Bem (PSDB), Jonas Reis (PT). Gilvani o Gringo (Republicanos), Marcelo Bernardi (PSDB), Tiago Albrecht (Novo), Alexandre Bublitz (PT), Gilson Padeiro (PSDB), Fernanda Barth (PL), José Freitas (Republicanos), Marcos Felipi (Cidadania), Mariana Lescano (Progressistas), Claudia Araújo (PSD), Marcio Bins Ely (PDT), Psicóloga Tanise Sabino (MDB), Juliana de Souza (PT), Rafael Fleck (MDB), Vera Armando (Progressistas), Mauro Pinheiro (Progressistas), Erick Dênil (PCdoB), Professor Vitorino (MDB), Giovani Culau e Coletivo (PCdoB), Adacir Oliboni (PT), Natasha (PT), Carlos Carotenuto (Republicanos), Atena Roveda (PSOL), Hamilton Sossmeier (Podemos) e Coronel Ustra (PL).

A listagem acima está em ordem decrescente da votação recebida. O primeiro conseguiu sua vaga com 22.966 votos enquanto o último teve 2.699, sendo ambos curiosamente do mesmo partido. Ou seja, os votos do líder auxiliaram e muito na obtenção da vaga pelo “lanterna”. Aliás, não é coincidência esse último ter o mesmo sobrenome de Carlos Alberto Brilhante Ustra, torturador durante a ditadura militar: são primos. O vereador trabalhou para o governo Bolsonaro e integra o Exército. Outro detalhe sobre a lista é que estão em negrito os nomes dos novatos, permitindo que se note que a maioria dos mais votados foram os reeleitos, pois entre os dez primeiros, apenas um é estreante.

Serão suplentes Cassiá Carpes (Cidadania), Idenir Cecchim (MDB), Julia Zardo (Novo), Abigail Pereira (PDdoB), Professor Enio Kaufmann (PDT), Alexandre Bobadra (PL), Barbara Pena (Podemos), Mônica Leal (PP), Matheus Xavier (PSDB), Bruno Ortiz (PSD), Paulo Brack (PSOL), Jane Pilar (PT) e Professor Tovi (Republicanos).

Fernanda Barth, agora no PL, já esteve antes no PP, Novo, PRTB e PSC, o que a qualifica como a campeã se não de votos, pelo menos de legendas. Ela ganha por uma de Mauro Pinheiro, que já foi do PT, Rede e PL antes do atual PP. E poderemos dizer que se terá uma bancada informal da comunidade LGBTQIA+, uma vez que foram eleitos Giovani Culau, único a se declarar abertamente gay; a travesti Natasha; e Atena Roveda, que foi a primeira mulher transexual a tomar posse na Câmara Municipal de Porto Alegre, em 2022, durante licença do vereador Márcio Bins Ely.

Imagem: Divulgação

*Jornalista e blogueiro.

Texto publicado originalmente no Blog Virtualidades.

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